Que lástima voltar ao mundo virtual após o período da Quaresma e encontrar essa lama no meio tradicional, ou melhor, no meio "neo-tradicional" que se involve com o tradicional.
Pois a Montfort, já há muito tempo, não age como tradicional. Afinal, até onde sei, defender um padre bi-ritualista contra LEGÍTIMOS padres tradicionais (ainda mais com calúnias e picuinhas), não pode ser considerado, mesmo remotamente, como Catolicismo Tradicional.
Suas matérias fantasiosas, e de certo modo até tendenciosas sobre o "grande" Papa Bento XVI, há muito já andavam dando agonia, enjôo e pena, afinal, só retiravam frases isoladas para dar ao liberal Papa um ar de tradicional, bem equivalente aos protestantes e seus recortes bíblicos. Insanidade! E, portanto, longe de poder ser considerado Catolicismo Tradicional.
Talvez isso tenha se dado até pela avançada idade de seu presidente, pelo longo tempo de luta e/ou pela vontade de morrer unido a Igreja que "voltava" a lutar contra o modernismo, etc... Mas seja lá qual for o motivo, fazia anos que já não dava para dar crédito as notícias da Montfort e do "mundo de Alice no país das maravilhas"...
Por que não víamos notícias do "tradicional" Papa quando o assunto era seus heretizantes livros, entrevistas, pronunciamentos, encíclicas???
(Aliás, arrumavam um malabarismo digno dos maiores modernistas para justifcarem a "grandeza" do teólogo e bispo de Roma em suas estapafúrdias encíclicas)
E o famoso e escandaloso pronunciamento do Papa em relação á "camisinha", o que dizer???
Aonde foram parar suas ditas formações Tomistas nesses momentos???
Por que não víamos, isso já mais recente, um ataque digno ao anunciado 3* Encontro de Assis ou na beatificação do Vaticano II, ups, quero dizer, do terrível Papa João Paulo II???
Por que a omissão do forçado e melado 'jardão' "Viva o Papa" da Montfort nesses momentos???
A patente PAPOLATRIA do finado professor passou a saltar aos olhos!
Em relação ao tratamento dispensado á FSSPX pela Montfort, sempre preferi dar o benefício da dúvida ou até mesmo o benefício de considerar que o problema do Professor e da ACM pudesse ser a ignorância, ou mesmo o orgulho de suas partes em relação á FSSPX, afinal, todos temos o "velho homem" para lutar contra e, no caso deles, o "velho homem" poderia ser o orgulho em pessoa, pensava eu.
Sempre respeitei a pessoa do professor pelo que aprendi com seu site, respeitei e até fiz amigos dentre os "amigos da montfort" no meio de redes sociais e messenger; mas nunca omiti minha posição de apoio á JAMAIS excomungada FSSPX.
Mas chega um ponto em que você se vê não só como tendo que abandonar as leituras do site e abster de tecer comentários sobre eles, mas também de se DEFENDER contra seus FALSOS ataques. Padre Joel Danjou expôs brilhantemente o quão ilusório e risório se fazia os ataques provenientes do "mundo de Alice"; inclusive a tal prometida tréplica ao supracitado padre acabou indo para o caixão com o professor e divulgador desse "mundo de maravilhas" vivido na Igreja "restauradora", liderada pelo "grande restaurador" chamado Bento XVI.
Se o finado professor, juntamente com sua associação, pensassem ser mesmo possível sobreviver no meio modernista sendo um exímio tradicional, por que ele(s) JAMAIS recomendaram "um seminário sequer" aos seus alunos e/ou leitores???
(salvo quando eles, por poucos ilusórios meses, pensavam possuir um Seminário chamado IBP, é claro)
Como viveremos uma vida de católico se, segundo a Montfort e seu próprio presidente, já não se pode produzir padres nos seminários do mundo???
Passaríamos a nos confessar com professores de história???
O orgulho mostrado pelo Professor Fedeli e vários de seus seguidores, para mim, ao fim, ficou concretizado em todos esses casos. Inclusive nas festivas comemorações do levantamento da dita "excomunhão" da FSSPX; afinal, que final mais feliz e triunfante não seria para "Alice e seu mundo" poder estar novamente ao lado da FSSPX sem ter que se retratar de suas falsas acusações, e ainda por cima recebendo-a como um filho pródigo que a casa retorna???
Seria um desfecho perfeito para para um professor e uma associação que já não viviam de acordo com a REALIDADE, e sim no fictício mundo das maravilhas.
Mas caberia perguntar á eles, como a FSSPX poderia "retornar" como filho prodigo se eles NUNCA deixaram tal casa??? Quem se afastou da Doutrina Católica???
Oh, não se pode dizer que foi Roma, pois isso cheirará a sedevacantismo. Igual o daquele bispo Inglês "negador do Holocausto".
Pouco tempo depois de insinuações maldosas e falsas ao Bispo Inglês, surgiram sedevacantistas no próprio seio da Montfort... Castigo de Deus?
Mas obviamente eles tentaram se excusar de qualquer influência ou responsabilidade para tal debandada, e a válvula de escape, dessa vez (ou mais uma vez), foi Dom Lourenço. Culparam-o por fazer tal rapaz largar o grupo da Montfort para ingressar no beco sem saída, leia-se sedevacantismo.
É aí que reside o cerne da questão, as posições da Montfort em relação ao "imaginário cisma" são tão falsas quanto a dos modernistas de todos os naipes, se não for pior, pois pelo menos de todos esses outros naipes já seria de se esperar tal tratamento. Já daqueles que dizem lutar contra o Concílio Vaiprocano II e a Missa Nova...
Outra infundada e baixa acusação é imputar que a Fraternidade prega que "fora dela não há salvação".
E os apaziguadores de plantão ainda querem ditar quando, como e aonde deveremos rebater tais acusações? Ainda nos acusam de procurar intrigas? Façam-me o favor!
Não tentem, também, dizer-me que o inteligente, articulado e jocoso professor nunca esteve a par de assuntos relacionados ao "estado de necessidade", "ecclesia suplet" ou algo parecido, por que isso seria apenas mais um conto de Alice. Não consigo engolir que os tribunais de anulação possa ser o real motivo para tanto horror á FSSPX quando, na verdade, nem Roma se pronunciou quanto a isso. Além do mais, inúmeras e lógicas indicações confirmam a legitimidade de tais tribunais, a melhor e mais detalhada explanação em Português que eu conheço pode ser encontrada aqui.
Rezo para que tais "maravilhas" do mundo da Montfort não impeçam os genuínos católicos de avançarem em suas vidas espirituais, de impedirem de seguir suas vocações, pois a realidade costuma ser cruel com aqueles que vivem na ilusão.
Rezemos, também, pela alma do professor e pela cegueira daqueles que pensam que quatro Bispos Tradicionais são (ou estiveram) excomungados em tempos que, para Roma,
protestantantes são "irmãos separados", cismáticos são "verdadeiros Patriarcas", pérfidos Judeus são "irmãos mais velhos", muçulmanos adoram o mesmo "deus", budistas e hindus podem ter celebração em nossos altares, etc...
Que tais cegos passem a perceber que ser considerado "cismático, rebelde, desobediente, etc.", por esse bando de traidores da Fé Católica, deveria ser tido como um privilégio digno de condecoração!
Que as palavras de São Paulo, tão ricamente seguidas pelo grande Arcebispo Lefebvre, "Tradidi quod et accepi" [1 Corinthians 15:3], possa ser seguida por todos os quatro Bispos cansagrados por ele e Dom Castro Meyer, pois se assim for, nunca nos depararemos com professores de história do outro lado do confessionário tentando se passar por padre!!!
__________
Ps: Faço as palavras do Márcio, do belíssimo blog In Tribulatione Patiencia, as minhas palavras.
25/04/2011
23/04/2011
Muita retórica, nenhuma lógica
No último artigo de seu site, neste dia 17 de Abril, a Montfort se gabava de que não havia nenhuma resposta séria a seus artigos. Não observaram eles que os seus próprios artigos não eram coisa séria. Não passaram de meros ataques gratuitos contra a FSSPX. Na realidade, estes ataques ridículos poderiam até ser ignorados, se não fosse pela malícia com que a Montfort manipulou toda a situação. De qualquer forma, não daremos a eles nem a alegria de não serem refutados. Comecemos, portanto, com este artigo, a desfazer a confusão que eles tentaram fazer contra o bom nome da FSSPX.
Em sua insensata e injusta campanha contra a FSSPX, a Montfort abandonou toda a realidade. Logo a Montfort, cujo presidente tanto criticou, com razão, o romantismo, agora publica um artigo que se poderia chamar “onírico”, um verdadeiro mundo de faz de conta (http://www.montfort.org.br/index.php/blog/noticias-comentarios-analises/ainda-nao-classificado/e-o-padre-se-foi/). Na tentativa de atacar a FSSPX, pintaram um quadro não segundo a realidade, mas segundo sua fértil imaginação. Olharam para um pássaro e pintaram um boi.
O título do artigo já demonstra a sua alienação: “E o padre se foi…”. Certamente, o padre em questão se foi da arquidiocese do Rio de Janeiro, onde não conseguiu exercer um trabalho proveitoso por estar cercado pelo clero moderno. Mas, segundo se insinuou no infeliz artigo, o padre “se foi” para muito mais longe, para fora da Igreja.
Não! O padre não abandonou a Igreja Católica, fora da qual não há salvação! O padre foi obrigado a sair da arquidiocese porque julgou que não conseguiria exercer com fruto seu trabalho lá. Buscou outro lugar, dentro da Igreja Católica, onde seu trabalho poderia realmente render frutos para salvação das almas. E se o fez, tem idade e experiência suficientes para saber o que faz, e não precisa que ninguém dê opiniões sobre o seu apostolado e sobre como conduzir seu destino espiritual.
Então, se o padre não abandonou a Igreja, por que afirmar o contrário? É que o padre escolheu a FSSPX como o melhor lugar, dentro da Igreja Católica, para exercer seu ministério. E então? Então que a Monftort, que publicou o artigo, teve seu orgulho gravemente ferido pela FSSPX, quando esta não se rebaixou ao “julgamento” pronunciado pelo presidente da dita associação, o falecido Prof. Orlando Fedeli. De fato, o professor havia declarado, sem ter nenhuma autoridade para isto, que a FSSPX havia caído em cisma por conta de seus tribunais para julgamento de nulidades matrimoniais. Roma não se manifestou na questão, mas o leigo professor assumiu sozinho a função que cabe a Igreja e decretou o “cisma” da FSSPX. A dita associação Montfort, mantém até hoje o “veredicto” de seu fundador. Contra todas as provas em contrário.
O mais notável é que a Montfort concordava em quase todos os pontos com a FSSPX: sobre o Concílio Vaticano II, sobre a missa nova, sobre a crise na Igreja, etc. Tinha tudo para apoiar o bom combate da Tradição contra os inimigos modernistas que querem destruir o que podem na Igreja Católica. Só se afastaram dela e, pior, a combateram, baseados no juízo temerário, abusivo e precipitado sobre os tribunais. Mesmo depois que o padre Joël Danjou provou por “a + b” (http://www.fsspx.com.br/exe2/?p=574) que o professor estava errado, o orgulho ferido não permitiu que a dita associação retomasse o bom combate ao lado da FSSPX, e não contra ela.
Chegamos a uma conclusão interessante: se a Montfort concordava com a FSSPX em todos estes pontos cruciais, discordando apenas dos tribunais, a única razão para não se considerarem também “fora da Igreja”, seria atribuir o “cisma” da FSSPX exclusivamente aos tribunais. Questão sobre a qual a Igreja nunca se manifestou. Logo, esta confusão toda estaria montada sobre o “julgamento” de um leigo, o Prof. Orlando. Que importa que até o Cardeal Castrillón Hoyos tenha dito que a FSSPX não é cismática? Para a Montfort vale mais a palavra de seu leigo fundador do que qualquer outra coisa no mundo.
Por conta deste orgulho ferido, a Montfort leva seu combate contra a FSSPX até hoje. E como não tinham argumentos contra a FSSPX, recorreram à linguagem poética. E, na sua retórica, a imagem que tentaram associar à FSSPX foi a de um castelo.
A metáfora escolhida foi de uma infelicidade sem medidas. Ainda mais que o artigo foi ilustrado com a montagem de uma foto mostrando um castelo nas nuvens. Faltando-lhes palavras inteligentes, foi a este recurso que a Montfort apelou. Comparou a FSSPX a um castelo nas nuvens. Um castelo que, segundo “parece” ao autor do artigo, considerar-se-is até livre de pecado original. De onde ele tirou motivos para fazer esta acusação, o autor não se dá ao trabalho de mencionar.
Ora, a FSSPX, como toda boa instituição católica, está onde estão os fiéis que buscam a salvação de suas almas. E está de portas abertas. O padre que entrou para a FSSPX não estará isolado em um castelo flutuando nas nuvens. Estará atendendo os fiéis, almas que buscam um oásis no deserto pós-conciliar. Almas que já estavam caídas, abatidas por tantos absurdos, profanações, traições na era pós-conciliar. Pessoas que não conheciam a grandeza da Igreja Católica. Que nunca haviam ouvido a doutrina católica, mas tão somente discursos marxistas ou gritaria da RC”C” ou outras coisas do gênero. Que não recebiam os sacramentos com o decoro que merecem. Que não conheciam a maravilha sublime da Missa Tridentina. Ou, se a conheciam, não podiam assisti-la porque o “senhor bispo” da diocese, em total “coerência” com a “tolerância” pregada pelo idolatrado super-concílio do Vaticano II, não permitia que o padre a celebrasse para o grupo de pessoas que tanto a desejavam.
O padre não estará trancado num castelo nas nuvens, como falsa e maliciosamente sugeriu o artigo da Montfort. Estará trabalhando para salvar as almas no seu priorado, de portas abertas como a Igreja Católica sempre esteve. E não estará somente no seu priorado, mas viajará para atender pessoas distantes, que de outra maneira não receberiam a visita de um sacerdote legitimamente católico. Ou será que a Montfort não sabe que a FSSPX faz missões para atender os fiéis distantes dos priorados? É claro que sabem. Então porque se atreveu a publicar um artigo tão mentiroso, insinuando que o padre, ao entrar para a FSSPX, teria se trancando em um castelo nas nuvens? O ódio cega. É a única explicação que podemos encontrar.
É evidente que o padre continua a serviço da Igreja Católica, de portas abertas para os fiéis. A única diferença é que ele não terá de suportar a dura perseguição do clero modernista. Não perderá tempo precioso discutindo inutilmente com quem não quer enxergar a verdade. Vai, pelo contrário, poder se dedicar inteiramente à glória de Deus e à salvação das almas.
Será que a Montfort sabe tudo o que o padre estava sendo obrigado a suportar na arquidiocese? Falar, como o ridículo artigo, que o padre largou a carga-pesada, ou que não quis carregar sua cruz, é fácil. A ridícula acusação da Montfort nos faz lembrar do que Nosso Senhor falou sobre os fariseus: “atam fardos pesados e esmagadores e com eles sobrecarregam os ombros dos homens, mas não querem movê-los sequer com o dedo” (Mt 23,4). Será que a criatura da Montfort que confortavelmente publicava na internet o artigo condenando a atitude do padre conhecia o que se passava com ele? Será que suportaria o que ele suportou? Como é fácil falar…
Com certeza a Montfort conhecia o passado do padre, porque ele esteve no IBP, e teve a oportunidade de lhes contar tudo o que sofrera desde o seminário. Que importa isto para a Montfort? Importa que o padre escolheu a FSSPX, a mesma que não abaixou a cabeça para o autoritarismo da Montfort. Para eles já basta isto: o padre deve ser apedrejado e criticado publicamente! Sua atitude não deve ser seguida, este é o decreto da Montfort, para que todos o saibam! E se discordar deste parecer, esteja fora da Igreja! Mesmo que a autoridade da Igreja não tenha dito isto jamais. Entenderam agora a “lógica” da Montfort?
Se não existisse a FSSPX, talvez poderíamos dizer que o padre tivesse de fazer um esforço heróico para se manter na arquidiocese. Mas a FSSPX existe, assim como existem outros padres que celebram a Missa de Sempre no Rio de Janeiro, de forma que a cidade não ficou desamparada. Ah! Mas um dos padres do Rio de Janeiro é exatamente Dom Lourenço Fleichman, outro “desobediente” que não se curva diante de leigos intrometidos. Melhor mesmo, para a Montfort, não aprofundar muito o assunto. Melhor deixar mesmo em silêncio o fato, como se o Rio de Janeiro estivesse totalmente desamparado de Missas Tridentinas.
Os fiéis podem recorrer a estes padres. E muitos outros recorreriam, se não fossem as difamações que são feitas contra a FSSPX e os que pensam como ela e não se curvam diante dos prelados modernistas. São estas difamações, para as quais a Montfort agora contribui largamente, é que deixam alguns fiéis assustados e confusos e os afastam daquela fraternidade que poderia lhes dar tudo o que procuram e não encontram nas suas paróquias. Atitudes como a da Montfort somente atrapalham o bom combate da Tradição e mantêm as pessoas na dúvida e na confusão.
O ridículo artigo continua sua tarefa de desinformação. Insiste na metáfora do castelo: “Pois bem, no Castelo se encontra o Padre.” E acrescenta, com cinismo: “Um padre privado.” Como assim um padre “privado”? No priorado para onde ele for o padre não atenderá os fiéis da mesmíssima maneira que atenderia em qualquer paróquia? Então, que estória é esta de “padre privado”? Privado, mas de senso de ridículo, é sim o autor do artigo cheio de retórica.
Não satisfeito com toda a meleca que já fez até aqui, o autor do infeliz artigo lança alguns slogans. O preferido deles é “Viva o papa!”. Como se os pentecostais também não fossem capazes de escrever coisas do tipo “Deus é dez” ou “Sou 100% de Jesus”.
Que importa o falar? Importante é crer e agir de acordo com os ensinamentos de nossa santa religião. Do que adianta gritar “viva o papa!” e difamar o outro grupo? De que adianta gritar isto se o papa comete erros enquanto ser humano e eles, como filhos, teriam obrigação de dirigir-lhe humilde e filialmente os pedidos de correção e não o fazem? Parecem-se com o empregado “puxa-saco” que elogia até os erros do patrão. E isto não tem nada de católico, por mais slogans que eles possam repetir.
Que baixaria! Nunca esperaria na vida que a Montfort se prestaria a um papel ridículo destes, chegando até a acusar a FSSPX de sede-vacantista, o que sabem muito bem que ela não é. Movidos pelo orgulho, a Montfort perdeu a razão.
E ainda acusam o “castelo” de crescer para cima, como a torre de Babel. Não! Ora, crescer para cima… mero recurso de retórica! Quem não percebe isto? O “castelo” não cresce para cima, não está plantando nas nuvens. Na realidade, os priorados, de portas abertas para acolher os fiéis, crescem sim para ocupar o terreno que os modernistas tornaram árido. Neste terreno eles criam oásis ondem os fiéis podem saciar sua sede da boa doutrina, de sacramentos dignos e da Santa Missa Tridentina. Sem medo de serem perseguidos por bispos modernistas. Sem medo de, a qualquer momento e sem aviso prévio, serem abandonados como foram os fiéis que freqüentavam o IBP em São Paulo. A FSSPX cresce para o bem da Igreja, e para maior raiva dos derrotados da Montfort, que não a conseguiram amordaçar.
O ranço fica ainda mais evidente quando o tal “castelo” é acusado de não estar fincado na Rocha. Ou, traduzindo a metáfora, para a Montfort, a FSSPX não estaria na Igreja Católica. Ora, quanta pretensão a deste grupelho, que pela voz de um padre que assina o artigo, quer declarar uma sentença tão grave. Propagam, assim, a mesma mentira que os piores inimigos da Igreja, que não suportam uma obra católica dando bons frutos. Tudo porque se agarraram ao “veredicto” de seu leigo fundador, que jamais teve autoridade para proferir tal julgamento.
E ainda deixam escapar o seu desejo, o de que o “castelo” desmorone. Ora, o que desmoronou mesmo, com os últimos acontecimentos, foi a reputação da Montfort. Aliás, com toda esta baixaria, eles somente conseguiram jogar na lama um nome que custou tanto trabalho para construir. Triste, mas este é o fim do orgulhosos e prepotentes.
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PS: nem tudo o que eles disseram foi refutado, mas o que foi escrito já é suficiente. O resto fica para uma próxima oportunidade.
in Tribulatione Patientes:
http://intribulationepatientes.wordpress.com/2011/04/18/muita-retorica-nenhuma-logica/#comments
Em sua insensata e injusta campanha contra a FSSPX, a Montfort abandonou toda a realidade. Logo a Montfort, cujo presidente tanto criticou, com razão, o romantismo, agora publica um artigo que se poderia chamar “onírico”, um verdadeiro mundo de faz de conta (http://www.montfort.org.br/index.php/blog/noticias-comentarios-analises/ainda-nao-classificado/e-o-padre-se-foi/). Na tentativa de atacar a FSSPX, pintaram um quadro não segundo a realidade, mas segundo sua fértil imaginação. Olharam para um pássaro e pintaram um boi.
O título do artigo já demonstra a sua alienação: “E o padre se foi…”. Certamente, o padre em questão se foi da arquidiocese do Rio de Janeiro, onde não conseguiu exercer um trabalho proveitoso por estar cercado pelo clero moderno. Mas, segundo se insinuou no infeliz artigo, o padre “se foi” para muito mais longe, para fora da Igreja.
Não! O padre não abandonou a Igreja Católica, fora da qual não há salvação! O padre foi obrigado a sair da arquidiocese porque julgou que não conseguiria exercer com fruto seu trabalho lá. Buscou outro lugar, dentro da Igreja Católica, onde seu trabalho poderia realmente render frutos para salvação das almas. E se o fez, tem idade e experiência suficientes para saber o que faz, e não precisa que ninguém dê opiniões sobre o seu apostolado e sobre como conduzir seu destino espiritual.
Então, se o padre não abandonou a Igreja, por que afirmar o contrário? É que o padre escolheu a FSSPX como o melhor lugar, dentro da Igreja Católica, para exercer seu ministério. E então? Então que a Monftort, que publicou o artigo, teve seu orgulho gravemente ferido pela FSSPX, quando esta não se rebaixou ao “julgamento” pronunciado pelo presidente da dita associação, o falecido Prof. Orlando Fedeli. De fato, o professor havia declarado, sem ter nenhuma autoridade para isto, que a FSSPX havia caído em cisma por conta de seus tribunais para julgamento de nulidades matrimoniais. Roma não se manifestou na questão, mas o leigo professor assumiu sozinho a função que cabe a Igreja e decretou o “cisma” da FSSPX. A dita associação Montfort, mantém até hoje o “veredicto” de seu fundador. Contra todas as provas em contrário.
O mais notável é que a Montfort concordava em quase todos os pontos com a FSSPX: sobre o Concílio Vaticano II, sobre a missa nova, sobre a crise na Igreja, etc. Tinha tudo para apoiar o bom combate da Tradição contra os inimigos modernistas que querem destruir o que podem na Igreja Católica. Só se afastaram dela e, pior, a combateram, baseados no juízo temerário, abusivo e precipitado sobre os tribunais. Mesmo depois que o padre Joël Danjou provou por “a + b” (http://www.fsspx.com.br/exe2/?p=574) que o professor estava errado, o orgulho ferido não permitiu que a dita associação retomasse o bom combate ao lado da FSSPX, e não contra ela.
Chegamos a uma conclusão interessante: se a Montfort concordava com a FSSPX em todos estes pontos cruciais, discordando apenas dos tribunais, a única razão para não se considerarem também “fora da Igreja”, seria atribuir o “cisma” da FSSPX exclusivamente aos tribunais. Questão sobre a qual a Igreja nunca se manifestou. Logo, esta confusão toda estaria montada sobre o “julgamento” de um leigo, o Prof. Orlando. Que importa que até o Cardeal Castrillón Hoyos tenha dito que a FSSPX não é cismática? Para a Montfort vale mais a palavra de seu leigo fundador do que qualquer outra coisa no mundo.
Por conta deste orgulho ferido, a Montfort leva seu combate contra a FSSPX até hoje. E como não tinham argumentos contra a FSSPX, recorreram à linguagem poética. E, na sua retórica, a imagem que tentaram associar à FSSPX foi a de um castelo.
A metáfora escolhida foi de uma infelicidade sem medidas. Ainda mais que o artigo foi ilustrado com a montagem de uma foto mostrando um castelo nas nuvens. Faltando-lhes palavras inteligentes, foi a este recurso que a Montfort apelou. Comparou a FSSPX a um castelo nas nuvens. Um castelo que, segundo “parece” ao autor do artigo, considerar-se-is até livre de pecado original. De onde ele tirou motivos para fazer esta acusação, o autor não se dá ao trabalho de mencionar.
Ora, a FSSPX, como toda boa instituição católica, está onde estão os fiéis que buscam a salvação de suas almas. E está de portas abertas. O padre que entrou para a FSSPX não estará isolado em um castelo flutuando nas nuvens. Estará atendendo os fiéis, almas que buscam um oásis no deserto pós-conciliar. Almas que já estavam caídas, abatidas por tantos absurdos, profanações, traições na era pós-conciliar. Pessoas que não conheciam a grandeza da Igreja Católica. Que nunca haviam ouvido a doutrina católica, mas tão somente discursos marxistas ou gritaria da RC”C” ou outras coisas do gênero. Que não recebiam os sacramentos com o decoro que merecem. Que não conheciam a maravilha sublime da Missa Tridentina. Ou, se a conheciam, não podiam assisti-la porque o “senhor bispo” da diocese, em total “coerência” com a “tolerância” pregada pelo idolatrado super-concílio do Vaticano II, não permitia que o padre a celebrasse para o grupo de pessoas que tanto a desejavam.
O padre não estará trancado num castelo nas nuvens, como falsa e maliciosamente sugeriu o artigo da Montfort. Estará trabalhando para salvar as almas no seu priorado, de portas abertas como a Igreja Católica sempre esteve. E não estará somente no seu priorado, mas viajará para atender pessoas distantes, que de outra maneira não receberiam a visita de um sacerdote legitimamente católico. Ou será que a Montfort não sabe que a FSSPX faz missões para atender os fiéis distantes dos priorados? É claro que sabem. Então porque se atreveu a publicar um artigo tão mentiroso, insinuando que o padre, ao entrar para a FSSPX, teria se trancando em um castelo nas nuvens? O ódio cega. É a única explicação que podemos encontrar.
É evidente que o padre continua a serviço da Igreja Católica, de portas abertas para os fiéis. A única diferença é que ele não terá de suportar a dura perseguição do clero modernista. Não perderá tempo precioso discutindo inutilmente com quem não quer enxergar a verdade. Vai, pelo contrário, poder se dedicar inteiramente à glória de Deus e à salvação das almas.
Será que a Montfort sabe tudo o que o padre estava sendo obrigado a suportar na arquidiocese? Falar, como o ridículo artigo, que o padre largou a carga-pesada, ou que não quis carregar sua cruz, é fácil. A ridícula acusação da Montfort nos faz lembrar do que Nosso Senhor falou sobre os fariseus: “atam fardos pesados e esmagadores e com eles sobrecarregam os ombros dos homens, mas não querem movê-los sequer com o dedo” (Mt 23,4). Será que a criatura da Montfort que confortavelmente publicava na internet o artigo condenando a atitude do padre conhecia o que se passava com ele? Será que suportaria o que ele suportou? Como é fácil falar…
Com certeza a Montfort conhecia o passado do padre, porque ele esteve no IBP, e teve a oportunidade de lhes contar tudo o que sofrera desde o seminário. Que importa isto para a Montfort? Importa que o padre escolheu a FSSPX, a mesma que não abaixou a cabeça para o autoritarismo da Montfort. Para eles já basta isto: o padre deve ser apedrejado e criticado publicamente! Sua atitude não deve ser seguida, este é o decreto da Montfort, para que todos o saibam! E se discordar deste parecer, esteja fora da Igreja! Mesmo que a autoridade da Igreja não tenha dito isto jamais. Entenderam agora a “lógica” da Montfort?
Se não existisse a FSSPX, talvez poderíamos dizer que o padre tivesse de fazer um esforço heróico para se manter na arquidiocese. Mas a FSSPX existe, assim como existem outros padres que celebram a Missa de Sempre no Rio de Janeiro, de forma que a cidade não ficou desamparada. Ah! Mas um dos padres do Rio de Janeiro é exatamente Dom Lourenço Fleichman, outro “desobediente” que não se curva diante de leigos intrometidos. Melhor mesmo, para a Montfort, não aprofundar muito o assunto. Melhor deixar mesmo em silêncio o fato, como se o Rio de Janeiro estivesse totalmente desamparado de Missas Tridentinas.
Os fiéis podem recorrer a estes padres. E muitos outros recorreriam, se não fossem as difamações que são feitas contra a FSSPX e os que pensam como ela e não se curvam diante dos prelados modernistas. São estas difamações, para as quais a Montfort agora contribui largamente, é que deixam alguns fiéis assustados e confusos e os afastam daquela fraternidade que poderia lhes dar tudo o que procuram e não encontram nas suas paróquias. Atitudes como a da Montfort somente atrapalham o bom combate da Tradição e mantêm as pessoas na dúvida e na confusão.
O ridículo artigo continua sua tarefa de desinformação. Insiste na metáfora do castelo: “Pois bem, no Castelo se encontra o Padre.” E acrescenta, com cinismo: “Um padre privado.” Como assim um padre “privado”? No priorado para onde ele for o padre não atenderá os fiéis da mesmíssima maneira que atenderia em qualquer paróquia? Então, que estória é esta de “padre privado”? Privado, mas de senso de ridículo, é sim o autor do artigo cheio de retórica.
Não satisfeito com toda a meleca que já fez até aqui, o autor do infeliz artigo lança alguns slogans. O preferido deles é “Viva o papa!”. Como se os pentecostais também não fossem capazes de escrever coisas do tipo “Deus é dez” ou “Sou 100% de Jesus”.
Que importa o falar? Importante é crer e agir de acordo com os ensinamentos de nossa santa religião. Do que adianta gritar “viva o papa!” e difamar o outro grupo? De que adianta gritar isto se o papa comete erros enquanto ser humano e eles, como filhos, teriam obrigação de dirigir-lhe humilde e filialmente os pedidos de correção e não o fazem? Parecem-se com o empregado “puxa-saco” que elogia até os erros do patrão. E isto não tem nada de católico, por mais slogans que eles possam repetir.
Que baixaria! Nunca esperaria na vida que a Montfort se prestaria a um papel ridículo destes, chegando até a acusar a FSSPX de sede-vacantista, o que sabem muito bem que ela não é. Movidos pelo orgulho, a Montfort perdeu a razão.
E ainda acusam o “castelo” de crescer para cima, como a torre de Babel. Não! Ora, crescer para cima… mero recurso de retórica! Quem não percebe isto? O “castelo” não cresce para cima, não está plantando nas nuvens. Na realidade, os priorados, de portas abertas para acolher os fiéis, crescem sim para ocupar o terreno que os modernistas tornaram árido. Neste terreno eles criam oásis ondem os fiéis podem saciar sua sede da boa doutrina, de sacramentos dignos e da Santa Missa Tridentina. Sem medo de serem perseguidos por bispos modernistas. Sem medo de, a qualquer momento e sem aviso prévio, serem abandonados como foram os fiéis que freqüentavam o IBP em São Paulo. A FSSPX cresce para o bem da Igreja, e para maior raiva dos derrotados da Montfort, que não a conseguiram amordaçar.
O ranço fica ainda mais evidente quando o tal “castelo” é acusado de não estar fincado na Rocha. Ou, traduzindo a metáfora, para a Montfort, a FSSPX não estaria na Igreja Católica. Ora, quanta pretensão a deste grupelho, que pela voz de um padre que assina o artigo, quer declarar uma sentença tão grave. Propagam, assim, a mesma mentira que os piores inimigos da Igreja, que não suportam uma obra católica dando bons frutos. Tudo porque se agarraram ao “veredicto” de seu leigo fundador, que jamais teve autoridade para proferir tal julgamento.
E ainda deixam escapar o seu desejo, o de que o “castelo” desmorone. Ora, o que desmoronou mesmo, com os últimos acontecimentos, foi a reputação da Montfort. Aliás, com toda esta baixaria, eles somente conseguiram jogar na lama um nome que custou tanto trabalho para construir. Triste, mas este é o fim do orgulhosos e prepotentes.
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PS: nem tudo o que eles disseram foi refutado, mas o que foi escrito já é suficiente. O resto fica para uma próxima oportunidade.
in Tribulatione Patientes:
http://intribulationepatientes.wordpress.com/2011/04/18/muita-retorica-nenhuma-logica/#comments
Os padres da Igreja Conciliar devem ser “reordenados” ao virem para a Tradição?
(2007)
Pe. Peter Scott, da FSSPX
A partir do original contido no sítio oficial da FSSPX:
http://www.sspx.org/miscellaneous/conditional_ordination.pdf
Mais e mais padres ordenados no rito novo estão se voltando para a Missa tradicional. Porém, como já se passaram cerca de quarenta anos desde a introdução do novo rito de ordenação, alguns católicos tradicionais questionam a validade da ordenação desses padres e hesitam em deles receber os sacramentos. É verdade que, na prática, cada caso é diferente e deve ser decidido pelos superiores.
Todavia, a seguinte explicação dos princípios que formam a base dessas decisões pode ser de ajuda para entendê-las.
1) Os três sacramentos que conferem caráter não podem ser repetidos.
Este princípio já estava estabelecido, com respeito ao sacramento do Batismo, na epístola do Papa Santo Estêvão I a São Cipriano, condenando a prática deste de rebatizar hereges ao recebê-los na Igreja. Isso também foi definido pelo Concílio de Trento, que declarou um anátema contra quem defende que os três sacramentos que imprimem marca indelével – a saber, o Batismo, a Confirmação e as Ordens Sagradas – possam ser repetidos (Seção VII, Cânon 9, Dz. 852).
2) Quando se trata da validade dos sacramentos, somos obrigados a seguir posição “tuciorista” [de “tutior pars” (ndt)], isto é, a linha de ação mais segura possível.
Não podemos – como somos por vezes obrigados a fazer noutras questões morais – escolher uma opinião menos certa, chamada pelos teólogos moralistas de maneira simplesmente provável de agir, a qual poderia pôr em dúvida a validade dos sacramentos. Se pudéssemos seguir um modo de agir que tem menos certeza, correríamos o risco de grave sacrilégio e incerteza concernente aos sacramentos, o que poria em grande perigo a salvação eterna das almas. Mesmo os teólogos “probabilistas” laxos admitiram esse princípio com respeito ao Batismo e às Ordens Sacras, já que a opinião contrária foi condenada pelo Papa Inocêncio XI, em 1679. Inocêncio XI condenou a posição de que é permitido,
“na confecção dos sacramentos, seguir uma opinião provável acerca do valor do sacramento, deixando de lado a opinião mais segura… Portanto, só não se pode fazer uso de opiniões prováveis na confecção do Batismo e das Ordens sacerdotais e episcopais.” (Proposição 1.ª condenada e proibida por Inocêncio XI, Dz. 1151).
Consequentemente, é proibido aceitar uma ordenação provável, ou provavelmente válida, para a subsequente confecção dos sacramentos. É preciso ter a maior certeza moral possível, assim como nas outras coisas necessárias para a salvação eterna.
Os próprios fiéis entendem esse princípio, o qual é, de fato, parte do “sensus Ecclesiae”, o espírito da Igreja. Eles não querem partilhar de ritos liberais e modernistas e têm aversão a receber os sacramentos de padres ordenados nesses ritos, pois não podem tolerar dúvida nessas questões. É por essa razão que eles dirigem-se aos superiores, para garantir a validade.
3) Dúvida negativa deve ser desprezada.
Este axioma é aceito por todos os teólogos moralistas. Dúvida negativa é uma dúvida que não está baseada em razão alguma. É a pergunta “e se…?” que frequentemente fazemos sem absolutamente nenhuma razão. Uma dúvida assim não pode enfraquecer a certeza moral e não é razoável (cf. Prummer, Manuale Theologiae Moralis, I, §328). Consequentemente, não podemos questionar a validade de um sacramento como o de Ordens Sagradas sem ter razão positiva para tanto, ou seja, razão para crer que possa haver algum defeito num dos três elementos necessários para a validade: matéria, forma e intenção.
4) Quando surge dúvida na administração de um sacramento que não pode ser repetido, é possível e mesmo obrigatório reiterar o sacramento “sub conditione”, isto é, sob a condição de [= “para o caso de” (ndt)] ter sido inválido da primeira vez.
Desse modo, tanto a certeza moral sobre a administração do sacramento é adquirida, como o sacrilégio da simulação de sacramento já administrado é evitado. Fala-se disso com frequência nas rubricas do Rituale Romano, por exemplo no caso de convertidos adultos da heresia, havendo dúvida positiva quanto à validade do seu Batismo, ou mesmo crianças enjeitadas que “devem ser batizadas condicionalmente, a não ser que haja certeza, pela devida investigação, de que já foram batizadas”. A condição é exprimida como segue: “se não és batizado…”. Na realidade, o costume antes do Vaticano II era batizar todos os adultos convertidos do protestantismo, na impossibilidade de garantir com certeza moral a forma, ou intenção, ou simultaneidade da matéria e forma necessárias para haver certeza da validade. Assim também, é costume administrar condicionalmente o sacramento da Confirmação aos confirmados no novo rito, no caso frequente de que uma válida forma e intenção não possa ser verificada com certeza.
Em circunstâncias semelhantes, não há sacrilégio em reiterar condicionalmente uma ordenação sacerdotal, como fez o próprio Arcebispo Lefebvre muitas vezes.
5) A matéria e a forma do rito latino de ordenação sacerdotal introduzido pelo Papa [sic (ndt)] Paulo VI em 1968 não [sic (ndt)] estão sujeitas a dúvida positiva.
São elas, com efeito, praticamente idênticas àquelas definidas pelo Papa Pio XII em 1947 na Sacramentum Ordinis. (Nisso, a ordenação sacerdotal difere do sacramento da Confirmação, o qual faz uso, no rito novo, de uma forma totalmente diferente e variável, cuja validade tem sido questionada.)
Contudo, essa certeza moral pode não existir, necessariamente, com as traduções vernáculas da forma, que teriam de ser conferidas, para excluir toda a dúvida positiva. Uma mudança desse tipo foi a tradução provisória, pela ICEL [International Commission on English in the Liturgy = Comissão Internacional para o Inglês na Liturgia (ndt)], da forma mesma, substituindo a expressão tradicional “Conferi a dignidade do sacerdócio” por “Dai a dignidade do presbiterado”. Michael Davies comenta: “Em países anglófonos, nunca se fez referência ao sacerdócio como presbiterado” (The Order of Melchisedech [A Ordem de Melquisedeque], 1.ª ed., p. 88). Nem sempre é fácil determinar qual tradução para o inglês foi empregada, e se ela induz ou não a uma dúvida positiva.
Não de modo infrequente, o Arcebispo Lefebvre é citado declarando que a Missa Nova é uma Missa bastarda, e que o mesmo pode ser dito dos novos ritos dos sacramentos, como as Ordens Sacras. Como podem Missa e sacramentos tais serem válidos? Na realidade, a expressão é tradução pobre do francês “messe bâtarde”, que é corretamente traduzida como “Missa ilegítima”, ou “ritos ilegítimos”, sendo fruto de união adulterina entre a Igreja e a Revolução, e não tendo a expressão francesa a força pejorativa da equivalente em inglês. Essa expressão salienta a natureza ilícita de um tal compromisso, mas não tem repercussão direta sobre a validade dos ritos. Ele explicou isso durante o sermão que deu em Lille em 1976:
“A Missa Nova é uma espécie de Missa híbrida, que não é mais hierárquica; é democrática, nela a assembleia toma o lugar do padre, e assim não é mais a verdadeira Missa que afirma a realeza de Nosso Senhor.”
(A Bishop Speaks [Um Bispo Fala], Angelus Press, p. 271).
É por essa razão que ele chamou a Missa tradicional de “verdadeira” Missa, não tencionando por aí questionar a validade das Missas celebradas no novo rito.
Os novos ritos de ordenação são semelhantemente ilegítimos, pois não expressam adequadamente a Fé Católica no sacerdócio. Ao escrever muito vigorosamente contra eles, o Arcebispo Lefebvre não tencionava declarar sua invalidez. Ele declarou muito claramente, na Carta Aberta aos Católicos Perplexos, citando partes da cerimônia que, certamente, não são parte da forma do sacramento e, por conseguinte, não são necessárias para a validade, que uma tal cerimônia destrói o sacerdócio:
“Tudo está ligado; abalando-se a base do edifício, se o destrói inteiramente. Não mais missa, não mais sacerdotes. O ritual, antes de ser reformado, fazia o bispo dizer: ‘Recebei o poder de oferecer a Deus o Santo Sacrifício e de celebrar a Santa Missa, tanto pelos vivos como pelos mortos, em nome do Senhor’. Ele havia previamente benzido as mãos do ordenando ao pronunciar estas palavras: ‘A fim de que tudo que elas abençoarem seja abençoado e tudo o que consagrarem seja consagrado e santificado…’ O poder conferido é expresso sem ambiguidade: ‘Que eles operem para a salvação de vosso povo, e pela sua santa bênção, a transubstanciação do pão e do vinho no corpo e no sangue de vosso divino Filho.’ O bispo diz agora: ‘Recebei a oferenda do povo santo para apresentá-la a Deus.’ Ele faz do novo sacerdote antes um intermediário do que o detentor do sacerdócio, do que um sacrificador. A concepção é toda diferente.”
[Trad. br., com leves retoques, extraída da edição que se encontra no site da Permanência. (ndt)]
Apesar dessas palavras tão firmes, o Arcebispo teve isto a dizer: “A ‘matéria’ do sacramento foi preservada: é a imposição das mãos que se dá a seguir, e a ‘forma’ igualmente: são as palavras da ordenação” (Ibid.). A destruição de que ele está falando é a da Missa como ela deve ser e do sacerdócio como ele deve ser. A intenção dele é, consequentemente, frisar que é a noção católica do sacerdócio que é destruída, não necessariamente a validade do sacramento de Ordens Sagradas.
6) Pode haver razões para duvidar da intenção do bispo ordenante na Igreja Conciliar.
O ministro do sacramento não tem que tencionar aquilo que a Igreja tenciona, razão pela qual um herege pode administrar um sacramento válido. Ele precisa, porém, tencionar fazer aquilo que a Igreja faz. A dúvida positiva que pode existir a esse respeito é bem descrita por Michael Davies:
“Todas as orações no rito tradicional que afirmavam especificamente o papel essencial do padre como homem ordenado para oferecer sacrifício propiciatório pelos vivos e mortos foram removidas. Na maioria dos casos, eram estas as exatas orações removidas pelos reformadores protestantes [por exemplo: ‘Recebei o poder de oferecer sacrifício a Deus e de celebrar a Missa, tanto pelos vivos como pelos mortos, em nome do Senhor’], ou se não eram precisamente as mesmas, há claros paralelos… A omissão delas pelos reformadores protestantes foi considerada pelo Papa Leão XIII indicação da intenção de não consagrar sacerdotes sacrificantes.” (Ibid., pp. 82, 86).
Eis o texto da Apostolicae Curae (Leão XIII, 1896), § 33:
“A esse inerente defeito de forma junta-se o defeito de intenção, a qual é igualmente essencial para o sacramento… Se o rito é mudado com a intenção manifesta de introduzir um outro rito não aprovado pela Igreja e de rejeitar aquilo que a Igreja faz, e que, pela instituição de Cristo, pertence à natureza do Sacramento, então está claro que não somente falta a intenção necessária para o sacramento, como a intenção é adversa ao – e destrutiva do – sacramento.”
Se não se pode dizer, como com as ordens anglicanas, que o rito Novus Ordo foi alterado com a intenção manifesta de rejeitar um sacerdócio sacrificante, ainda assim, a exclusão deliberada da noção de propiciação, visando agradar aos protestantes, pode ser facilmente considerada como pondo em dúvida a intenção de fazer o que a Igreja faz, a saber: oferecer um sacrifício verdadeiro e propiciatório. Claro que essa dúvida não existiria se o Bispo ordenante tivesse indicado de outro modo sua intenção verdadeiramente católica de fazer o que a Igreja faz.
Contudo, a dificuldade reside no fato de que as cerimônias acompanhantes no novo rito de ordenação não expressam adequadamente seja a concepção católica do sacerdócio, seja a intenção, como fazem as cerimônias no rito antigo. Os textos seguintes do Arcebispo, tomados de conferências espirituais aos seminaristas, fazem referência à intenção do padre que celebra a Missa. Todavia, os mesmos princípios podem ser aplicados ao Bispo que ordena um padre:
“No rito antigo, a intenção era claramente determinada por todas as orações ditas antes e depois da consagração. Havia um conjunto de cerimônias, durante todo o sacrifício da Missa, que determinavam claramente a intenção do sacerdote. É por meio do Ofertório que o padre expressa claramente sua intenção. Porém, isso não existe no novo Ordo. A missa nova pode ser tanto válida quanto inválida, dependendo da intenção do celebrante, ao passo que, na Missa tradicional, é impossível que alguém que tem a Fé não tenha a intenção precisa de oferecer um sacrifício e de realizá-lo em conformidade com as finalidades previstas pela Santa Igreja… Esses padres jovens não terão a intenção de fazer o que a Igreja faz, pois eles não terão aprendido que a Missa é verdadeiro sacrifício. Eles não terão a intenção de oferecer um sacrifício. Eles terão a intenção de celebrar uma Eucaristia, uma partilha, uma comunhão, um memorial, todas coisas que não têm nada a ver com a fé no sacrifício da Missa. Por onde, a partir deste momento, na medida em que esses padres deformados não tenham mais a intenção de fazer o que a Igreja faz, suas Missas serão obviamente mais e mais inválidas.”
(Citado em: Arcebispo Marcel Lefebvre, La messe de toujours [A Missa de Sempre], pp. 373-374).
Não pode haver dúvida de que o Arcebispo Lefebvre entreteve sérias dúvidas quanto à intenção de alguns bispos conciliares ao ordenarem padres. Na Carta Aberta aos Católicos Perplexos, ele frisa que a dúvida que paira sobre os outros sacramentos também se aplica à ordenação de sacerdotes e dá exemplos, fazendo a pergunta: “Certos padres, ordenados nestes últimos anos, o foram verdadeiramente? De outra maneira, as ordenações, ao menos em parte, são válidas?” Ele prossegue explicando a razão pela qual ele considera que existe dúvida quanto à intenção do bispo ordenante, pois esta intenção muitas vezes não é mais a intenção de ordenar um sacerdote para oferecer sacrifício:
“É-se obrigado a notar que a intenção não é clara. O Padre é ordenado… para estabelecer a justiça, a fraternidade e a paz num plano que parece ademais limitado à ordem natural?… A definição do sacerdócio dada por São Paulo e pelo Concílio de Trento foi radicalmente modificada. O sacerdote não é mais aquele que sobe ao altar e oferece a Deus um sacrifício de louvor e para a remissão dos pecados.” (Ibid.).
Daí a afirmação do Arcebispo de que a inteira concepção do sacerdócio mudou e que o padre não é mais considerado como alguém que tem o poder de fazer coisas que os fiéis não podem fazer (ibid.), mas, em vez disso, como alguém que preside sobre a assembleia. Essa concepção modernista certamente lança uma grave sombra de dúvida sobre a intenção do bispo ordenante.
7) A questão da consagração episcopal no rito de 1968 promulgado por Paulo VI é ainda mais delicada.
A dificuldade está na completa alteração da formulação [“wording” (ndt)] da forma de consagração episcopal. O artigo muito erudito do Pe. Pierre-Marie, O.P., publicado em The Angelus (dezembro de 2005-janeiro de 2006), demonstra que a forma é, em si mesma, válida. [NOTA DO TRADUTOR: Na realidade, longe de o demonstrar, sua tese improvisada, declaradamente baseada no arquimodernista Pe. Botte, foi refutada pelo Rev. Pe. Cekada, juntamente com as do Rev. Pe. Calderón e do Ir. Santogrossi, em: “Still Null and Still Void”, que pretendemos traduzir e publicar aqui, juntamente com outros estudos do A. também presentes na seção “Sacraments” de: http://www.traditionalmass.org/articles/; há na rede trad. esp., é pena que um tanto apressada... De todo o modo, este tópico vale para um sedevacantista como ad hominem: ainda que, dato non concesso, fosse válido o rito reformado de consagração, haveria também que considerar o que segue... (FIM DA N.d.T.)] Embora radicalmente diferente da forma tradicional em latim e embora muito semelhante, mas não idêntica, às formas usadas nos ritos orientais, ela é em si mesma válida, já que seu significado designa de modo suficientemente claro o episcopado católico [sic (ndt)]. Pois a forma das Ordens Sagradas é variável e mutável, sendo este um dos sacramentos estabelecidos somente em termos gerais. A substância é por conseguinte retida na medida em que as palavras têm essencialmente o mesmo significado.
Porém, isso não significa que esse rito novo de ordenação episcopal seja válido em todos os casos concretos, pois poderia depender isso da tradução, modificações (agora que o princípio da mudança foi aceito) e eventual defeito de intenção. Pois o perigo da infiltração de uma intenção deficiente, como com o rito de ordenação sacerdotal, não pode ser excluído. É isso que o Pe. Nicolas Portail, da Fraternidade São Pio X, escreveu na edição de janeiro de 2007 de Le Chardonnet:
“Os autores observam corretamente que esse rito é o veículo de uma concepção do episcopado conforme ao Vaticano II. Também fica demonstrado que as funções específicas da ordem episcopal (ordenar padres, consagrar igrejas, administrar confirmação…) não são mencionadas no prefácio consacratório, em oposição a outros prefácios nos ritos orientais.
Em acréscimo, o erro específico da colegialidade é mencionado explicitamente na alocução do consagrador. Não se pode negar que esse rito é, pela perspectiva tradicional, fraco, ambíguo, imperfeito, defectivo e manifestamente ilícito.”
Porém, mesmo os bispos que ordenam padres no rito tradicional foram todos consagrados bispos segundo esse novo rito. Pode-se imaginar facilmente como um defeito de intenção poderia se insinuar na sucessão episcopal, mesmo no caso de sacerdotes “tradicionais” que dependem de bispos conciliares para suas ordenações. O Pe. Portail cita uma observação feita por alguns jovens padres da Fraternidade São Pedro que haviam acabado de ser ordenados pelo Arcebispo Decourtray a alguns padres da Fraternidade São Pio X: “Vocês têm mais certeza da sua ordenação do que nós temos da nossa” (ibid.). Seria, de fato, trágico se todos os sacerdotes tradicionais não tivessem certeza moral sobre a sua ordenação, e se existissem dois graus diferentes de sacerdotes, um grau superior ordenado na Tradição, e um grau inferior. É por essa razão que os superiores têm o direito de insistir na reordenação condicional para todo e qualquer padre que esteja se voltando para a Tradição, e só aceitem ordenações feitas na Igreja Conciliar depois de terem investigado tanto a ordenação sacerdotal quanto a ordenação episcopal e de terem estabelecido certeza moral.
O Arcebispo Lefebvre reconheceu claramente sua obrigação de fornecer padres sobre cuja ordenação não houvesse dúvida. Foi esta uma das razões para as sagrações episcopais de 1988, como ele declarou no sermão para a ocasião:
“Bem sabeis, meus caros irmãos, que não pode haver padres sem bispos. Quando Deus me chamar – o que certamente não tardará –, de quem esses seminaristas receberão o Sacramento da Ordem? De bispos conciliares, que, devido a suas dúbias intenções, conferem sacramentos duvidosos? Isso não é possível.”
Ele prosseguiu explicando que não poderia deixar órfãos os fiéis nem abandonar os seminaristas que se lhe confiaram a si mesmos, pois “eles vieram aos nossos seminários, a despeito de todas as dificuldades que encontraram, para receber uma verdadeira ordenação ao Sacerdócio…” (Pe. François Laisney, Archbishop Lefebvre and the Vatican [O Arcebispo Lefebvre e o Vaticano], Angelus Press, p. 120). Ele considerou dever seu garantir a certeza do sacramento de Ordens Sacras pela sagração de bispos no rito tradicional, que ordenariam então somente no rito tradicional.
Devemos observar o equilíbrio do Arcebispo Lefebvre. Por um lado, é nosso dever evitar o excesso [sic (ndt)] do sedevacantismo, que irrazoavelmente nega a própria validade e existência da Igreja Pós-Conciliar e de seu sacerdócio. Por outro lado, todavia, devemos igualmente rejeitar a abordagem laxista e liberal que não leva a sério as dúvidas reais que podem surgir concernentes à validade das ordenações sacerdotais na Igreja pós-Conciliar, falhando em considerar a enorme importância e necessidade de um sacerdócio certamente válido para o bem da Igreja, para a salvação eterna e para a tranquilidade de consciência dos fiéis. Dada a gravidade dessas questões, nem sequer uma dúvida ligeira é aceitável. Daí o dever de examinar em cada caso particular a forma vernácula da ordenação sacerdotal, a intenção do bispo ordenante, o rito da sagração do bispo ordenante e a intenção dos consagradores.
Assim como os superiores levam a sério o seu dever de garantir a certeza moral das Sagradas Ordens de seus sacerdotes, seja por meio de ordenação condicional ou de investigação cuidadosa (quando possível), assim também devem os sacerdotes que se unem à Fraternidade aceitar a ordenação condicional em caso de até mesmo leve dúvida positiva, e assim também devem os fiéis reconhecer que cada caso é diferente e aceitar a decisão daqueles que são os únicos em posição de realizar as investigações necessárias. Pois, independentemente da questão técnica da validade das Sagradas Ordens de um sacerdote, todos reconhecemos o senso católico que nos diz que não pode haver mescla dos novos ritos bastardos com os ritos católicos tradicionais, princípio este elucidado com tanta simplicidade pelo Arcebispo Lefebvre, em 29 de junho de 1976:
“Nós não somos dessa religião. Nós não aceitamos essa nova religião. Nós somos da religião de sempre, da religião católica. Nós não somos dessa religião universal, como a chamam hoje. Essa não é mais a religião católica. Nós não somos dessa religião liberal e modernista que tem seu próprio culto, seus padres, sua fé, seus catecismos, sua Bíblia…”
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PARA CITAR ESTA TRADUÇÃO:
Pe. Peter SCOTT, da FSSPX, Os padres da Igreja Conciliar devem ser “reordenados” quando vêm para a Tradição?, trad. br. por F. Coelho, São Paulo, jan. 2011, http://wp.me/pw2MJ-hh
de: “Ought Priests of the Conciliar Church to Be ‘Re-Ordained’ When They Come to Tradition?”, The Angelus, set. 2007, pp. 27-30, http://www.sspx.org/miscellaneous/conditional_ordination.pdf
CRÍTICAS E CORREÇÕES SÃO BEM-VINDAS:
f.a.coelho@gmail.com
retirado de:
http://aciesordinata.wordpress.com/2011/01/08/textos-essenciais-em-traducao-inedita-xlvii/
Pe. Peter Scott, da FSSPX
A partir do original contido no sítio oficial da FSSPX:
http://www.sspx.org/miscellaneous/conditional_ordination.pdf
Mais e mais padres ordenados no rito novo estão se voltando para a Missa tradicional. Porém, como já se passaram cerca de quarenta anos desde a introdução do novo rito de ordenação, alguns católicos tradicionais questionam a validade da ordenação desses padres e hesitam em deles receber os sacramentos. É verdade que, na prática, cada caso é diferente e deve ser decidido pelos superiores.
Todavia, a seguinte explicação dos princípios que formam a base dessas decisões pode ser de ajuda para entendê-las.
1) Os três sacramentos que conferem caráter não podem ser repetidos.
Este princípio já estava estabelecido, com respeito ao sacramento do Batismo, na epístola do Papa Santo Estêvão I a São Cipriano, condenando a prática deste de rebatizar hereges ao recebê-los na Igreja. Isso também foi definido pelo Concílio de Trento, que declarou um anátema contra quem defende que os três sacramentos que imprimem marca indelével – a saber, o Batismo, a Confirmação e as Ordens Sagradas – possam ser repetidos (Seção VII, Cânon 9, Dz. 852).
2) Quando se trata da validade dos sacramentos, somos obrigados a seguir posição “tuciorista” [de “tutior pars” (ndt)], isto é, a linha de ação mais segura possível.
Não podemos – como somos por vezes obrigados a fazer noutras questões morais – escolher uma opinião menos certa, chamada pelos teólogos moralistas de maneira simplesmente provável de agir, a qual poderia pôr em dúvida a validade dos sacramentos. Se pudéssemos seguir um modo de agir que tem menos certeza, correríamos o risco de grave sacrilégio e incerteza concernente aos sacramentos, o que poria em grande perigo a salvação eterna das almas. Mesmo os teólogos “probabilistas” laxos admitiram esse princípio com respeito ao Batismo e às Ordens Sacras, já que a opinião contrária foi condenada pelo Papa Inocêncio XI, em 1679. Inocêncio XI condenou a posição de que é permitido,
“na confecção dos sacramentos, seguir uma opinião provável acerca do valor do sacramento, deixando de lado a opinião mais segura… Portanto, só não se pode fazer uso de opiniões prováveis na confecção do Batismo e das Ordens sacerdotais e episcopais.” (Proposição 1.ª condenada e proibida por Inocêncio XI, Dz. 1151).
Consequentemente, é proibido aceitar uma ordenação provável, ou provavelmente válida, para a subsequente confecção dos sacramentos. É preciso ter a maior certeza moral possível, assim como nas outras coisas necessárias para a salvação eterna.
Os próprios fiéis entendem esse princípio, o qual é, de fato, parte do “sensus Ecclesiae”, o espírito da Igreja. Eles não querem partilhar de ritos liberais e modernistas e têm aversão a receber os sacramentos de padres ordenados nesses ritos, pois não podem tolerar dúvida nessas questões. É por essa razão que eles dirigem-se aos superiores, para garantir a validade.
3) Dúvida negativa deve ser desprezada.
Este axioma é aceito por todos os teólogos moralistas. Dúvida negativa é uma dúvida que não está baseada em razão alguma. É a pergunta “e se…?” que frequentemente fazemos sem absolutamente nenhuma razão. Uma dúvida assim não pode enfraquecer a certeza moral e não é razoável (cf. Prummer, Manuale Theologiae Moralis, I, §328). Consequentemente, não podemos questionar a validade de um sacramento como o de Ordens Sagradas sem ter razão positiva para tanto, ou seja, razão para crer que possa haver algum defeito num dos três elementos necessários para a validade: matéria, forma e intenção.
4) Quando surge dúvida na administração de um sacramento que não pode ser repetido, é possível e mesmo obrigatório reiterar o sacramento “sub conditione”, isto é, sob a condição de [= “para o caso de” (ndt)] ter sido inválido da primeira vez.
Desse modo, tanto a certeza moral sobre a administração do sacramento é adquirida, como o sacrilégio da simulação de sacramento já administrado é evitado. Fala-se disso com frequência nas rubricas do Rituale Romano, por exemplo no caso de convertidos adultos da heresia, havendo dúvida positiva quanto à validade do seu Batismo, ou mesmo crianças enjeitadas que “devem ser batizadas condicionalmente, a não ser que haja certeza, pela devida investigação, de que já foram batizadas”. A condição é exprimida como segue: “se não és batizado…”. Na realidade, o costume antes do Vaticano II era batizar todos os adultos convertidos do protestantismo, na impossibilidade de garantir com certeza moral a forma, ou intenção, ou simultaneidade da matéria e forma necessárias para haver certeza da validade. Assim também, é costume administrar condicionalmente o sacramento da Confirmação aos confirmados no novo rito, no caso frequente de que uma válida forma e intenção não possa ser verificada com certeza.
Em circunstâncias semelhantes, não há sacrilégio em reiterar condicionalmente uma ordenação sacerdotal, como fez o próprio Arcebispo Lefebvre muitas vezes.
5) A matéria e a forma do rito latino de ordenação sacerdotal introduzido pelo Papa [sic (ndt)] Paulo VI em 1968 não [sic (ndt)] estão sujeitas a dúvida positiva.
São elas, com efeito, praticamente idênticas àquelas definidas pelo Papa Pio XII em 1947 na Sacramentum Ordinis. (Nisso, a ordenação sacerdotal difere do sacramento da Confirmação, o qual faz uso, no rito novo, de uma forma totalmente diferente e variável, cuja validade tem sido questionada.)
Contudo, essa certeza moral pode não existir, necessariamente, com as traduções vernáculas da forma, que teriam de ser conferidas, para excluir toda a dúvida positiva. Uma mudança desse tipo foi a tradução provisória, pela ICEL [International Commission on English in the Liturgy = Comissão Internacional para o Inglês na Liturgia (ndt)], da forma mesma, substituindo a expressão tradicional “Conferi a dignidade do sacerdócio” por “Dai a dignidade do presbiterado”. Michael Davies comenta: “Em países anglófonos, nunca se fez referência ao sacerdócio como presbiterado” (The Order of Melchisedech [A Ordem de Melquisedeque], 1.ª ed., p. 88). Nem sempre é fácil determinar qual tradução para o inglês foi empregada, e se ela induz ou não a uma dúvida positiva.
Não de modo infrequente, o Arcebispo Lefebvre é citado declarando que a Missa Nova é uma Missa bastarda, e que o mesmo pode ser dito dos novos ritos dos sacramentos, como as Ordens Sacras. Como podem Missa e sacramentos tais serem válidos? Na realidade, a expressão é tradução pobre do francês “messe bâtarde”, que é corretamente traduzida como “Missa ilegítima”, ou “ritos ilegítimos”, sendo fruto de união adulterina entre a Igreja e a Revolução, e não tendo a expressão francesa a força pejorativa da equivalente em inglês. Essa expressão salienta a natureza ilícita de um tal compromisso, mas não tem repercussão direta sobre a validade dos ritos. Ele explicou isso durante o sermão que deu em Lille em 1976:
“A Missa Nova é uma espécie de Missa híbrida, que não é mais hierárquica; é democrática, nela a assembleia toma o lugar do padre, e assim não é mais a verdadeira Missa que afirma a realeza de Nosso Senhor.”
(A Bishop Speaks [Um Bispo Fala], Angelus Press, p. 271).
É por essa razão que ele chamou a Missa tradicional de “verdadeira” Missa, não tencionando por aí questionar a validade das Missas celebradas no novo rito.
Os novos ritos de ordenação são semelhantemente ilegítimos, pois não expressam adequadamente a Fé Católica no sacerdócio. Ao escrever muito vigorosamente contra eles, o Arcebispo Lefebvre não tencionava declarar sua invalidez. Ele declarou muito claramente, na Carta Aberta aos Católicos Perplexos, citando partes da cerimônia que, certamente, não são parte da forma do sacramento e, por conseguinte, não são necessárias para a validade, que uma tal cerimônia destrói o sacerdócio:
“Tudo está ligado; abalando-se a base do edifício, se o destrói inteiramente. Não mais missa, não mais sacerdotes. O ritual, antes de ser reformado, fazia o bispo dizer: ‘Recebei o poder de oferecer a Deus o Santo Sacrifício e de celebrar a Santa Missa, tanto pelos vivos como pelos mortos, em nome do Senhor’. Ele havia previamente benzido as mãos do ordenando ao pronunciar estas palavras: ‘A fim de que tudo que elas abençoarem seja abençoado e tudo o que consagrarem seja consagrado e santificado…’ O poder conferido é expresso sem ambiguidade: ‘Que eles operem para a salvação de vosso povo, e pela sua santa bênção, a transubstanciação do pão e do vinho no corpo e no sangue de vosso divino Filho.’ O bispo diz agora: ‘Recebei a oferenda do povo santo para apresentá-la a Deus.’ Ele faz do novo sacerdote antes um intermediário do que o detentor do sacerdócio, do que um sacrificador. A concepção é toda diferente.”
[Trad. br., com leves retoques, extraída da edição que se encontra no site da Permanência. (ndt)]
Apesar dessas palavras tão firmes, o Arcebispo teve isto a dizer: “A ‘matéria’ do sacramento foi preservada: é a imposição das mãos que se dá a seguir, e a ‘forma’ igualmente: são as palavras da ordenação” (Ibid.). A destruição de que ele está falando é a da Missa como ela deve ser e do sacerdócio como ele deve ser. A intenção dele é, consequentemente, frisar que é a noção católica do sacerdócio que é destruída, não necessariamente a validade do sacramento de Ordens Sagradas.
6) Pode haver razões para duvidar da intenção do bispo ordenante na Igreja Conciliar.
O ministro do sacramento não tem que tencionar aquilo que a Igreja tenciona, razão pela qual um herege pode administrar um sacramento válido. Ele precisa, porém, tencionar fazer aquilo que a Igreja faz. A dúvida positiva que pode existir a esse respeito é bem descrita por Michael Davies:
“Todas as orações no rito tradicional que afirmavam especificamente o papel essencial do padre como homem ordenado para oferecer sacrifício propiciatório pelos vivos e mortos foram removidas. Na maioria dos casos, eram estas as exatas orações removidas pelos reformadores protestantes [por exemplo: ‘Recebei o poder de oferecer sacrifício a Deus e de celebrar a Missa, tanto pelos vivos como pelos mortos, em nome do Senhor’], ou se não eram precisamente as mesmas, há claros paralelos… A omissão delas pelos reformadores protestantes foi considerada pelo Papa Leão XIII indicação da intenção de não consagrar sacerdotes sacrificantes.” (Ibid., pp. 82, 86).
Eis o texto da Apostolicae Curae (Leão XIII, 1896), § 33:
“A esse inerente defeito de forma junta-se o defeito de intenção, a qual é igualmente essencial para o sacramento… Se o rito é mudado com a intenção manifesta de introduzir um outro rito não aprovado pela Igreja e de rejeitar aquilo que a Igreja faz, e que, pela instituição de Cristo, pertence à natureza do Sacramento, então está claro que não somente falta a intenção necessária para o sacramento, como a intenção é adversa ao – e destrutiva do – sacramento.”
Se não se pode dizer, como com as ordens anglicanas, que o rito Novus Ordo foi alterado com a intenção manifesta de rejeitar um sacerdócio sacrificante, ainda assim, a exclusão deliberada da noção de propiciação, visando agradar aos protestantes, pode ser facilmente considerada como pondo em dúvida a intenção de fazer o que a Igreja faz, a saber: oferecer um sacrifício verdadeiro e propiciatório. Claro que essa dúvida não existiria se o Bispo ordenante tivesse indicado de outro modo sua intenção verdadeiramente católica de fazer o que a Igreja faz.
Contudo, a dificuldade reside no fato de que as cerimônias acompanhantes no novo rito de ordenação não expressam adequadamente seja a concepção católica do sacerdócio, seja a intenção, como fazem as cerimônias no rito antigo. Os textos seguintes do Arcebispo, tomados de conferências espirituais aos seminaristas, fazem referência à intenção do padre que celebra a Missa. Todavia, os mesmos princípios podem ser aplicados ao Bispo que ordena um padre:
“No rito antigo, a intenção era claramente determinada por todas as orações ditas antes e depois da consagração. Havia um conjunto de cerimônias, durante todo o sacrifício da Missa, que determinavam claramente a intenção do sacerdote. É por meio do Ofertório que o padre expressa claramente sua intenção. Porém, isso não existe no novo Ordo. A missa nova pode ser tanto válida quanto inválida, dependendo da intenção do celebrante, ao passo que, na Missa tradicional, é impossível que alguém que tem a Fé não tenha a intenção precisa de oferecer um sacrifício e de realizá-lo em conformidade com as finalidades previstas pela Santa Igreja… Esses padres jovens não terão a intenção de fazer o que a Igreja faz, pois eles não terão aprendido que a Missa é verdadeiro sacrifício. Eles não terão a intenção de oferecer um sacrifício. Eles terão a intenção de celebrar uma Eucaristia, uma partilha, uma comunhão, um memorial, todas coisas que não têm nada a ver com a fé no sacrifício da Missa. Por onde, a partir deste momento, na medida em que esses padres deformados não tenham mais a intenção de fazer o que a Igreja faz, suas Missas serão obviamente mais e mais inválidas.”
(Citado em: Arcebispo Marcel Lefebvre, La messe de toujours [A Missa de Sempre], pp. 373-374).
Não pode haver dúvida de que o Arcebispo Lefebvre entreteve sérias dúvidas quanto à intenção de alguns bispos conciliares ao ordenarem padres. Na Carta Aberta aos Católicos Perplexos, ele frisa que a dúvida que paira sobre os outros sacramentos também se aplica à ordenação de sacerdotes e dá exemplos, fazendo a pergunta: “Certos padres, ordenados nestes últimos anos, o foram verdadeiramente? De outra maneira, as ordenações, ao menos em parte, são válidas?” Ele prossegue explicando a razão pela qual ele considera que existe dúvida quanto à intenção do bispo ordenante, pois esta intenção muitas vezes não é mais a intenção de ordenar um sacerdote para oferecer sacrifício:
“É-se obrigado a notar que a intenção não é clara. O Padre é ordenado… para estabelecer a justiça, a fraternidade e a paz num plano que parece ademais limitado à ordem natural?… A definição do sacerdócio dada por São Paulo e pelo Concílio de Trento foi radicalmente modificada. O sacerdote não é mais aquele que sobe ao altar e oferece a Deus um sacrifício de louvor e para a remissão dos pecados.” (Ibid.).
Daí a afirmação do Arcebispo de que a inteira concepção do sacerdócio mudou e que o padre não é mais considerado como alguém que tem o poder de fazer coisas que os fiéis não podem fazer (ibid.), mas, em vez disso, como alguém que preside sobre a assembleia. Essa concepção modernista certamente lança uma grave sombra de dúvida sobre a intenção do bispo ordenante.
7) A questão da consagração episcopal no rito de 1968 promulgado por Paulo VI é ainda mais delicada.
A dificuldade está na completa alteração da formulação [“wording” (ndt)] da forma de consagração episcopal. O artigo muito erudito do Pe. Pierre-Marie, O.P., publicado em The Angelus (dezembro de 2005-janeiro de 2006), demonstra que a forma é, em si mesma, válida. [NOTA DO TRADUTOR: Na realidade, longe de o demonstrar, sua tese improvisada, declaradamente baseada no arquimodernista Pe. Botte, foi refutada pelo Rev. Pe. Cekada, juntamente com as do Rev. Pe. Calderón e do Ir. Santogrossi, em: “Still Null and Still Void”, que pretendemos traduzir e publicar aqui, juntamente com outros estudos do A. também presentes na seção “Sacraments” de: http://www.traditionalmass.org/articles/; há na rede trad. esp., é pena que um tanto apressada... De todo o modo, este tópico vale para um sedevacantista como ad hominem: ainda que, dato non concesso, fosse válido o rito reformado de consagração, haveria também que considerar o que segue... (FIM DA N.d.T.)] Embora radicalmente diferente da forma tradicional em latim e embora muito semelhante, mas não idêntica, às formas usadas nos ritos orientais, ela é em si mesma válida, já que seu significado designa de modo suficientemente claro o episcopado católico [sic (ndt)]. Pois a forma das Ordens Sagradas é variável e mutável, sendo este um dos sacramentos estabelecidos somente em termos gerais. A substância é por conseguinte retida na medida em que as palavras têm essencialmente o mesmo significado.
Porém, isso não significa que esse rito novo de ordenação episcopal seja válido em todos os casos concretos, pois poderia depender isso da tradução, modificações (agora que o princípio da mudança foi aceito) e eventual defeito de intenção. Pois o perigo da infiltração de uma intenção deficiente, como com o rito de ordenação sacerdotal, não pode ser excluído. É isso que o Pe. Nicolas Portail, da Fraternidade São Pio X, escreveu na edição de janeiro de 2007 de Le Chardonnet:
“Os autores observam corretamente que esse rito é o veículo de uma concepção do episcopado conforme ao Vaticano II. Também fica demonstrado que as funções específicas da ordem episcopal (ordenar padres, consagrar igrejas, administrar confirmação…) não são mencionadas no prefácio consacratório, em oposição a outros prefácios nos ritos orientais.
Em acréscimo, o erro específico da colegialidade é mencionado explicitamente na alocução do consagrador. Não se pode negar que esse rito é, pela perspectiva tradicional, fraco, ambíguo, imperfeito, defectivo e manifestamente ilícito.”
Porém, mesmo os bispos que ordenam padres no rito tradicional foram todos consagrados bispos segundo esse novo rito. Pode-se imaginar facilmente como um defeito de intenção poderia se insinuar na sucessão episcopal, mesmo no caso de sacerdotes “tradicionais” que dependem de bispos conciliares para suas ordenações. O Pe. Portail cita uma observação feita por alguns jovens padres da Fraternidade São Pedro que haviam acabado de ser ordenados pelo Arcebispo Decourtray a alguns padres da Fraternidade São Pio X: “Vocês têm mais certeza da sua ordenação do que nós temos da nossa” (ibid.). Seria, de fato, trágico se todos os sacerdotes tradicionais não tivessem certeza moral sobre a sua ordenação, e se existissem dois graus diferentes de sacerdotes, um grau superior ordenado na Tradição, e um grau inferior. É por essa razão que os superiores têm o direito de insistir na reordenação condicional para todo e qualquer padre que esteja se voltando para a Tradição, e só aceitem ordenações feitas na Igreja Conciliar depois de terem investigado tanto a ordenação sacerdotal quanto a ordenação episcopal e de terem estabelecido certeza moral.
O Arcebispo Lefebvre reconheceu claramente sua obrigação de fornecer padres sobre cuja ordenação não houvesse dúvida. Foi esta uma das razões para as sagrações episcopais de 1988, como ele declarou no sermão para a ocasião:
“Bem sabeis, meus caros irmãos, que não pode haver padres sem bispos. Quando Deus me chamar – o que certamente não tardará –, de quem esses seminaristas receberão o Sacramento da Ordem? De bispos conciliares, que, devido a suas dúbias intenções, conferem sacramentos duvidosos? Isso não é possível.”
Ele prosseguiu explicando que não poderia deixar órfãos os fiéis nem abandonar os seminaristas que se lhe confiaram a si mesmos, pois “eles vieram aos nossos seminários, a despeito de todas as dificuldades que encontraram, para receber uma verdadeira ordenação ao Sacerdócio…” (Pe. François Laisney, Archbishop Lefebvre and the Vatican [O Arcebispo Lefebvre e o Vaticano], Angelus Press, p. 120). Ele considerou dever seu garantir a certeza do sacramento de Ordens Sacras pela sagração de bispos no rito tradicional, que ordenariam então somente no rito tradicional.
Devemos observar o equilíbrio do Arcebispo Lefebvre. Por um lado, é nosso dever evitar o excesso [sic (ndt)] do sedevacantismo, que irrazoavelmente nega a própria validade e existência da Igreja Pós-Conciliar e de seu sacerdócio. Por outro lado, todavia, devemos igualmente rejeitar a abordagem laxista e liberal que não leva a sério as dúvidas reais que podem surgir concernentes à validade das ordenações sacerdotais na Igreja pós-Conciliar, falhando em considerar a enorme importância e necessidade de um sacerdócio certamente válido para o bem da Igreja, para a salvação eterna e para a tranquilidade de consciência dos fiéis. Dada a gravidade dessas questões, nem sequer uma dúvida ligeira é aceitável. Daí o dever de examinar em cada caso particular a forma vernácula da ordenação sacerdotal, a intenção do bispo ordenante, o rito da sagração do bispo ordenante e a intenção dos consagradores.
Assim como os superiores levam a sério o seu dever de garantir a certeza moral das Sagradas Ordens de seus sacerdotes, seja por meio de ordenação condicional ou de investigação cuidadosa (quando possível), assim também devem os sacerdotes que se unem à Fraternidade aceitar a ordenação condicional em caso de até mesmo leve dúvida positiva, e assim também devem os fiéis reconhecer que cada caso é diferente e aceitar a decisão daqueles que são os únicos em posição de realizar as investigações necessárias. Pois, independentemente da questão técnica da validade das Sagradas Ordens de um sacerdote, todos reconhecemos o senso católico que nos diz que não pode haver mescla dos novos ritos bastardos com os ritos católicos tradicionais, princípio este elucidado com tanta simplicidade pelo Arcebispo Lefebvre, em 29 de junho de 1976:
“Nós não somos dessa religião. Nós não aceitamos essa nova religião. Nós somos da religião de sempre, da religião católica. Nós não somos dessa religião universal, como a chamam hoje. Essa não é mais a religião católica. Nós não somos dessa religião liberal e modernista que tem seu próprio culto, seus padres, sua fé, seus catecismos, sua Bíblia…”
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PARA CITAR ESTA TRADUÇÃO:
Pe. Peter SCOTT, da FSSPX, Os padres da Igreja Conciliar devem ser “reordenados” quando vêm para a Tradição?, trad. br. por F. Coelho, São Paulo, jan. 2011, http://wp.me/pw2MJ-hh
de: “Ought Priests of the Conciliar Church to Be ‘Re-Ordained’ When They Come to Tradition?”, The Angelus, set. 2007, pp. 27-30, http://www.sspx.org/miscellaneous/conditional_ordination.pdf
CRÍTICAS E CORREÇÕES SÃO BEM-VINDAS:
f.a.coelho@gmail.com
retirado de:
http://aciesordinata.wordpress.com/2011/01/08/textos-essenciais-em-traducao-inedita-xlvii/