É com enorme tristeza e pesar que testemunhamos um número cada vez maior de pessoas relativistas que se auto-intitulam agnósticas nesse mundo a fora... Aliás, se o Agnosticismo fosse apenas uma das ilógicas "idéais" absorvidas sem relutância pelos jovens (e também os já não tão jovens assim), ainda teríamos pouco trabalho; mas não é esse o caso.
É dificílimo imaginar uma família nos dias de hoje que não encontre sequer uma pessoa adepta ao agnosticismo/ateísmo, ou homosexualismo, paganismo, comunismo, modernismo, protestantismo e outros tantos 'ismos'...
Portanto, em suma, é dificílimo encontrarmos uma família genuinamente Católica em nossos países, ainda que eles sejam considerados "católicos"; ou pior, o maior deles! Como é o caso do Brasil.
A dor se agrava, ainda mais, quando tal irresponsável aderência (que ocasionará a pior das consequências) ocorre entre duas pessoas que possuem em suas veias o seu mesmo e exato sangue; tais irresponsabilidades alcançam níveis tão assombrosos que, até mesmo no famoso e fashion Facebook (aonde os pais e parentes dos envolvidos também possuem acesso), os mesmos não se envergonham em expôr mensagens com fotos de baixíssimo nível como essa:
Quanto a essas fotos, porém, gostaria de tecer alguns pequenos comentários:
Foto contradiória n*1 (Chapplin & Hitler) - Religião não define caráter
Não poderíamos sequer definir e/ou citar a palavra "caráter" se não houvesse a existência CONCRETA e ABSOLUTA do BEM e do MAL; Hitler poderia perfeitamente ser considerado um herói caso não houvesse uma verdade concreta e absoluta inserida no coração do homem e na Lei Natural, afinal, ele promoveu seu maquiavélico plano com aprovação de quase todo um país, na mais plena DEMOcracia; logo, o erro, a mentira, a injustiça, não são baseados em tempo, lugar ou aprovação popular, e sim na Lei de Deus, lei essa que é a raíz da palavra CARÁTER.
Quanto a Chapplin, só porque o mesmo foi bonachão e 'comédia', não quer dizer que ele deva ser um modelo a ser seguido, caso contrário deveríamos seguir os "aborrecentes" (tanto de idade quanto de mentalidade) dos dias de hoje, pois eles também são bonachões e suas idéias são risíveis (se não fossem trágicas).
Portanto, essa foto de Hitler e Chapplin é o retrato vivo da contradição!
Isso sem dizer que, Hitler, foi influenciado justamente por um dos pioneiros agnósticos: Friedrich Nietzsche!, que em seu triste fim de vida andava a conversar com bovinos; hoje, depois de morto, seu "diálogo" é com os asnos.
Foto contraditória n*2 (Torres Gêmeas) - Se Deus existe tudo é permitido
Antes de comentar a frase sobre as torres gêmeas, gostaria de deixar uma indagação sobre as torres gêmeas em si: Vocês, agnósticos, acreditam mesmo que as torres vieram abaixo pelas mãos de andadores de camêlo com "faquinha de chaveiro" em punho ao invés de interesses governamentais (ateístas por sinal)???
Vão ser crentes assim lá no... Afeganistão!!!
Deus existe e nem tudo é permitido; vede o 5* Mandamento que diz "Não Matarás" (salvo legítima defesa, pena de morte, etc.); logo, tal ato terrorista se encaixaria melhor nos 'mandamentos' dos ateus, pois, se não temos que responder á Ninguém por nossos atos num mundo vindouro (e nesse é por demais fácil fugir da justiça temporal), o que nos impediria de olhar primeiro para nossos próprios interesses (políticos, sociais, financeiros, etc.) ao invés do bem-estar e direito do próximo?!?!
Foto contraditória n*3 - A fé não dá respostas. Só impede perguntas
Acontece que tal premissa já se forma de maneira errada, justamente porque a palavra Fé, assim como inúmeras outras (amor, caridade, justiça, et cetera ad infinitum...) são TOTALMENTE deturpadas.
A Fé não é, e nunca foi divorciada da razão, basta um estudo superficial para perceber isso.
Se a Igreja impedisse perguntas, tenha certeza que padres e/ou religiosos jamais seriam capazes de inventar/descobrir/desenvolver coisas como o telescópio (para "perguntar" sobre os astros), a bússola (para "perguntar" sobre nossa localização), o relógio (para "perguntar" sobre as horas), o alfabeto (para "perguntar" sobre a língua), os óculos (para "perguntar" sobre a visão), o microscópio (para "perguntar" sobre as pequeninas coisas), as notas musicais (para "perguntar" sobre a música), as leis da maré (para "perguntar" sobre o mar e sua influência), o gás, zinco e o Arsênico (para "perguntar" sobre as riquesas naturais), a álgebra (para "perguntar" sobre os cálculos), as Universidades (para "perguntar" sobre a educação), os hospitais (para "perguntar" sobre a saúde dos necessitados), as instituições de caridade (para "perguntar" sobre a necessidade básica do próximo) etc., etc., etc.......
Foto contraditória n*4 - Somos todos ateus com os deuses dos outros
Elementar! O Ser Supremo e Excelentíssimo precisa ser único, e não pode haver igual a Ele, pois se assim fosse, Ele não seria o Ser Supremo e consequentemente não seria Deus, não é mesmo?! Segue-se, portanto, se Deus não fosse Único, Ele não seria Deus.
O fato de existir impostores não prova que não exista o Genuíno!
Mas, se a 'lógica' agnóstica/ateísta o faz acreditar assim... Meus pêsames!
Por isso existe o corretíssimo ditado que diz, "O ateu não é aquele que não acredita em nada, e sim aquele que acredita em tudo e qualquer coisa."
Aos agnósticos e ateus que quiserem ceder á boa vontade e curso lógico das coisas, saiba que São Tomás de Aquino explica brilhantemente (perdoe meu pleonasmo) a unicidade de Deus. Dê-lhes de presente o trabalho de ao menos ler o outro lado da moeda, é o mínimo que uma pessoa que abre a boca para tentar implicar que "o tudo vem do nada ou que a ordem vem da desordem" deve fazer.
JMJ
04/08/2011
São Domingos de Gusmão (4 de Agosto)
São Domingos de Gusmão nasceu em Caleruega, em Castela, a Velha (Espanha), em 24 de junho de 1170. Seus pais, de ilustre nascimento, foram Félix de Gusmão e Joana de Aza, que deram origem a uma família de santos. Além de Domingos, os dois outros filhos do casal morreram em odor de santidade. O primeiro foi Antônio de Gusmão, sacerdote que, distribuindo todos seus bens aos pobres, retirou-se a um hospital para servir Nosso Senhor Jesus Cristo em seus membros sofredores. Manes, o segundo, entrou depois para a Ordem dominicana, tornando-se grande pregador e exemplar religioso. Foi beatificado, juntamente com sua mãe, por Gregório XVI.
Não admira que, numa tal família, o menino Domingos se sentisse atraído para a virtude desde o berço. Conta a tradição que, antes de ele nascer, sua mãe fez uma novena no santuário de São Domingos de Silos, e que no sétimo dia, o santo abade apareceu-lhe rodeado de glória, para anunciar-lhe que o filho que trazia no ventre seria a luz do mundo e a consolação de toda a Igreja. Pouco depois ela viu em sonhos que dava à luz um pequeno que tinha uma tocha na boca e com ela começou a incendiar o mundo.
Maturidade precoce, exemplo de virtude
Diz-se que o pequeno Domingos, tão sério e maduro, era já dotado da sabedoria dos anciãos. Ele foi sempre modesto, recolhido, humilde, devoto, temperante e obediente.
Aos sete anos foi aprender as primeiras letras com seu tio, arcipreste em Gumiel d’Yzan, e aos catorze ingressou na universidade de Castela, em Palência. Durante 10 anos brilhou nos bancos escolares e deu exemplo de virtude.
“As verdades que compreendia graças à facilidade de seu espírito — diz seu primeiro biógrafo — regava-as com o orvalho dos afetos piedosos, a fim de que germinassem os frutos da salvação. Sua memória se enchia, como um silo, da abundância das riquezas divinas, e suas ações exprimiam no exterior o tesouro sagrado que enchia seu peito”.(1)
Os pobres, órfãos e viúvas encontravam nele um amparo e auxílio. Os sacerdotes que tinham dificuldades sobre a teologia, casos de consciência ou dúvida sobre pontos da Escritura acorriam às suas luzes. Nessa época ele dava lições públicas de Sagrada Escritura na Universidade de Palência.
Dedicação heróica à salvação das almas
O bispo de Osma, tendo conseguido reformar sua diocese, induziu os cônegos da catedral a viverem em comunidade, observando a regra de Santo Agostinho. Obteve que Domingos fosse para aquela cidade e vestisse o hábito de cônego regular. Pouco depois ele foi nomeado vice-prior dos cônegos, que era o mais alto posto, visto que o de prior o bispo acumulava com seu cargo episcopal. Domingos passou nove anos numa vida de contemplação e de união com Deus como cônego regular, dificilmente ultrapassando os limites da casa canonical.
Entretanto, ele estremecia ao saber que tantos se perdiam por falta de pregadores e implorava a Nosso Senhor Jesus Cristo que lhe proporcionasse um meio de consagrar-se por inteiro à salvação das almas.
Eis que ele é ouvido inopinadamente. “Tinha já trinta e três anos. Sua formação física, intelectual e moral estava terminada. Sem dar-se conta, Deus tinha ido temperando sua natureza heróica com um caráter essencialmente combativo. Tem uma ampla educação eclesiástica e universitária; a cátedra deu solidez a seus conhecimentos; a vida regular do cabido o iniciou nas vias da perfeição religiosa, e seu cargo à frente dos cônegos abriu-lhe as perspectivas da administração temporal e do regime das almas”.(2) Estava ele pronto para a grande odisséia espiritual de sua vida.
Heresia albigense incentivou seu zelo apostólico
Nossa Senhora guia São Domingos à vitória contra os albigenses.
No ano 1203 o Rei de Castela, Afonso VIII, pediu ao novo bispo de Osma, D. Diego de Acevedo, que fosse à corte da Dinamarca para negociar o casamento de um dos filhos do rei com uma princesa daquela terra, cuja formosura tinha sido celebrada na corte pelos trovadores. Com ele iria Domingos de Gusmão.
Era um longo caminho. Tinham que atravessar os Pireneus e entrar no sul da França.
Passaram por Toulouse, que era a capital dos hereges cátaros, uma seita maniqueísta que estava fazendo muitos prosélitos, inclusive atraindo os condes de Toulouse.
A vista dessa região devastada pela heresia impressionou sensivelmente os dois viajantes. Como diz um dos biógrafos de Domingos, ele sentia o cheiro dos inimigos da Fé, como Santa Catarina de Siena sentia o dos pecadores. Foi aí que Domingos deu-se conta da necessidade de uma congregação de pregadores apostólicos para se opor às heresias.
Continuaram sua viagem, mas foi esta do ponto de vista humano infrutífera, pois a princesa de quem iam pedir a mão falecera pouco antes. Os dois apóstolos ouviram falar então de umas tribos selvagens na Alemanha, que até então ninguém tinha conseguido evangelizar. Tomaram a resolução de ir a Roma pedir ao Sumo Pontífice permissão para ir evangelizar aqueles povos, o que incluía a resignação de D. Acevedo ao episcopado.
Mas Inocêncio III, que conhecia os méritos do bispo, e que julgava muito mais importante para a Igreja, no momento, combater a seita dos cátaros, não aceitou a resignação e apenas permitiu ao bispo que dedicasse dois anos à conversão dos cátaros antes de voltar à sua diocese.
Juntaram-se eles a alguns monges de Cister, que já estavam pregando entre os hereges, e se entregaram à difícil tarefa de reconduzir a Deus almas extraviadas pela perniciosa heresia.
Durante a pregação, estupendos milagres
Muitos milagres marcaram a evangelização de São Domingos de Gusmão entre os cátaros. Um dos mais famosos ocorreu em Fangeux, na diocese de Carcassona. Os líderes cátaros apareceram em grande número, trazendo o livro que continha todas suas heresias. São Domingos levava um caderno no qual havia refutado a maioria desses erros. Como não chegavam a nenhum acordo, decidiram apelar para a prova do fogo. O escrito que permanecesse incólume numa fogueira seria o verdadeiro. Fizeram uma grande fogueira e nela jogaram o livro dos cátaros. Pouco depois estava este reduzido a cinzas. Lançaram então ao fogo o escrito de Domingos. Este voou ao ar sem se queimar e foi pousar numa viga do teto, onde deixou uma marca de fogo. Por três vezes os hereges repetiram o ato, com o mesmo resultado. Mas nem mesmo esse milagre converteu aqueles corações empedernidos.
Santo Rosário: antídoto eficaz contra a heresia
Em 1207, em Prouille, São Domingos preocupou-se com a sorte de várias donzelas que seus pais não podiam sustentar, por causa da carestia que assolava a região, e reuniu-as no primeiro mosteiro dominicano da Ordem Segunda, a das monjas. Narram alguns dos biógrafos do Santo que foi na capela desse convento que Nossa Senhora apareceu a São Domingos e lhe disse que, “como a saudação angélica tinha sido o princípio da redenção do mundo, era necessário também que essa saudação fosse o princípio da conversão dos hereges; que assim, pregando o Rosário que contém cento e cinqüenta Ave Marias, ele veria um sucesso maravilhoso em seus trabalhos e os mais empedernidos sectários se converterem aos milhares”.(3)
A santidade de Domingos, seu rigoroso ascetismo, seu zelo inflamado, sua inalterável doçura, sua convincente eloqüência, começaram a produzir frutos esplêndidos. Muitas conversões se operaram, e em torno dele foi se juntando um grupo de jovens para receber sua direção e imitar seu exemplo. Esse foi o núcleo inicial do que seria depois a Ordem dos Predicadores ou Dominicanos.
Ordem dominicana: pregadores-cavaleiros de Cristo
São Domingos tinha 45 anos, em 1215, quando reuniu os seis primeiros discípulos em uma casa de Toulouse e lhes deu o hábito branco com a capa e capuz de lã negra dos cônegos regulares de Osma, que ele continuava vestindo. Entre estes seis primeiros estava seu irmão, o Beato Manes. Deviam formar eles um corpo de homens sábios, pobres e austeros, sendo que a ciência e a piedade deveriam ser os traços essenciais desses cavaleiros de Cristo. O trabalho manual ficava suprimido, o estudo prolongado, a oração litúrgica diminuída e os exercícios de penitência subordinados às exigências da pregação. São Domingos queria que seus discípulos fundassem casas nas principais cidades universitárias da Europa, a fim de atrair a juventude acadêmica para suas fileiras.
Inocêncio III concedeu sua primeira aprovação à Ordem nascente em 1215 e propôs no Concílio de Latrão, a todas as igrejas, aquele programa de renovação cristã e vida apostólica. Seu sucessor, Honório III, foi um protetor e amigo de Domingos e seus discípulos.
Encontro de dois santos exponenciais
Numa das viagens de Domingos a Roma, encontrou-se por acaso com Francisco de Assis, que para lá tinha ido a fim de obter a aprovação de sua obra. Sem se conhecerem anteriormente, eles dirigiram-se um ao outro e abraçaram-se, enquanto dizia Domingos: “Somos companheiros e criados de um mesmo Senhor; os mesmos negócios tratamos; os mesmos são nossos intentos; caminhemos como se fôssemos um só, e não haverá força infernal que nos desbarate”.
São Domingos de Gusmão faleceu aos 51 anos de idade, em 1221, e foi canonizado por Gregório IX em 1234.
E-mail do autor: pmsolimeo@uol.com.br
Notas:
1– Fr. Justo Perez de Urbel, O.S.B., Año Cristiano, Ediciones Fax, Madrid, 1945, vol. III, p. 281.
2– Id. p. 284.
3– Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, d’après le Père Giry, Paris, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, 1882, tomo IX, p. 283.
Outras obras consultadas:
John B. O'Conner, The Catholic Encyclopedia, Volume V, Copyright © 1909 by Robert Appleton Company, Online Edition, Copyright © 2003 by Kevin Knight.
Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1945, vol. IV.
Oferecido pela Revista Catolicismo
Não admira que, numa tal família, o menino Domingos se sentisse atraído para a virtude desde o berço. Conta a tradição que, antes de ele nascer, sua mãe fez uma novena no santuário de São Domingos de Silos, e que no sétimo dia, o santo abade apareceu-lhe rodeado de glória, para anunciar-lhe que o filho que trazia no ventre seria a luz do mundo e a consolação de toda a Igreja. Pouco depois ela viu em sonhos que dava à luz um pequeno que tinha uma tocha na boca e com ela começou a incendiar o mundo.
Maturidade precoce, exemplo de virtude
Diz-se que o pequeno Domingos, tão sério e maduro, era já dotado da sabedoria dos anciãos. Ele foi sempre modesto, recolhido, humilde, devoto, temperante e obediente.
Aos sete anos foi aprender as primeiras letras com seu tio, arcipreste em Gumiel d’Yzan, e aos catorze ingressou na universidade de Castela, em Palência. Durante 10 anos brilhou nos bancos escolares e deu exemplo de virtude.
“As verdades que compreendia graças à facilidade de seu espírito — diz seu primeiro biógrafo — regava-as com o orvalho dos afetos piedosos, a fim de que germinassem os frutos da salvação. Sua memória se enchia, como um silo, da abundância das riquezas divinas, e suas ações exprimiam no exterior o tesouro sagrado que enchia seu peito”.(1)
Os pobres, órfãos e viúvas encontravam nele um amparo e auxílio. Os sacerdotes que tinham dificuldades sobre a teologia, casos de consciência ou dúvida sobre pontos da Escritura acorriam às suas luzes. Nessa época ele dava lições públicas de Sagrada Escritura na Universidade de Palência.
Dedicação heróica à salvação das almas
O bispo de Osma, tendo conseguido reformar sua diocese, induziu os cônegos da catedral a viverem em comunidade, observando a regra de Santo Agostinho. Obteve que Domingos fosse para aquela cidade e vestisse o hábito de cônego regular. Pouco depois ele foi nomeado vice-prior dos cônegos, que era o mais alto posto, visto que o de prior o bispo acumulava com seu cargo episcopal. Domingos passou nove anos numa vida de contemplação e de união com Deus como cônego regular, dificilmente ultrapassando os limites da casa canonical.
Entretanto, ele estremecia ao saber que tantos se perdiam por falta de pregadores e implorava a Nosso Senhor Jesus Cristo que lhe proporcionasse um meio de consagrar-se por inteiro à salvação das almas.
Eis que ele é ouvido inopinadamente. “Tinha já trinta e três anos. Sua formação física, intelectual e moral estava terminada. Sem dar-se conta, Deus tinha ido temperando sua natureza heróica com um caráter essencialmente combativo. Tem uma ampla educação eclesiástica e universitária; a cátedra deu solidez a seus conhecimentos; a vida regular do cabido o iniciou nas vias da perfeição religiosa, e seu cargo à frente dos cônegos abriu-lhe as perspectivas da administração temporal e do regime das almas”.(2) Estava ele pronto para a grande odisséia espiritual de sua vida.
Heresia albigense incentivou seu zelo apostólico
Nossa Senhora guia São Domingos à vitória contra os albigenses.
No ano 1203 o Rei de Castela, Afonso VIII, pediu ao novo bispo de Osma, D. Diego de Acevedo, que fosse à corte da Dinamarca para negociar o casamento de um dos filhos do rei com uma princesa daquela terra, cuja formosura tinha sido celebrada na corte pelos trovadores. Com ele iria Domingos de Gusmão.
Era um longo caminho. Tinham que atravessar os Pireneus e entrar no sul da França.
Passaram por Toulouse, que era a capital dos hereges cátaros, uma seita maniqueísta que estava fazendo muitos prosélitos, inclusive atraindo os condes de Toulouse.
A vista dessa região devastada pela heresia impressionou sensivelmente os dois viajantes. Como diz um dos biógrafos de Domingos, ele sentia o cheiro dos inimigos da Fé, como Santa Catarina de Siena sentia o dos pecadores. Foi aí que Domingos deu-se conta da necessidade de uma congregação de pregadores apostólicos para se opor às heresias.
Continuaram sua viagem, mas foi esta do ponto de vista humano infrutífera, pois a princesa de quem iam pedir a mão falecera pouco antes. Os dois apóstolos ouviram falar então de umas tribos selvagens na Alemanha, que até então ninguém tinha conseguido evangelizar. Tomaram a resolução de ir a Roma pedir ao Sumo Pontífice permissão para ir evangelizar aqueles povos, o que incluía a resignação de D. Acevedo ao episcopado.
Mas Inocêncio III, que conhecia os méritos do bispo, e que julgava muito mais importante para a Igreja, no momento, combater a seita dos cátaros, não aceitou a resignação e apenas permitiu ao bispo que dedicasse dois anos à conversão dos cátaros antes de voltar à sua diocese.
Juntaram-se eles a alguns monges de Cister, que já estavam pregando entre os hereges, e se entregaram à difícil tarefa de reconduzir a Deus almas extraviadas pela perniciosa heresia.
Durante a pregação, estupendos milagres
Muitos milagres marcaram a evangelização de São Domingos de Gusmão entre os cátaros. Um dos mais famosos ocorreu em Fangeux, na diocese de Carcassona. Os líderes cátaros apareceram em grande número, trazendo o livro que continha todas suas heresias. São Domingos levava um caderno no qual havia refutado a maioria desses erros. Como não chegavam a nenhum acordo, decidiram apelar para a prova do fogo. O escrito que permanecesse incólume numa fogueira seria o verdadeiro. Fizeram uma grande fogueira e nela jogaram o livro dos cátaros. Pouco depois estava este reduzido a cinzas. Lançaram então ao fogo o escrito de Domingos. Este voou ao ar sem se queimar e foi pousar numa viga do teto, onde deixou uma marca de fogo. Por três vezes os hereges repetiram o ato, com o mesmo resultado. Mas nem mesmo esse milagre converteu aqueles corações empedernidos.
Santo Rosário: antídoto eficaz contra a heresia
Em 1207, em Prouille, São Domingos preocupou-se com a sorte de várias donzelas que seus pais não podiam sustentar, por causa da carestia que assolava a região, e reuniu-as no primeiro mosteiro dominicano da Ordem Segunda, a das monjas. Narram alguns dos biógrafos do Santo que foi na capela desse convento que Nossa Senhora apareceu a São Domingos e lhe disse que, “como a saudação angélica tinha sido o princípio da redenção do mundo, era necessário também que essa saudação fosse o princípio da conversão dos hereges; que assim, pregando o Rosário que contém cento e cinqüenta Ave Marias, ele veria um sucesso maravilhoso em seus trabalhos e os mais empedernidos sectários se converterem aos milhares”.(3)
A santidade de Domingos, seu rigoroso ascetismo, seu zelo inflamado, sua inalterável doçura, sua convincente eloqüência, começaram a produzir frutos esplêndidos. Muitas conversões se operaram, e em torno dele foi se juntando um grupo de jovens para receber sua direção e imitar seu exemplo. Esse foi o núcleo inicial do que seria depois a Ordem dos Predicadores ou Dominicanos.
Ordem dominicana: pregadores-cavaleiros de Cristo
São Domingos tinha 45 anos, em 1215, quando reuniu os seis primeiros discípulos em uma casa de Toulouse e lhes deu o hábito branco com a capa e capuz de lã negra dos cônegos regulares de Osma, que ele continuava vestindo. Entre estes seis primeiros estava seu irmão, o Beato Manes. Deviam formar eles um corpo de homens sábios, pobres e austeros, sendo que a ciência e a piedade deveriam ser os traços essenciais desses cavaleiros de Cristo. O trabalho manual ficava suprimido, o estudo prolongado, a oração litúrgica diminuída e os exercícios de penitência subordinados às exigências da pregação. São Domingos queria que seus discípulos fundassem casas nas principais cidades universitárias da Europa, a fim de atrair a juventude acadêmica para suas fileiras.
Inocêncio III concedeu sua primeira aprovação à Ordem nascente em 1215 e propôs no Concílio de Latrão, a todas as igrejas, aquele programa de renovação cristã e vida apostólica. Seu sucessor, Honório III, foi um protetor e amigo de Domingos e seus discípulos.
Encontro de dois santos exponenciais
Numa das viagens de Domingos a Roma, encontrou-se por acaso com Francisco de Assis, que para lá tinha ido a fim de obter a aprovação de sua obra. Sem se conhecerem anteriormente, eles dirigiram-se um ao outro e abraçaram-se, enquanto dizia Domingos: “Somos companheiros e criados de um mesmo Senhor; os mesmos negócios tratamos; os mesmos são nossos intentos; caminhemos como se fôssemos um só, e não haverá força infernal que nos desbarate”.
São Domingos de Gusmão faleceu aos 51 anos de idade, em 1221, e foi canonizado por Gregório IX em 1234.
E-mail do autor: pmsolimeo@uol.com.br
Notas:
1– Fr. Justo Perez de Urbel, O.S.B., Año Cristiano, Ediciones Fax, Madrid, 1945, vol. III, p. 281.
2– Id. p. 284.
3– Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, d’après le Père Giry, Paris, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, 1882, tomo IX, p. 283.
Outras obras consultadas:
John B. O'Conner, The Catholic Encyclopedia, Volume V, Copyright © 1909 by Robert Appleton Company, Online Edition, Copyright © 2003 by Kevin Knight.
Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1945, vol. IV.
Oferecido pela Revista Catolicismo