12/06/2012

Mais um sermão, dessa vez Padre Michel Koller (FSSPX)

Meus queridos fiéis, em vez de dar um sermão hoje eu gostaria de compartilhar com vocês meus pensamentos sobre uma situação, a fim de ajudá-los em suas próprias reflexões, assim como eu mesmo devo fazer. Como a maioria de vocês sabem, haverão documentos assinados em Roma para reconhecer a Fraternidade Sacerdotal São Pio X esta semana, dando-lhe uma prelatura pessoal, isto é, que será diretamente dependente do Papa. Diante da gravidade deste ato, eu aprendi com que o dia do meu batismo, o dia da minha confirmação e especialmente o dia da minha ordenação sacerdotal, recebi deveres a cumprir, assim como você também recebeu. O primeiro dever era estudar a minha fé. Segundo dever: mostrar a minha fé, praticá-la. Terceiro dever: defender a minha fé contra o erro. Hoje a minha fé está em perigo. Porque meus queridos fiéis, se hoje eu não quero passar por toda a história de que nos levou à assinatura de um acordo, permita-me citar apenas alguns os textos e dar alguns breves comentários sobre eles para que vocês percebam o que está em jogo com o tal acordo. E que depois todo mundo possa ser capaz, depois de reflexão e meditação, de extrair as conseqüências e agir em conformidade.





A Primeira frase que eu gostaria de comentar é uma frase escrita por Mons. Fellay em 14 de abril de 2012, escrevendo para os outros três bispos da Fraternidade São Pio X, aos quais se mostraram uma firme oposição de qualquer acordo com Roma. Desta carta retirarei uma frase, "Para o bem comum da FSSPX preferimos nosso presente 'status quo' do que uma situação provisória, mas Roma não está disposta a tolerar por mais tempo." Meus queridos fiéis, esta frase é extremamente grave em suas conseqüências, afinal, você  assim como eu, aprendemos que um pai de família tem o dever primário de proteger o bem-estar de sua família. O chefe de uma empresa tem o dever primário de proteger o bem-estar de seu negócio e é assim também para com um Superior de uma Comunidade Religiosa. Mas, então, eu leio aqui, que para o bem comum da FSSPX é preferível ficar na nossa presente situação, mas, ao mesmo tempo, que Mons. Fellay prefere sair desse bem comum da Fraternidade. Claro que podemos legitimamente perguntar-nos: Se Mons. Fellay está fazendo isso é porque há possivelmente uma mudança favorável pelo lado de Roma e, se esse fosse o caso, seria bom e oportuno para aproximar-se um pouco mais do Papa.Meus queridos fiéis, para aqueles de vocês que tiverem estudado a questão um pouco que seja sobre uma mudança, tanto na Cúria Romana quanto no Papa Bento XVI, nota, assim como eu, o seguinte; isso são fatos: Quando o Motu Proprio de 7 de julho de 2007 foi promulgado, liberando a Missa Tridentina, observadores tiveram o cuidado de analisar as intenções de seu autor, olhando para o que ele iria fazer. É verdade que o Motu Proprio ao liberar a Missa Tradicional (como se ela precisasse ser liberada se assim preferir) deixou uma primavera adentrar na Igreja. No entanto é bom lembrar que, em 21 de outubro de 2007, o Papa fez o encontro inter-religioso em Nápoles, em abril de 2008 visitou a sinagoga de Nova York. Como você sabe, não foi para admirar a arquitetura, mas por outro motivo muito mais sério. Em 2008 ele foi para Sydney com sua liturgia inculturada e seu ritual pagão, que foi introduzido na liturgia na presença do Santo Papa. Em maio de 2009, o Santo Papa visitou uma Mesquita em Jerusalém. Da mesma forma não foi para admirar a arquitetura, mas para rezar lá. Ainda em 2009, no mesmo dia, houve o ritual Judaico no Muro das Lamentações, que é algo que só os Judeus fazem, mas naquele dia foi praticado por Bento XVI. Em Janeiro de 2010, houve uma visita à sinagoga de Roma, março 2010 a participação ativa num serviço Luterano em Roma; em Maio de 2011 veio a beatificação de João Paulo II, e em outubro de 2011 a repetição do escândalo em Assis, onde não só foram todos os tipos de religiões, como até os ateus também -- e foram aptos de se expressarem, não sua fé, é claro, mas seu ponto de vista sobre a fé.

Tantas coisas, meu queridos fiéis, que têm marcado esta Primavera na Igreja, que deveria ter sido o resultado do Motu Proprio. Pode-se acrescentar uma infinidade de palavras, mas vamos nos limitar a ações como acabamos de fazer. Seus atos são extremamente sérios diante de Deus porque ele está pecando principalmente contra o primeiro mandamento, mas pecam igualmente por seus atos. Como Mons. Lefebvre disse, ele (Papa Bento XVI) continuou no trabalho de destronar Nosso Senhor Jesus Cristo. Claro, meu queridos fiéis, alguns de vocês que foram alimentando uma grande esperança, dizendo: você não pode apenas olhar para as coisas ruins que ele faz, já que ele está estendendo a mão para nós. Bem, queridos fiéis, eu respondo, usando as próprias palavras de Mons. Fellay. "Assinar um acordo com Roma acarretará consequências e, dentre elas, aqui estão alguns exemplos: (estou apenas citando Dom Fellay -- Você encontrará isso no jornal oficial da Fraternidade São Pio X,.. nº 256, em um artigo intitulado - Entrevista com Monsenhor Fellay sobre a nossa atitude em relação a Roma -- Estas palavras não são minhas. Queridos fiéis, eu insisto, precisamos considerar as conseqüências de tal ato.) Entre as muitas perguntas que foram colocadas para Mons. Fellay, uma foi a seguinte: "Uma prelazia pessoal é a estrutura canônica que você mencionou em declarações recentes. Agora, no Código de Direito Canônico, cânon 297, exige-se não só a informar os Bispos Diocesanos sobre a fundação de uma obra no seu território, como também obter sua permissãoEmbora seja claro que qualquer reconhecimento canônico irá preservar nosso apostolado em seu estado atual, você está inclinado a aceitar a eventualidade de que futuros trabalhos só serão possíveis com a permissão dos Bispos das Dioceses onde a FSSPX não está presente hoje Resposta de Dom Fellay: Isso continua sendo verdade --pois é a lei da Igreja--, pois para abrir uma nova capela ou fundar uma obra, seria necessário ter a permissão do Ordinário Local. Temos relatado a Roma quão difícil é nossa presente situação nas Dioceses, obviamente, e Roma ainda está trabalhando nisso. Aqui ou acolá essa dificuldade vai ser real, mas desde quando a vida é desprovida de dificuldades?

 Vamos, então, ser muito claros meu queridos fiéis, a partir da data da assinatura do documento, cada capela, cada ação individual em uma Diocese terá que ter a permissão do Bispo Local. Ou melhor ainda (ou pior ainda) outra questão a Dom Fellay: "Uma vez mais, se houver um reconhecimento canônico, você irá dar a oportunidade á alguns cardeais da Cúria ou alguns bispos de visitar suas capelas, para celebrar a Missa, administrar a Confirmação, talvez até para ordenar sacerdotes em seus seminários ?" Resposta: "Os bispos que são a favor da Tradição (gostaria de saber quem eles são) e os Cardeais conservadores vão se aproximar. Pode-se prever um desenvolvimento integral, sem conhecer os detalhes particulares. (Nós vamos para adiante na incerteza, mas pelo menos vamos adiante!) E certamente haverão dificuldades, o que é completamente normal. Não há dúvida que as pessoas vão nos visitar, mas para uma colaboração mais precisa, como a celebração da Missa ou Ordenações, dependerá das circunstâncias." Então, meu queridos fiéis, vocês podem esperar para ver Mons. Simon Hypolite aqui, talvez até mesmo para a confirmação. Boa sorte á vocês.

Agora, alguns dirão: Ok, mas mesmo assim você não deve exagerar, existem alguns bons Bispos que vão se espelhar em nós. A resposta, mais uma vez, não é minha; mas dos próprios Bispos Diocesanos. Relativo à integração da Fraternidade de São Pio X em todas as Dioceses, isso é o que os Bispos da França dizem... citaterei-os: "Será que o reconhecimento da FSSPX mudará a situação nas Dioceses? Muitos Bispos não pensam assim e dizem que  "os que foram anteriormente marginalizados e ilegais se tornarão marginalizados e legais, assim como os municipialidados que são concedidos um pedaço de terra, assim como aos ciganos que já ocupavam territeorio. Obrigado pelo o "ilegal", obrigado pelo "cigano" e obrigado pelo "pedaço de terra". Vou me lembrar disso.  

Um pequeno detalhe que é dito a propósito, neste artigo que não é da FSSPX nem meu, mas da Igreja Moderna, sobre a Missa do Motu Proprio que é a Missa de São Pio V, que foi autorizado (como se precisava de uma autorização) pelo Papa Bento XVI por aquilo que ele chamou de Motu Proprio. Os fiéis tiveram a oportunidade de ter essa missa? O artigo passa por cada Diocese. Eu não vou ler tudo, não é necessário. Na diocese de Poicy e Armante, a aplicação do texto de Bento XVI foi bloqueada. Em Paris, Mons. Trois Veignt não concederá a Missa de St. Estevão no 5 º Distrito, apesar de uma forte demanda local. Na Diocese de Vanne, Dom Centaine não tomou conhecimento do Motu Proprio. Em Reims, Mons. Thierry sempre foi conhecido como um dos inimigos mais cruéis de qualquer contaminação tradicional (obrigado pelo "contaminação") do clero Diocesano. Ele não permitirá que a Missa semanal em sua Catedral/Cidade. Aqui na Diocese de Clermont,  Mons. Simon disse ao Padre Hypolite Chabria (infelizmente falecido, eu sei disso diretamente pelo Padre Chabria), a Missa Tradicional no Auvergne será celebrada desde que a FSSPX esteja presente aqui. Assim que eles desaparecerem, não teremos mais a Missa aqui.

Meus queridos amigos, a assinatura aconteceu. Se você, e falo principalmente aqui para a velha guarda, que lutou por 40 anos, procurando um lugar para atender a Missa, refugiando-se em garagens, locais insalubres, porque você foi criticado, condenado, contado com os transgressores pela igreja modernista. Você lutou por 40 anos para nada? Para agora fazer uma aliança com aqueles que não mudaram um jota? É como se perguntassem a um soldado que lutou no Vietnã se ele votaria para François Hollande, para os comunistas? Eu não lhe darei a resposta dele, porque isso é resposta de um soldado de verdade. É impensável para este soldado apoiar os comunistas depois de ter lutado, colocado sua vida em risco; na verdade, centenas, milhares de seus companheiros já estão mortos por causa do comunismo. E eu digo a você também, eu lutei pessoalmente durante trinta anos contra o modernismo, e eu estava presente na morte de vários irmãos que eram desprezados pelos Bispos, pelos Papas; e agora você quer me ver fazendo um acordo com essas pessoas? Vocês, ou alguns de vocês, são livres para rolar-se no meio dessa lama, mas farão isso sem mim.

Então, meus queridos amigos, para resumir, gostaria de dar-lhes alguns pequenos princípios. Meus queridos fiéis, vocês podem ser a favor ou contra o acordo. Mas há uma coisa que você e eu temos que fazer é considerar os princípios da fé. Em primeiro lugar deixe-me lembrá-lo o que Padre Barielle, Professor em Econe e Confissor de Mons.Lefebvre disse... Ele era um homem de fé e providencialmente ajudou a FSSPX, dando-lhes os exercícios espirituais de Santo Inácio. Isto é o que ele escreveu em 1982. Eu estou escrevendo isto para servir como uma lição para todos. O dia em que a FSSPX abandonar o espírito e as regras de seu fundador ela estará perdida. Mais que isso, todos os nossos irmãos que a partir de agora nos julgam, e logo condenam nosso fundador e seus princípios, não hesitam em retirar o ensinamento tradicional da Igreja e da Missa instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo da FSSPX. Meus amigos, não há exceções  no o Padre escreveu. Todos aqueles, sem exceção, que criticaram Mons. Lefebvre e que fizeram uma aliança com Roma, todos eles, sem exceção, tiveram que engolir o Concílio Vaticano II e seus erros, bem como a Nova Missa. Qual é, então, o espírito do fundador? Nunca se esqueçam, caríssimos fiéis, e isso é o que o Padre Barielle sempre me dizia, Mons. Lefebvre recebeu a graça de fundar a FSSPX. Nenhum dos outros membros têm essa graça.Eles receberam a graça de seguir o trabalho de mons. Lefebvre. Se nós quisermos mudar a graça recebida por Mons. Lefebvre, estaremos fazendo algum além e iremos cair. O que Mons. Lefebvre diz? É nisso que eu me baseio e são esses princípios que eu lhe peço para meditar. Em 27 de Novembro de 1988, depois das Consagrações Episcopais, Mons. Lefebvre foi excomungado por Roma Modernista, e é isso que ele disse. "A verdadeira e fundamental oposição entre nós e Roma é o Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele reinará, diz São Paulo, nosso Senhor veio para reinar. Eles dizem não e nós dizemos sim com todos os Papas. Por que houve missionários por tantos anos? Para pregar que Jesus Cristo é o verdadeiro Senhor, para dizer aos pagãos se converterem. E agora temos de parar e dizer aos pagãos que sua religião é ok, continue nela; desde que vocês sejam bons budistas, muçulmanos e pagãos. É por isso que nunca poderemos concordar com Roma, pois obedecemos nosso Senhor Jesus Cristo, que disse aos Apóstolos: Ide e ensinai o Evangelho até os confins da terra. É por isso que não é surpreendente que não podemos concordar com Roma. Enquanto Roma não retornar à fé do Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo não será possível. É por isso que eles nos dão a impressão de que todas as religiões são boas, nossa luta é um ponto da Fé Católica.

Alguns meses mais tarde, mas ainda em 1988, Monsenhor disse, precisamos estar determinados a não fazer nenhum compromisso, tanto no que diz respeito aos sedevacantistas, aqueles que pensam que não há Papa, quanto aqueles que querem absolutamente ser sujeitos à autoridade eclesiástica. Queremos permanecer anexado ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Agora, o Vaticano II foi destronou Nosso Senhor. Queremos permanecer fiéis ao Senhor, o Rei, Príncipe Regente de todo o mundo. Nós não podemos mudar nada nessa linha de ação. Da mesma forma, quando nos perguntam quando haverá um acordo com Roma, a minha resposta é simples: quando Roma reconhecer a Realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nós nunca podemos concordar com aqueles que destronam o Nosso Senhor. O dia em que eles reconhecerem novamente Nosso Senhor, o Rei das Nações, não será nos juntarmos à Igreja, mas a volta deles para a Igreja aonde nós permanecemos. Isso, meu queridos fiéis, é o que eu poderia assinar hoje. No dia da minha ordenação sacerdotal assinei o juramento anti-modernista, o que quer dizer que eu assinei para lutar contra esse erro que é a síntese de todos os erros de acordo com as palavras de São Pio X. Eu não só assinei, como não vou retirar a minha assinatura, mesmo que me joguem para fora das Igrejas que temos construído. A Fraternidade de São Pio X que eu aderi de forma absoluta, mas á FSSPX que é anti-modernista, ela continuará e eu vou continuar nela. E isso até minha morte. Para terminar gostaria de afirmar que eu vivi por muitos anos com um sacerdote santo, chamado Padre LaPraz, que ofereceu a sua vida e todos os seus sofrimentos não só para a Igreja, mas para a FSSPX. E eu com certeza sei, depois de ter conversado muitas e muitas vezes com ele sobre isso, eu sei que ele nunca teria assinado qualquer outra coisa que não seja o juramento anti-modernista. Já em 1990, o Padre LaPraz percebeu que havia pessoas haviam se infiltrado na FSSPX da mesma forma que foi feito no Concílio Vaticano II. Nós notificamos os responsáveis. A única coisa que recebemos em troca foi um golpe com o báculo. Mas isso não importa, pois vamos continuar esta luta, porque nós assinamos, porque amamos a Igreja, a verdadeira Igreja. Vamos continuar esta luta com todos aqueles que desejam lutar conosco. Graças a Deus, queridos fiéis, estamos trabalhando para o Céu e não para este ou aquele Bispo ou por este ou aquele Papa. Eu estou trabalhando para Cristo Rei e para mais ninguém. Deixe isso ser dito e repetido. Eu digo isso e eu te abençoo. Amen.
   

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