25/05/2012
21/05/2012
Elogios viciados
Sidney Silveira
Ensinam os grandes teólogos que o pecado possui três fontes principais: a ignorância, a paixão e a malícia. E, numa escala progressiva, o mal de culpa decorrente das ações humanas contrárias à lei natural, à reta razão e à lei divina possui uma gradação que culmina na malícia — a qual, de acordo com Santo Tomás, é pecado ex electione, ex industria e ex certa scientia. Em palavras chãs, é mais culpável o malicioso que o ignorante e o apaixonado.
O ignorante peca porque, no ato, lhe falta a ciência que impediria a ação má (sicut removens prohibens), e nestas ocasiões se diz que peca circunstancialmente por ignorância, sendo esta mais ou menos culpável na medida em que o ignorante possua maior ou menor condição de conhecer o que ignora. O apaixonado, por sua vez, sucumbe a um ímpeto instantâneo e transitório, fruto de maus hábitos adquiridos que o predispõem ora à incontinência, ora à intemperança — as quais cegam a inteligência. Por fim, o malicioso age com ciência certa do malefício que procura impingir ao próximo. Aqui, a inteligência não está obnubilada, enevoada ou impedida, ao realizar-se o ato propriamente humano, razão pela qual a responsabilidade é incomensuravelmente superior à dos outros dois casos.
À luz destes princípios, podemos obter um retrato seguro da responsabilidade moral daqueles que defendem um acordo político-prático entre a FSSPX e as autoridades que hoje comandam a Hierarquia da Igreja. A propósito, antes de tudo diga-se que, em sua imensa maioria, estes pró-acordistas de primeira hora desde sempre foram críticos severíssimos da FSSPX (à qual acusavam ora de cismática, ora de sectária, ora de sedevacantista, etc.), e o seu apoio ao acordo político dela com Roma não é outra coisa senão a confirmação de sua proverbial atitude anti-FSSPX. Assim, se agora elogiam a “coragem” de D. Fellay é porque este mudou radicalmente de posição, como ficou patente em sua carta aos demais bispos da FSSPX, veiculada mundo afora. É como se elogiassem o Flamengo por ter tido a “coragem” de virar Corinthians. Na verdade, odeiam o Flamengo e louvam o fato de ele querer deixar de ser o que sempre foi. Ao defenderem o acordo, defendem a si mesmos.
Tal louvação pró-acordista passa ao largo da única questão que realmente importa: a doutrinária, que no caso católico, por sua absoluta superioridade, é subordinante em relação a qualquer posição política defensável — a menos que concedêssemos que as verdades no âmbito da razão prática não são as reitoras do bom governo, que, como ensinara Santo Tomás, visa ao bem comum e não ao bem de alguns. Foi a questão doutrinária, e não a “política”, o que fez D. Marcel Lefevbre criar a FSSPX com o intuito de preservar íntegra a fé — fé que corria o risco de perder-se devido à sistemática demolição levada adiante pelos modernistas nas instâncias litúrgica, pastoral, estética, dogmática, etc. Uma verdadeira revolução cujos frutos são de uma escandalosa evidência.
Os malefícios dessa revolução perpetrada pelas autoridades atingiram todo o Corpo Místico e afastaram da fé muitos católicos, sobretudo os das gerações mais novas, que passaram a aprender dos neocatequistas oficiais algo que não é a fé — mas uma espécie da anti-fé: Deus não castiga; Adão e Eva são um mito; a Igreja de Cristo “subsiste” na Igreja Católica; os judeus são nossos primogênitos na fé; os muçulmanos adoram o mesmo Deus que os católicos; os dogmas evoluem; há salvação fora da Igreja; a salvação é universal, entre outras coisas porque Cristo verteu o seu sanguepor todos e não por muitos; o limbo é mera suposição sem base na Sagrada Escritura; a fé é um sentimento; todas as religiões são verdadeiras e, cada qual a seu modo, religam a Deus; Lutero foi um grande homem que combateu a corrupção da Igreja; o fiel católico deve confessar-se apenas uma vez ao ano; as Cruzadas são uma coisa de que a Igreja deve envergonhar-se; as sagradas espécies eucarísticas podem ser tocadas por qualquer um; a batina é pura e simples desnecessidade; não podemos rezar pela conversão dos judeus na Sexta-Feira Santa; e, como não poderia deixar de ser, Maomé é gente muito fina, pessoa respeitabilíssima, como dão a entender os documentos da Pontifícia Comissão para o Diálogo Inter-religioso.
Aqui se apresenta uma verdade deveras incômoda: com uma ou outra exceçãozinha acidental, todas estas coisas continuam a ser ensinadas intra muros da Igreja pós-conciliar, seja nos Seminários, nas comissões teológicas criadas para fomentar um interminável debate ou, ainda, de viva-voz pelas autoridades eclesiásticas. Mas os pró-acordistas — muitos dos quais interessados no crescimento de seus próprios grupos, estes sim, de caráter notadamente sectário — preferem imaginar que os Papas pós-conciliares são como maridos enganados: pessoas simplesmente traídas por seus subordinados; pessoas que estão de mãos “atadas” e nada ou quase nada podem fazer, como se em verdade de nada lhes servisse a Suprema Autoridade Apostólica participada a eles por Cristo. Conheço o vasto repertório de argumentos desse pessoal, que para se justificar chega a forjar comparações indevidas, totalmente impróprias, com momentos do passado na gloriosa história da Igreja.
O apoio público de gente com este perfil ao acordo da FSSPX com Roma está, portanto, viciado na raiz, pois não é outra coisa senão o fiel espelho de sua ojeriza àquilo que a FSSPX sempre foi e representou: uma resistência tradicional, doutrinária — sem concessões de nenhuma ordem — ao modernismo entronizado pelo Concílio Vaticano II. Modernismo este que, a propósito, “consagrou” o ecumenismo (e ainda hoje o apóia e difunde claramente); contaminou perigosamente a matéria dos sacramentos; gerou a Missa-mostrengo-carismática e todas as que dela derivaram; transformou o Catecismo num tratado fenomenológico intragável e quase incompreensível; atingiu em cheio as vocações; pôs em xeque dogmas multisseculares, comopor exemplo o do Limbo; passou a orientar o Magistério pelo consenso “plurânime” dos neoteológicos modernistas (como demonstrou o Pe. Álvaro Calderón em A Candeia Debaixo do Alqueire). Coloquemos aqui mil etcéteras para não enumerar ad infinitum os frutos dessa revolução que ainda está em curso, embora no atual momento contemple ela todas as vozes, inclusive as neconservadoras que, é claro, não ousem dizer um veemente e público “não” ao Vaticano II e ao Magistério que se lhe seguiu.
Ademais, erram os pró-acordistas por fazerem vista grossa ou ignorarem o seguinte princípio metafísico: o mais pode o menos, mas o menos não pode o mais. Tal princípio é universal no plano ontológico e, por conseguinte, impera na ordem prática, em que a política é ciência arquitetônica. Isto significa queuma política não pode transmudar-se de má em boa — como num passe de mágica — se não se apoiar em algo que, no plano noético, esteja acima dela: o conjunto de verdades fundamentais acerca da natureza humana (e de sua orientação teleológica a Deus), que, se defraudado, será fonte de males sem fim na ordem política. Neste contexto, qualquer acordo político-prático que jogue, de uma forma ou de outra, para debaixo do tapete as questões doutrinárias que são a razão de ser da FSSPX, e mais que isso, que orientaram a resistência católica à caudalosa tsunami modernista, pode perfeitamente receber o nome de negociata. Ou seja: um negócio bom para alguns, mas contrário ao interesse comum da Igreja, que é o bem das almas.
A posição do Mosteiro da Santa Cruz, de Friburgo (RJ) — que é a mesma dos três bispos da Fraternidade que chamaram D. Fellay à responsabilidade de não pôr em perigo a obra de defesa da Tradição construída por D. Lefevbre — parece-nos a mais sensata, prudente e doutrinariamente sã, na hora presente: não se pode apoiar um acordo que deixe para segundo plano as questões atinentes à doutrina católica de sempre. Fazer isto é ter da política uma concepção segundo a qual a verdade é apenas um detalhe, e não o vetor decisivo dapraxis humana.
O elogio a um acordo meramente prático-político entre Roma e a FSSPX, como se apontou acima, é viciado. É na verdade um auto-elogio, quando saído da boca de críticos históricos da Fraternidade. Mas se algumas dessas pessoas agem assim por ignorância, paixão ou malícia (ou ainda uma mescla dos três), é algo que não há como saber. E por isso não nos cabe julgar.
Malgrado saibamos que a conseqüência prática desse erro crucial do seu apostolado seja trabalhar pela disseminação em larga escala de uma obtusa obediência a erros que, em si, são verdadeiros crimes contra a fé. E estimular uma omissão grandemente culpável.
Indaguemos, por fim, o seguinte: quem realmente está carecendo da “visão sobrenatural" da fé, D. Fellay ou os três outros bispos consagrados por Marcel Lefevbre?
P.S. Nos últimos sete anos, embora tenha travado contato com gente de primeira linha, bondosa, profunda, leal e honesta, infelizmente conheci entre católicos alguns dos piores espécimes humanos com que deparei em toda a minha vida. Detratores, maledicentes, mentirosos, pessoas escudadas em grupelhos, covardes, incapazes de verdadeira amizade, opiniáticos que nunca estudaram seriamente teologia e acham que podem adentrar o terreno de uma discussão doutrinal, apenas porque leram algo do Magistério ou deram ouvidos ao guru do dia. Alguns são semi-analfabetos funcionais que posam de apologetas, e não deixo de pensar nessas horas que a Igreja — quando o seu Magistério velava pela unidade da doutrina — produzia às pencas apologetas de talento retórico, profundidade filosófica e conhecimento (teórico e prático) da fé. Agora, sujeitos que não escrevem lé com cré acreditam ser guardiões da fé.
Tal fenômeno, infelizmente, não se observa apenas entre leigos; tive contato com padres ditos amigos da tradição capazes de fofocas e calúnias monstruosas, cegos em sua ambição de assumir um papel de proa na atual crise da Igreja e de arregimentar seguidores custe o que custar — atacando seus colegas de batina de forma soez e tentando calar os leigos conhecedores da doutrina, numa flagrante impostura clericalista (não há como não lembrar, aqui, o seguinte: em sua acirrada polêmica contra o herege Siger de Brabante, Santo Tomás jamais usou contra ele o “argumento” de ser leigo). Em suma, não tenho, e não mais quero ter, nenhum tipo de contato pessoal com essa gente. Se porventura me encontrarem nalguma Missa ou evento, por favor passem direto. Não preciso da sua simpatia nem dos seus maus conselhos. E não me peçam para citar nomes, porque neste caso as pessoas não importam, mas o que fazem.
Já pedi sacramentalmente perdão a Deus porque, no passado, antes da minha conversão, houve algumas poucas ocasiões em que freqüentei prostitutas, além de ter tido uma vida moralmente irresponsável, no que tange a relacionamentos amorosos, coisa de que muitíssimo me arrependo, razão pela qual entendo perfeitamente o "tarde Te amei, Senhor", de Agostinho. Seja como for, conhecer prostitutas serviu-me para constatar o seguinte — vejo-o agora claramente: entre elas não vi, nem de longe, a malícia dessa gente pseudotradicional que, durante os dias da semana, detrata irresponsavelmente o seu próximo, peca contra a verdade e joga na lama a honra alheia, para no domingo comungar com a cara mais lavada deste mundo, numa falsa boa consciência de dar dó.
Não à toa disse Cristo que as meretrizes irão preceder a fariseus desta estirpe no reino dos céus.
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Fraternidade São Pio X (Série Sim Sim, Não Não)
Dom Lourenço Fleichman OSB
Está sendo difundido em alguns blogs um artigo meu antigo, sem que se avise ao leitor que ele não é atual. Lendo-o com a falta de atenção que costumam usar, querem insinuar que eu defendo o atual processo de união entre a Fraternidade S. Pio X e o Vaticano. Convido os leitores a ler esse texto prestando a atenção devida, e perceberão que minha defesa de Dom Fellay nesse antigo artigo está baseada na afirmação categórica de que o Superior Geral da Fraternidade não faria, naquela ocasião, nenhum acordo prático, pois assim sempre ensinou em suas conferências: sem a conversão das autoridades romanas, não se pode pensar em acordo prático.
É evidente que nessa hora de grande perturbação e angústia para todos os fiéis católicos da Tradição, em que vemos Dom Fellay declarar que deseja esse acordo prático, é preciso ter os critérios verdadeiros diante de si: a fé sobrenatural exige nossa adesão total à verdade, e não se vê da parte de Roma nenhuma mudança substancial nesse sentido. Não podemos apoiar tal acordo. Procuramos manter nossas almas em oração e penitência, pedindo à Virgem Maria que não permita que a Tradição perca sua força por essa aproximação com o Vaticano, que continua pregando os inaceitáveis erros do Concílio. (Todos grifos deste parágrafo são meus)
Leiam na mesma perspectiva:
http://permanencia.org.br/drupal/node/3299
A Igreja Católica e a Outra - Dom Lourenço
A Descoberta da Outra - Gustavo Corção
Miragem ou visibilidade - Dom Lourenço
Nossa Posição sobre a Crise da Igreja - Dom Lourenço
A Revelação do Homem - Gustavo Corção
20/05/2012
Fax de Dom Fellay á Campos (Série contradições)
As 30 moedas de prata, pelo visto, atacou novamente... pobre alma!!!
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+ Bernard Fellay
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FRATERNITE SACERDOTALE SAINT PIE X
SCHWANDEGG
CH 6313 MENZINGEN
+ Menzingen, 18.01.2002
Fax para Mgr. Rangel, Padre Rifan
Caro Monsenhor,
Caro Padre,
Caro Padre,
Circulam boatos no Brasil segundo os quais nós teríamos aprovado o acordo de reconhecimento entre Roma e a Associação São João Maria Vianney. E também que teríamos enviado um representante à cerimônia de hoje.
Sinto-me na obrigação de desmentir esses boatos.
Quanto aos acordos, constato o fato consumado e deploro a paz separada, pois a união faz a força. Nós éramos um no "combate" da fé; agora seremos dois. São grandes nossas apreensões quanto ao futuro, e aguardamos com certa impaciência que, por ocasião da próxima reunião de Assis, vossa voz episcopal nos tranqüilize e se faça ouvir, na mesma linha e no mesmo espírito de S. Exc. Mgr. de Castro Mayer, para proteger o rebanho e dissipar a confusão das almas causada por esta reunião.
Por outro lado, lamento a presença entre os senhores do Padre Aulagnier, apesar da minha proibição formal de ele ir a Campos nesta ocasião. Assim, este dia será marcado na nossa memória por esta triste desobediência.
Assegurando-vos das minhas orações, no coração de Jesus e no de Maria
CARTA ABERTA AOS PADRES DE CAMPOS
Niterói, 30 de outubro de 2001
Reverendíssimo Dom Licínio e caríssimos padres,
Não sou a pessoa mais indicada para lhes escrever esta carta. Não tenho pretensão de obter dos senhores um assentimento que os senhores não quiseram dar aos bispos da Fraternidade, Dom Fellay e Dom Galarreta, quando estes foram tentar lhes mostrar o tremendo prejuízo que os acordos dos senhores com o Vaticano poderiam acarretar para a Igreja, para o combate pela “Sobrevivência da Tradição”.
No entanto, tenho uma razão muito séria para escrever sobre isso e o faço com o conselho e aprovação do próprio Dom Fellay. Essa razão é que alguns dos nossos fiéis de Niterói e Rio são oriundos de cidades atendidas pelos senhores e sempre tiveram os “Padres de Campos” em alta estima e reverência. Hoje, eles não conseguem atinar com o porquê de um acordo separado da Fraternidade São Pio X e, pior, contra os conselhos e avisos dos bispos da Fraternidade.
Outra razão que me dispõe a lhes escrever é a experiência que vivi, em 1988, no Barroux, quando Dom Gérard Calvet quis, ele também, fazer um acordo com o Vaticano.
Esta é a primeira semelhança que vejo entre a atitude de Dom Gérard e a dos senhores: Mgr. Lefebvre acabara de recusar um acordo por não ver, nas intenções do Vaticano, as garantias necessárias para a sobrevivência da Tradição. Dom Gérard, considerando os interesses particulares do seu mosteiro acima dos interesses da Igreja, aceitou separar-se de Mgr. Lefebvre para recuperar uma situação jurídica e canônica “normal”, largando a espada do combate.
Hoje, igualmente, a Fraternidade acabara de recusar um acordo, pelos mesmos motivos de Mgr. Lefebvre, e os senhores preferiram considerar o bem particular dos senhores e não o bem comum da Igreja. Cansaram-se de viver dia e noite no combate e na marginalização.
Mas as semelhanças não ficam aí.
Quando a Fraternidade estava fazendo as atuais negociações, eu conversava com o Pe. Fernando ao telefone e este me deu três razões que considerava suficientes para ir adiante e fechar o acordo, ainda que sem o Vaticano ter liberado a Missa de S.Pio V:
– muitos novos viriam para a Tradição
– nós teríamos um pé dentro da Roma modernista para pregar a Tradição
– poderíamos voltar atrás, caso fôssemos pressionados.
Ora, são exatamente os mesmos argumentos de Dom Gérard, em 1988. Isso é para mim, chocante! Primeiro porque os senhores souberam criticar devidamente, então, a atitude de D. Gérard. Segundo, porque a conclusão lógica a que os senhores são obrigados a chegar hoje, é que D. Gérard teria tido razão!! Ele adiantou-se em dez anos aos senhores, o que os obriga a crer que ele teria tido mais visão das coisas do que os senhores.
Penso que não se pode negar as evidências seguintes:
– os novos que virão não estarão possuídos do desejo de se converter à verdadeira Tradição. Virão aos senhores porque os entraves jurídicos estarão retirados e não por razões de fé. Serão muito simpáticos, mas não buscarão a verdade total, aquele quê de doutrina que leva as almas ao martírio.
– estar dentro da Roma modernista, isso está provado, causa uma contaminação certa dos princípios norteadores do Vaticano II, que são insuflados em doses homeopáticas até que o fruto cai, como caiu a Fraternidade S. Pedro.
– Voltar atrás? Qual deles voltou? Eles preferiram concelebrar com o Papa a voltar atrás! E se voltarem, o que será dos fiéis das suas paróquias? Todos voltarão? Quantos ficarão presos nas malhas da legalidade? Considero essa atitude temerária e ela não leva em conta o equilíbrio das almas que lhes foram confiadas pela Providência. Os senhores regularizam no papel um falso problema de excomunhão, e os fiéis que sigam e obedeçam. E amanhã, eles que voltem atrás com os senhores!
Não consigo ver nisso o respeito pelas almas exigido pela vida sacerdotal.
Em relação à Fraternidade São Pio X, não entendo como os senhores conseguem manter uma recusa tão obstinada aos pedidos de bispos que foram em seu socorro em todas as ocasiões de suas necessidades: a Sagração de Dom Licínio, ato de extrema coragem desses bispos, pois muitos poderiam entender mal esse gesto, como alguns entenderam. Foi pensando nos senhores e em seus fiéis que esses bispos aceitaram essa Sagração.
Em seguida, os seminários da Fraternidade foram abertos aos seminaristas de Campos, recebidos como irmãos.
E além disso, quando a Fraternidade foi chamada para as negociações com o Vaticano, no início do ano 2001, os senhores foram amavelmente chamados a participar. Eles não estavam obrigados a isso, porém, mais uma vez, foram generosos e fraternos no combate pela Tradição.
Diante dessa evidência, a recusa a atender às súplicas da Fraternidade gera para os senhores o terrível peso de uma traição. E nisso, mais uma vez, os senhores se igualam a Dom Gérard. Os senhores, talvez, não vejam a coisa assim, mas também não podem recusar, aos bispos, o direito de se sentir traídos.
E assim como a traição de Dom Gérard causou um drama terrível entre os fiéis franceses, com a divisão das famílias e a profunda decepção pelo abandono e pela fraqueza, assim também os senhores hoje, causam, para os fiéis brasileiros a mesma decepção e as mesmas divisões.
Disse, em 1988, a Dom Gérard, o que repito hoje aos senhores: milhares de fiéis esperam ansiosos que os senhores os confirmem na fé católica, no combate que nos é exigido pela Divina Providência, sem se deixar levar pelo cansaço, pela fraqueza, pelo canto da sereia da legalidade comprometida. O que Nosso Senhor exige é o martírio gota a gota e a límpida e clara profissão de fé católica, sem pacto com os modernistas do Vaticano.
O Papa, sim, a legalidade jurídica, sim. Porém, antes de tudo, responder ao nítido chamado de Deus para o combate pela fé. No dia em que o Papa se converter de verdade, isso aparecerá mais claramente do que a luz do sol. Evidentemente, não é beijando o Alcorão e indo rezar numa mesquita que ele nos mostra essa conversão.
Todos os fiéis das capelas do Rio e de Niterói rezam pelos senhores, pedindo à Virgem Maria que mova os vossos corações de volta à luz da Verdade.
In Christo et Maria
Dom Lourenço Fleichman OSB
http://www.capela.org.br/Crise/cartaaberta.htm
16/05/2012
O que devemos pensar sobre a Fraternidade São Pedro? (Série contradições)
Desde a introdução dos novos ritos sacramentais, Roma não havia permitido a nenhuma fraternidade ou congregação religiosa o uso exclusivo dos ritos antigos. Então, em 30 de junho de 1988, o arcebispo Dom Lefebvre consagrou quatro bispos para garantir a sobrevivência do sacerdócio e dos sacramentos tradicionais e especialmente da missa tradicional em latim. De repente, no prazo de dois dias, o Papa João Paulo II reconheceu (Ecclesia Dei Afflicta, 02 de julho de 1988), a “legítima aspiração” (ao tradicionalismo) daqueles que não apoiassem a posição de Dom Lefebvre e ofereceu dar a eles o que sempre houvera recusado ao arcebispo. Cerca de dez padres da FSSPX aceitaram esta “boa vontade” e se separaram para fundar a Fraternidade São Pedro (FSSP).
A Fraternidade São Pedro está fundamentada sobre princípios mais do que questionáveis, pelas seguintes razões:
1. Ela admite que a Igreja Conciliar tem o poder para:
• desaparecer com a missa de todos os tempos (já que o Novus Ordo Missae não é outra forma dela),
• concedê-la somente a aqueles que aceitem as românticas orientações da mesma Igreja Conciliar (na vida, crença, estruturas),
• declarar não-católicos aqueles que negam tal poder por palavra ou ação (Uma interpretação de “Todos devem estar cientes de que a adesão formal ao cisma [de Dom Lefebvre] é uma ofensa grave contra Deus e inflige pena de excomunhão.” Ecclesia Dei Afflicta), e,
• professar-se de certa maneira em comunhão com quem quer que se chame “cristão”, e ainda assim declarar-se fora da comunhão com os católicos cujo único crime é o de quererem permanecer católicos (Vaticano II, por exemplo, Lumen Gentium, § 15; Unitatis Redintegratio § 3º)
2. Na prática, os padres da Fraternidade, tendo recorrido a um bispo do Novus Ordo disposto a permitir os ritos tradicionais e disposto a ordenar seus candidatos, são forçados a abandonar a luta contra a nova religião que está sendo instalada:
• eles rejeitam o Novus Ordo Missae somente pelo fato de não ser sua “espiritualidade” e reivindicam a missa tradicional em latim somente em virtude de seu “carisma”, reconhecido pelo papa,
• eles procuram estar em boa relação com os bispos locais, elogiando-os ao menor sinal de espírito católico e silenciando sobre seus desvios modernistas (a menos talvez no caso de uma diocese onde eles não tenham esperanças de conseguir algo), ainda que por fazê-lo, acabem incentivando esses bispos em seu caminho errado, e
• observe, por exemplo, a aceitação de todo o coração pela Fraternidade do (Novo) Catecismo da Igreja Católica, a aceitação de professores do Novus Ordo em seus seminários, e aceitação dissimulada da ortodoxia do Vaticano II.
Eles são, portanto, católicos conciliares e não católicos tradicionais.
Sendo assim, assistir às suas missas significa:
• aceitar o compromisso sobre o qual eles se baseiam,
• aceitar a direção tomada pela Igreja conciliar e a consequente destruição da Fé e das práticas católicas, e
• aceitar, em particular, a solidez legal e doutrinária do Novus Ordo Missae e do Vaticano II.
É por isso que um católico não deve assistir às suas missas.
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Retirado e traduzido do Site do Distrito dos EUA (FSSPX)
http://www.fsspx.com.br/exe2/?p=1303
A Fraternidade São Pedro está fundamentada sobre princípios mais do que questionáveis, pelas seguintes razões:
1. Ela admite que a Igreja Conciliar tem o poder para:
• desaparecer com a missa de todos os tempos (já que o Novus Ordo Missae não é outra forma dela),
• concedê-la somente a aqueles que aceitem as românticas orientações da mesma Igreja Conciliar (na vida, crença, estruturas),
• declarar não-católicos aqueles que negam tal poder por palavra ou ação (Uma interpretação de “Todos devem estar cientes de que a adesão formal ao cisma [de Dom Lefebvre] é uma ofensa grave contra Deus e inflige pena de excomunhão.” Ecclesia Dei Afflicta), e,
• professar-se de certa maneira em comunhão com quem quer que se chame “cristão”, e ainda assim declarar-se fora da comunhão com os católicos cujo único crime é o de quererem permanecer católicos (Vaticano II, por exemplo, Lumen Gentium, § 15; Unitatis Redintegratio § 3º)
2. Na prática, os padres da Fraternidade, tendo recorrido a um bispo do Novus Ordo disposto a permitir os ritos tradicionais e disposto a ordenar seus candidatos, são forçados a abandonar a luta contra a nova religião que está sendo instalada:
• eles rejeitam o Novus Ordo Missae somente pelo fato de não ser sua “espiritualidade” e reivindicam a missa tradicional em latim somente em virtude de seu “carisma”, reconhecido pelo papa,
• eles procuram estar em boa relação com os bispos locais, elogiando-os ao menor sinal de espírito católico e silenciando sobre seus desvios modernistas (a menos talvez no caso de uma diocese onde eles não tenham esperanças de conseguir algo), ainda que por fazê-lo, acabem incentivando esses bispos em seu caminho errado, e
• observe, por exemplo, a aceitação de todo o coração pela Fraternidade do (Novo) Catecismo da Igreja Católica, a aceitação de professores do Novus Ordo em seus seminários, e aceitação dissimulada da ortodoxia do Vaticano II.
Eles são, portanto, católicos conciliares e não católicos tradicionais.
Sendo assim, assistir às suas missas significa:
• aceitar o compromisso sobre o qual eles se baseiam,
• aceitar a direção tomada pela Igreja conciliar e a consequente destruição da Fé e das práticas católicas, e
• aceitar, em particular, a solidez legal e doutrinária do Novus Ordo Missae e do Vaticano II.
É por isso que um católico não deve assistir às suas missas.
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Retirado e traduzido do Site do Distrito dos EUA (FSSPX)
http://www.fsspx.com.br/exe2/?p=1303
04/05/2012
Monsenhor Lefebvre ao Cardial Ratzinger
http://www.spessantotomas.com/2012/05/monsenhor-lefebvre-ao-cardeal-ratzinger.html
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