30/01/2009

A Carta

Eleison Comments LXXXIII

Seguindo os passos de Nosso Senhor (Jn. XVIII, 23) e São Paulo (Acts, XXIII, 5), Arcebispo Lefebvre deu a sua Sociedade o exemplo de nunca aderir a Verdade de Deus ao ponto de abandonar o respeito com os homens que representam a Autoridade de Deus. Em meio ao tumulto da mídia na semana passada, direcionada ao Santo Papa ao invés desse relativamente insignificante Bispo, aqui está uma carta escrita ao Cardeal Castrillón Hoyos em 28 de Janeiro pelo Bispo:

Para Vossa Eminência Cardeal Castrillón Hoyos

Vossa Eminência

Em meio a tremenda tempestade da mídia, aguçada por imprudentes declarações minhas á televisão Sueca, eu imploro que aceite, respeitosamente, meus sinceros arrependimentos por ter causado tantos e desnecessários problemas e aflições á Vossa Eminência e ao Santo Papa.

Para mim, a única coisa que importa é a Verdade Incarnada, os interesses de Sua única verdadeira Igreja, através da qual e unicamente podemos salvar nossas almas e darmos glória, do nosso modo, á Deus Todo Poderoso. Portanto, faço apenas um comentário, do Profeta Jonas,1, 12:

"Tomai-me, disse Jonas, e lançai-me às águas, e o mar se acalmará. Reconheço que sou eu a causa desta terrível tempestade que vos sobreveio."

Por favor aceite também, e leve para o Santo Papa, meus sinceros agradecimentos pelo documento assinado Quarta-feira passada que veio se tornar público no Sábado. Muito humildimente oferecerei uma Missa para ambos.

Sinceramente e seu em Cristo

+Richard Williamson

http://dinoscopus.blogspot.com/2009/01/letter.html

Arcebispo Lefebvre e Vaticano II


O Concílio à luz da tradição?
Por John Vennari

Agora que os “excomunhões” foram retiradas dos quatro Bispos da FSSPX, seria sábio exprimir novamente a posição da FSSPX a respeito do Concílio Vaticano II.

Pouco depois do Bispo Bernard Fellay, superior geral da Sociedade St. Pio X, ter tido uma audiência confidencial com o Papa Bento XVI em agosto, 2005, Bispo Fellay fez o seguinte comentário: “Bento XVI apontou que só se pode haver um modo de pertencer à Igreja Católica: i.e., tendo o espírito do Vaticano II interpretado à luz da tradição, querendo dizer, com as intenções dos Padres do Concílio e a letra do texto. Esta é uma perspectiva que nos amedronta.” 1

É compreensível que a FSSPX ache isso amedrontador, pois é questionável se o Vaticano II pode ser interpretado à luz da tradição. Eu sou um dentre os muitos que acreditam que não pode realìsticamente ser feito, nem penso que deva ser tentado. Parece-me impossível separar os verbosos e ambíguos textos do Vaticano II do espírito revolucionário que inspirou os textos - um espírito não-Católico do liberalismo que foi condenado por cada Papa antes do Vaticano II.

De fato, aqueles “conservadores” que negam que os vários pontos de Vaticano II constituam uma ruptura com tradição e com declarações Magisteriais precedentes - pelo menos pela ambigüidade, pelas implicações e pelas omissões - falharam em não escutarem os movedores e balançadores do Concílio que abertamente os reconheciam.

Yves Congar, um dos artesões da reforma, relembrou com boa satisfação que “a Igreja obteve, pacificamente, sua revolução de outubro.”

O mesmo Padre declarou que a 'Declaração da Liberdade Religiosa' do Vaticano II é contrária ao Syllabus do Papa Pius IX. A respeito do Artigo 2 da declaração, disse: “Não se pode negar que um texto como este diga materialmente algo diferente da Syllabus de 1864, e até quase o oposto das proposições 15 e 77-79 desse documento.”

As indicações tais como estas conduzem o Padre Gregory Hesse observar frequentemente, “como eu poderia aceitar os documentos que nenhum Papa ou Bispo do século XIX assinariam?”

Contudo, todo grupo tradicionalista que é "reconciliado” com Roma pós-Conciliar tem que concordar em aceitar o Vaticano II; um ato que eu acredito ser suicida, porque sempre neutralizam o grupo em sua luta contra o Concílio e seu progressivismo destrutivo. Eu não tenho conhecimento de nenhuma exceção. Por exemplo, eu não conheço nenhum “aprovado” grupo Tridentino que publicou os livros ou os livretos equivalentes a Iota Unum, Si Si No No, ou 'They Have Uncrowned Him' do Arcebispo Lefebvre.

O que é escrito aqui não é pretendido ser um tratamento definitivo se o Vaticano II pode ou não ser interpretado à luz de Tradição.2 Eu penso, entretanto, ser de valor endereçar a noção que os católicos tradicionais não devem hesitar aceitar o Vaticano II à luz da tradição, dado que o tradicionalista Arcebispo Lefebvre assinou os documentos do Concílio. Logo, seguindo esse raciocínio, não se pode ter muitos erros em seus textos.

Os fatores, entretanto, são um pouco mais complexos, que eu demonstrarei em quatro rápidos pontos:

1) O Arcebispo e o Grupo Internacional de Padres no Vaticano II lutaram contra a orientação liberal do Vaticano II durante todo o Concílio, e sim, eles foram bem sucedidos em fazer os documentos melhores do que seriam caso não intervissem. A questão básica, entretanto, é que Arcebispo Lefebvre estava bem ciente do espírito liberal que tomou conta do Concílio mesmo antes dele começar.3

2) O Arcebispo Lefebvre, como muitos outros prelados naquele tempo, sentiu-se sob uma pressão moral em assinar os documentos. Arcebispo Lefebvre era um homem com uma longa carreira de serviços prestados ao papado. Ele era Delegado Apostólico na África (de língua Francesa) e tinha trabalhado próximo ao Papa Pio XII. À luz desta devoção filial a Santa Sé, o Arcebispo disse que se viu “moralmente obrigado a assinar” o documento já que o Papa havia assinado.4

3) Anos após o Vaticano II, ele disse que naquela altura do Concílio, de alguma forma, ele se encontrava demasiadamente otimista. Aqui ele se refere a uma declaração que fez ao final do Vaticano II. Em 1965, imediatamente antes da quarta e última sessão, ele publicamente declarou sua crença que apesar do que havia se passado no Concílio, e apesar do “magisterium” progressista no Concílio, no qual havia causado tanto dano, “A Igreja na pessoa do sucessor de Pedro ainda não substituiu o Magistério tradicional com este novo, e nem a Igreja de Roma… A maioria dos Cardeais e especialmente os Cardeais da Cúria,… não olham para o novo magistério. Nem a colegialidade nem a mal-concebida liberdade religiosa, aonde ambas são contrárias à doutrina da Igreja, sucederão.”

Em outras palavras, ele nunca sonhou que o liberalismo desastroso inerente no Vaticano II seria realmente promovido pelo Papa e pela Cúria Romana como a política da Igreja.

Mais de duas décadas passadas, ao reler suas palavras de 1965, o Arcebispo Lefebvre disse, “Eu admito que o otimismo que eu mostrei a respeito do Concílio e do Papa era mal fundado. ” 5

4) Até o dia de sua morte, nunca consentiu formalmente aceitar o Vaticano II “à luz da tradição” .6 Ele lutou firmamente contra a revolução do Vaticano II sem compromissar até seu último suspiro.Isso é um bom modelo para nós.

___

Notes:

1 2005 DICI Interview.
2 I treat this topic in much more detail in my talks: “Vatican II: The Best Council the Protestants Ever Had; “The Tiber Flows Into the Tiber: Who was Really Responsible for the Progressivist Takeover of Vatican II?”, and “The Oath Against Modernism vs. the ‘Hermeneutic of Continuity'” (on DVD and CDs respectively)
3 For an in depth look at Archbishop Lefebvre’s activities at Vatican II, as well as the many problems with the Council, see The Biography of Marcel Lefebvre, Bernard Tissier de Mallerais [Kansas City: Angelus Press, 2004], particularly Chapter 12: “In the Turmoil of the Council” and Chapter 13 “Herald of Christ the King”.
4 Ibid, p. 312.
5 Ibid., p. 331.
6 Though Archbishop Lefebvre had signed the 1988 Protocol, he felt uneasy from the moment he signed it and withdrew his signature within 24 hours, never to sign another.

Fonte original: Catholic Family News

15/01/2009

FSSPX "convidada" a entrar na Catedral de Amiens - França...???


Infelizmente essa notícia, segundo pessoas que dominam o idioma Francês que estão por dentro do ocorrido, não confirmam o "convite" por parte do pároco; e sim um "auto-convite" por parte dos fiéis, dentre eles várias crianças, que por sinal enfrentavam um frio de -10° C.



Várias Dioceses da França (será somente as da França?) andam cada vez mais prerias pela falta de fiéis, de dinheiro, de padres, etc.; ao ponto de andarem vendendo inúmeras de suas Igrejas e propriedades. Aqui nos E.U.A já presenciei várias que foram vendidas. E adivinhem para quem? Acertou se pensou nas seitas protestantes. Mas se souberem que entre os possíveis compradores se encontra alguém da FSSPX, por "algum motivo", eles deixam de vender até terem a certeza que a venda será por uma "justa" causa, leia-se "justa" seita.

Par
a mim é diabólico o ódio que certas pessoas do clero (modernista) sente pela Fraternidade do Arcebispo Lefebvre, seus simpatizantes, e os tradicionalistas em geral.

Acreditem ou não, existe até um caso em que a SSPX usou um "pastor" (Luterano se não me falha a memória) para adquirir uma propriedade que pertencia a uma Diocese... pois os representantes da SSPX, geralmente e misteriosamente, não "obtinham muito sucesso" nas compras de imóveis/propriedades diocesanas.

A malfadada e desfigurada tolerância do atual clero Católico é muita doce para com os hereges protestantes de todos os naipes, os 'patriarcas' cismáticos, os budistas, judeus, mulçumanos, 'marcianos', hindus, cadomblessistas, espíritas e até agnósticos e ateus... mas quando os "desobedientes cismáticos tradicionalistas" aparecem em questão, desaparecem tanto a doçura, como a tolerância.

Esses fiéis de Amiens-França, assim como reportado pelo próprio blog do rorate caeli, ao serem 'chutados' de sua Capela em Novembro de 2007, vinham tendo suas Missas celebradas nas ruas(!) por mais de um ano(!). E isso porque um importante grupo tradicional da FSSPX já havia procurado por 2 anos(!)ter acesso á uma Igreja em Amiens, também sem sucesso. Mas eis aqui uma notícia que só aumenta minha revolta: Nessa mesma Diocese, o número de Igrejas que se encontram vazias, chega a estrondosa marca de 400 Igrejas(!!!) aproximadamente.

http://www.radio-silence.tv/index.php?menug=9&menuh=2&idRu=389

Pelo visto o Bispo prefere ver a decadência e deteriorização das Igrejas ao vê-las nas mãos daqueles que zelam e lutam pela Imutável Verdade Católica!

E por que os Bispos, em sua vasta maioria, são tão hostis para com esses que lutam para a maior glória de Deus?!?!


Porque
virá o tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina.” (2Tim 4,1-3 ).

Se o tempo que a Sagrada Escritura relata é esse em que vivemos eu não sei responder, mas o que sei e posso dizer com absoluta certeza é que essa nossa desastrosa e diabólica era pós-conciliar também não suporta a sã doutrina e aqueles que lutam por ela.


KYRIE ELEISON, CHRISTE ELEISON!

*Vídeos do "auto-convite" abaixo:




01/01/2009

A Lógica da Caridade e Prudência: A verdadeira face de Arcebispo Lefebvre






"Como que um sucessor de Pedro pode em tão pouco tempo ter feito mais estrago á Igreja do que a Revolução de 1789?... Temos realmente um Papa ou um intruso na Cátedra de Pedro? Benditos são aqueles que viveram e morreram sem terem tido que fazer tal indagação!"
Esta é a questão que Arcebispo Marcel Lefebvre expôs na Cor Unum, no Boletim interno da Sociedade, no dia 8 de Novembro de 1979. É pertecente (referente) á Paulo VI -assim como já havia sido no "ardente verão" de 1976- mas irá em breve também pertencer (referir) á João Paulo II: "Como é que pode, dada as promessas de assistência por Nosso Senhor á Seu Vigário, deixar que este mesmo possa ao mesmo tempo, através de si próprio ou de outros, corromper a fé dos que creêm?"

Alguns dizem que [Paulo VI] pronuncia heresias, ele promulgou a liberddade religiosa e assinou o sétimo artigo do Novus Ordo Missae. Agora, um herege não pode ser Papa, logo, ele não é Papa, e assim, obediência não lhe é devida. Essa é uma simples e confortável lógica baseada na opinião teológica que autores teológicos mantiveram no abstrato. Mas alguém pode, praticamente falando, sustentar a heresia formal de um Papa? Quem terá autoridade para isso? Quem dará os avisos necessários á um Papa que poderá ser reconhecido? Essa linha de raciocínio, na prática, coloca a Igreja numa situação inexplicável. Quem nos dirá aonde o futuro Papa estará? Como ele pode ser designado já que o Papa "não é Papa", e portanto, não há mais Cardeais? "Esse espírito é um espírito cismático". Ademais, "a visibilidade da Igreja é bastante necessária para que Deus omita-a num curso de várias décadas".
Para a "lógica teórica" do Pe. Guérard des Lauries, Arcebispo Lefebvre prefere "uma sabedoria superior: a lógica da caridade e da prudência."

Um dia, talvez daqui uns trinta ou quarenta anos, uma seção de Cardeais convocados pelo Papa estudará e julgará o reinado de Paulo VI, talvez eles dirão que algumas coisas devem ter feito 'saltar os olhos' dos seus contemporâneos, afirmações desse Papa que foram totalmente contrárias a Tradicão. Eu prefiro no momento considerar como Papa aquele que, pelo menos, se encontra sentado no trono de Pedro, e se algum dia for descoberto com certeza que este Papa não era Papa, ainda assim terei cumprido com minha obrigação. Exceto os casos que ele faz uso do carisma da infabilidade, o Papa pode errar. Por que então deveríamos nos escandalizar e dizer, "logo ele não é Papa", assim como Ário se escandalizou com as humilhações sofridas por Nosso Senhor que disse em sua Paixão "Meu Senhor, por que me abandonastes?" e raciocinaram, "logo ele não é Deus!"

Nós não sabemos até que ponto um Papa, "levado por sabe-se lá qual espírito, qual treinamento, sujeito a quais pressões ou por negligência", leva a Igreja a perder a fé, mas "nós reconhecemos os fatos. Eu prefiro partir deste princípio: nós temos que defender nossa fé, nisso, é nosso dever não admitir sequer uma sombra de dúvida."




Marcel Lefebvre:Une Vie, by Bishop Bernard Tissier de Mallerais [Etampes: Clovis, 2002], pp. 533-535