17/06/2014

Mais um padre abandona a neo-FSSPX - Prior de Lourdes, França - Padre Mérode


Carta do Padre Roland de Mérode ao Padre de Caqueray
Fonte: La Sapiniere / Cathinfo

Querido Padre,

Já faz dois anos e meio que, com um crescente sentimento de mal-estar, fui aguentando o fluxo constante de textos, rios de conferências, estudos e de declarações, todas ambíguas ou até mesmo contraditórias --que são despejadas por Menzingen e Suresnes em um fluxo contínuo sobre nossas pobres cabeças.

Várias vezes tive a oportunidade de informá-lo sobre o meu mal-estar e minhas objeções, mas nunca recebi uma resposta clara de você ou de seus assistentes que pudesse acalmar os meus medos.

Existe uma resposta, no entanto, que é clara e nunca foi citada ou destacada em qualquer lugar desde 2012, pelo menos. Ela encontra-se na carta de nosso venerável fundador aos quatro futuros bispos:

"Eu vou conferir essa graça [o Episcopado] sobre vocês, com a certeza de que em breve a Sé de Pedro será ocupada por um sucessor de Pedro perfeitamente Católico, em cujas mãos vocês serão capazes de colocar a graça de seu Episcopado, para que ele confirme-as."

Por que um princípio tão simples, claro e com princípio firme de ação como este? Porque:

"A Sé de Pedro e as posições de autoridade em Roma estão ocupadas por anti-cristos e a destruição do Reinado de Nosso Senhor está sendo rapidamente propagada no próprio interior de seu corpo místico aqui abaixo [na terra] ..."

Por que, então, ainda estamos buscando um acordo, ou como Dom Fellay dá a entender, um reconhecimento canônico? Seria para nos colocar sob a autoridade de anticristos e colocar-nos, assim, em perigo de perder a fé?

A fé dá a certeza, ela não leva as mentes a serem desviadas num labirinto de ambigüidades sutis. Portanto, a fim de libertar dessa atmosfera de embaçadas ambiguidades -- e que não está ficando melhor--, tomei a decisão de demitir-me como Prior de Lourdes a partir de amanhã, 20 de março de 2014.

A segunda razão que me leva a separar do curso atual da Fraternidade, é a grave injustiça moral que meus superiores atuais vem infligido em todos aqueles sacerdotes que tiveram a coragem de denunciar o perigo de se fazer um acordo de comprometimento, ou de uma busca de reconhecimento canônico sem acordo doutrinário. Eles foram forçados a sair, ou pior, eles foram submetidos a um pseudo e injusto julgamento, seguido por punições desproporcionais. Por isso, desejo trabalhar para estabelecer uma estrutura que permitirá que esses mesmos sacerdotes que foram jogados na rua, recuperarem uma vida sacerdotal normal, comum e um ministério que se reúne em seu zelo pela salvação das almas.

O simples fato de eu ter convidado o Padre Salenave, que não está sob qualquer sanção na França, para rezar a missa no dia 8 de março, em Pau, como uma ajuda e de modo a permitir que eu confessasse, levou-lhe a suprimir imediatamente meu apostolado em Pau. Eu vejo nisto a prova de que meu trabalho de reunir esses sacerdotes isolados e descontentes não será aceito pelos meus superiores. Portanto, irei me dedicar a este trabalho a partir de amanhã mesmo, fora das estruturas da SSPX atual.

Por favor, Padre, peço-lhe para que não tente entrar em contato comigo no momento, mas que deixe isso para o futuro, se chegar um momento em que parecer oportuno.

Reze por mim, como eu rezo por vocês,

Padre R. de Mérode.