03/12/2009

É pecado atender a Missa do Novo Ordo?

Nossa reação imediata a tal questão é emocional: de raiva ou frustração em concordância de que a assistência á Missa Nova é incompreensível e pecaminosa; ou de compaixão, em concordância de que parece impossível que milhões e milhões de Católicos que assistem a mesma todos os Domingos, estejam pecando todas as vezes que a atendem. Nos dois casos consideram-se primariamente a moralidade subjetiva -a intenção da pessoa- antes de considerar a moralidade da ação, que é determinada pela razão do ato em si.

Se você abrir o Catecismo Tradicional, encontrará uma definição da Missa, como essa do Padre Connel's (Baltimore Catechism #3): "A Missa é o sacrifício da Nova Lei na qual Cristo, através do ministério do Sacerdote, oferece Si Próprio á Deus de forma incruenta (sem derramento de sangue) nas aparências de pão e vinho." Não é apenas o mais elevado ato de adoração possível, sendo o ato do Próprio Cristo, mas um sacrifício no real e completo senso do termo, e consequentemente o rito possui quatro finalidades: adoração, acção de graças, propiciação, e impetração. Note que nestas quatro finalidades, propiciação é a única que é própria para Missa como sacrifício, não sendo apta assim de ser efetivamente realizada de nenhuma outra forma.

Agora a pergunta é simples. A Missa Nova alcança a finalidade para qual ela existe? Se sim, então é boa, e como boa, devemos assistí-la; Se não, então é ruim/má, objetivamente e materialmente um pecado oferecê-la ou atendê-la, mesmo que isso seja feito para cumprir o preceito dominical.

Você objetaria dizendo que o termo ruim/má não poderia ser aplicado num ato de adoração, pois todo ato de adoração tem ao menos alguma verdade e algumas outras coisas boas. É impossível ser toda ruim/má como a conotação parece indicar, é aqui que reside um grande desentendimento. O conceito de ruim/má é uma noção analógica. Isso significa que há algumas coisas comuns para todas as coisas que são ruins/más, mas há um mundo de diferenças entre os tipos de males, há o mal físico e o mal moral. Há algo em comum, mas a diferença é maior que a semelhança. A doença é um mal, mas não como o mal de contar mentiras; a poluição é um mal, mas não como o mal de um assassinato/aborto.

O que é comum entre todos os males? A definição do mal, dada por teólogos morais, é muito simples: o mau é a privação de um bem que nos é de direito. Não é somente uma abstenção, mas uma abstenção de um bem que deveria nos ser dado. A doença é um mal físico, pois o corpo deve ser saudável. O pecado é um mau moral, pois a alma deve ser pura e agradável á Deus.

Quando o termo "mau" é aplicado á Missa Nova, refere-se a Missa como um ato litúrgico, nomeado como uma assembléia de cerimônias e orações moldadas num todo. E como tal, tem como finalidade, expressar em suas orações e cerimônias litúrgicas a realidade da Missa como é definida pela doutrina Católica; que é a reincenação incruenta do sacrifício de Cristo na Cruz para as quatro razões: de adoração, ação de graças, expiação e petição, para a maior glória da Santíssima Trindade. As cerimônias da Missa são, pela sua própria natureza, simbólicas. Elas são símbolos (de uma realçada realidade) que representam e são plubicamente solenes; profissão completa de nossa Fé Católica.

A Missa que falha em expressar o completo ensino Católico concernente ao sacrifício, como tem que ser, estará faltando um elemento essencial. Ela manifestamente sofre a privação de um bem que lhe é de direito. Ela não é o que uma Missa deve ser e não consegue alcançar seu propósito. Ela é simplesmente má, e a privação do bem que lhe é de direito é encontrada na assembléia de cerimônias e orações da própria Missa. Isso não significa que tudo nela seja ruim ou que ela seja inválida. Isso também não é um julgamento na intenção do padre ou dos atendentes, nem que graças não possam ser alcançadas por ambos. A afirmação que a Missa Nova seja um mau é uma declaração objetiva na qual esse ato litúrgico como tal, não professa adequadamente a Fé ou alcança seu fim. Ou ainda como os Cardeais Ottaviani e Bacci colocam:

A Missa do Novo Ordo... representa, como um todo e em seus detalhes, um tremendo afastamento da Teologia Católica da Missa como formulado na Sessão 22 do Concílio de Trento. Os "cânones" do rito definitivamente fixados então, ergueram uma insuperável barreira contra qualquer heresia que poderia atacar a integridade do Mistério. (Ottaviani, 25 de Setembro 1969)

O fato da Missa Nova ter sido formulada de tal maneira a ser aceitável aos teólogos protestantes que participaram dela, não significa que ela seja necessariamente herética. Ela é simplesmente ambígua. De qualquer forma, a abstenção de uma clara profissão da Fé Católica, que lhe é de direito, torna-a ruim. O mesmo se dá em relação á sua validade. O fato dela ser má não significa que ela seja, necessariamente, inválida. O padre pode ter a intenção de fazer o que a Igreja faz e celebrá-la validamente, mesmo que as orações da Missa Nova não expresse adequadamente a intenção, assim como certamente ela não expressa mesmo.

Tendo estabelecido a Missa Nova objetivamente como ruim/má, segue-se necessariamente que a celebração ou assistência á mesma será uma desordem, oposta á vontade de Deus e, portanto, um pecado. Ela é um pecado contra a virtude da Religião, um pecado de sacrilégio, que atenta dar glória á Deus através de uma cerimônia que não é verdadeiramente, em si mesma, para Sua glória. Essa colocação parece-nos chocante porque nós associamos sacrilégio com o deliberado e voluntário pecado mortal de uma comunhão mal feita, por exemplo. Como quer que seja, o mal tratamento das coisas sagradas possuem graus, e pode haver pecados veniais de sacrilégios em que a desordem não é tão grande como numa comunhão sacrílega. Uma Missa Nova que é inválida, por seu defeito na forma, intenção ou matéria, é certamente e objetivamente um grande sacrilégio e pecado mortal. Já a Missa Nova que for celebrada com alguma reverência e certeza validade, não será um sacrilégio grave como o de um pecado mortal. Continuam tendo desordem e desprezo ao Todo Poderoso nas prórpias cerimônias, mas não de maneira grave. Esse é o caso de uma relativamente reverente e conservadora Missa Nova, aonde o "por todos" e a comunhão na mão são excluídos. Assitir tais Missas é um pecado venial de sacrilégio. Nós não temos o direito de fazer isso, assim como não temos o direito de cometer qualquer pecado venial, nem mesmo para satisfazer um preceito da Igreja.

Nós podemos resolver, agora, a questão da moralidade subjetiva de uma maneira menos emocional. Não é só porque as Missas Novas são irritantes e chatas que recusamos atendê-las, mas porque sabemos que elas são erradas, porque destroem a Fé; e tendo esse entendimento da moralidade objetiva, nós somos obrigados a seguí-la em consciência. No entanto, nós não faremos julgamentos de culpabilidade subjetiva ou pessoal dos padres ou fiéis que continuam celebrando ou assistindo a Missa Nova. Eles podem não estar cientes da desordem e do mau, ou pelo menos, não o suficiente. Suas conciências não estão bem formadas suficientemente. Pode ser que não seja por suas próprias culpas, e é por esta razão que não podemos afirmar que todos aqueles que celebram ou assistem a Missa Nova cometem pecados veniais.



Padre Peter Scott.(Angelus Julho 2009)

20/10/2009

Peregrinação da FSSPX á Lurdes 2009



A Fraternidade Sacerdotal de São Pio X tem o prazer de informar que na ocasião de sua peregrinação internacional á Lurdes, o Bispo Bernard Tissier de Mallerais celebrará a Missa Solene da Festa de Cristo Rei na Basílica de São Pio X no Domingo de 25 de Outubro de 2009.

Nós expressamos nossa gratitude ao Mons. Jaques Perrier, Bispo de Tarbes e Lourdes, e também pela hospitalidade das autoridades do Santuário, asseguramos á eles nossas orações.


Abbé Régis de Cacqueray, Superior do Distrito da França
17 October 2009.

http://sanctepater.blogspot.com/2009/10/bishop-of-lourdes-opens-doors-to-sspx.html

O que é eternidade?




Há uma concepção parcialmente errônea da atual divina eternidade entre aqueles que se contentam em definí-la como uma duração sem começo e sem fim, pensando vagamente a respeito como tempo sem limite, tanto no passado quanto no futuro.

Tal noção de eternidade é inadequada: porque o tempo que não tem começo, -não tem primeiro dia-, sempre será, entretanto, uma sucessão de dias, anos, séculos; uma sucessão abraçando um passado, um presente e um futuro. Isso de forma alguma é eternidade. Nós podemos voltar ao passado e enumerar os séculos sem jamais chegarmos no fim, assim como podemos pensar num tempo vindouro aonde nós imaginamos atos futuros das almas imortais como uma série sem fim. Mesmo se o tempo não tivesse começo, ainda assim nós teríamos tido uma sucessão de momentos variados.

O instante presente, que constitui a realidade do tempo, é um transitório instante entre o passado e o futuro ("nunc fluens", diz-nos São Tomás), um transitório instante como as águas de um rio, ou um aparente movimento do sol, do qual contamos os dias e as horas. O que, então, é o tempo? Como diz-nos Aristóteles, é a medida do movimento, mais especialmente da moção do sol ou da terra em torno do mesmo, a rotação da terra em seu eixo constituindo um dia e, um ano, ao redor do sol. Se a terra e o sol foram criados por Deus desde toda eternidade e o movimento regular da terra ao redor do sol não teve começo, nós não teríamos o primeiro dia ou o primeiro ano, mas teríamos sempre tido uma sucessão de anos e séculos. Tal sucessão teria tido, então, uma duração infinitamente inferior á eternidade; pois teríamos sempre tido a distinção entre passado, presente e futuro. Em outras palavras, multiplique os séculos por milhões e milhões e ainda teremos tempo, sempre; não importa a soma do resultado alcançado, pois ele nunca será eternidade.

Se definirmos, então, a divina eternidade como uma duração sem começo ou fim é inadequado, como definí-la? A resposta da Teologia é de que seja uma duração sem começo ou fim, mas com essa característica muito distinta, que nela não há sucessão de passado e futuro, e sim um eterno presente. Não é um rápido instante como o passar do tempo, mas um instante imóvel que nunca passa, um instante inalterável. É o "agora que fica, não o que flui e desaparece", nos diz Santo Tomás (Ia, q. 10, a. 2, obj. ia), como a manhã perpétua que não possui madrugada e não conhecerá anoitecer. Como devemos compreender esse único instante de uma eternidade imutável? Aonde tempo, essa sucessão de dias e anos, é a medida de um aparente movimento do sol ou a real moção da terra, eternidade é a medida ou duração do ser, do pensamento e do amor de Deus. Esses sim são absolutamentes imutáveis, sem mudanças, variações ou vicissitudes. Como Deus é, por necessidade, a infinita plenitude do ser, não existe nada para Ele ganhar ou perder. Deus nunca pode aumentar ou diminuir em perfeição; Ele é a própria imutável perfeição.

Essa fixação absoluta do ser divino extende necessariamente para Sua sabedoria e arbítrio; qualquer mudança ou progresso na sabedoria ou amor divino acarretaria imperfeição.

A imutabilidade, no entanto, não é uma imutabilidade de inércia ou morte; e sim da vida suprema, possuindo uma vez por todas tudo o que é possível e correto, não tendo assim que adquirí-la ou correr o risco em perdê-la.


(Continuação num vindouro post)
Excerto de Providência, Fr. Garrigou-Lagrange, O.P.

12/10/2009

O Concílio Vaticano II e a rejeição do Reinado Social de Nosso Senhor


Por Arcebispo Marcel Lefebvre

Nota: Este é um breve trecho do famoso sermão do Arcebispo em Lille, em 29 de Agosto de 1976. Encontra-se no magnífico livro "The Bishop Speaks": Writtings and Addresses 1973-1976

Finalmente, um terceiro erro, [o Clero Católico moderno] rejeita o reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo sob o pretexto que o mesmo já não é mais praticável. Eu ouvi isso da boca do Nuncio de Berne; Eu ouvi da boca do embaixador do Vaticano, Padre Dhanis, ex-reitor da Universidade Gregoriana, que veio em nome da Santa Sé pedir que eu não executasse as ordenações de 29 Junho. Era 27 Junho em Flavigny, e eu pregando um retiro aos seminaristas. Ele disse: " Por que você está contra o Concílio? " Eu respondi, " É possível aceitar o Concílio, quando em nome do mesmo você diz que todos os Estados Católicos devem ser destruídos, que não deve restar nenhum Estado Católico, e portanto, nenhum Estado aonde Nosso Senhor Jesus Cristo reine? Tal Estado já não é mais possível." Mas uma coisa é dizer que ele não seja possível, e outra é aceitar isso como princípio, e conseqüentemente, já não procurar o Reino Social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas o que nós dizemos diariamente no Pai Nosso? " Vem á nós o Vosso reino, assim na Terra vomo no Céu." Que reino é esse? Ainda há pouco você cantou no Gloria; "Vós sozinho é Senhor, Vós sozinho é o mais elevado, Jesus Cristo." Devemos, nós, cantar estas palavras e ao mesmo tempo saírmos para dizer: " Não, Jesus Cristo não deve mais reinar sobre nós." Estaríamos, nós, vivendo ilògicamente? Somos nós católicos ou não?

Não haverá nenhuma paz na terra exceto no reino de Nosso Senhor Jesus Cristo. As nações encontram-se em conflito -cada dia temos páginas e mais páginas nos jornais a respeito disso, também na rádio e na televisão; e agora com a mudança do primeiro ministro: O que nós iremos fazer para melhorar a economia? O que nós iremos fazer para ajudar a moeda? O que iremos fazer para ajudar a prosperidade da fabricação, etc. Todos os jornais no mundo fazem tais perguntas. Bem, mesmo de um ponto de vista econômico, nosso Senhor Jesus Cristo deve reinar, porque o reino de nosso Senhor Jesus Cristo é o reino dos princípios do amor e dos mandamentos de Deus, que estabelecem o equilíbrio na sociedade, e que trazem justiça e o reino da paz. É somente com ordem, justiça, e paz na sociedade que a economia pode prosperar…

É o reino de Nosso Senhor Jesus Cristo que nós queremos; e nós professamos nossa fé, dizendo que Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus.

E é por isso que nós queremos a Missa de St. Pio V, porque esta Missa é a proclamação da realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Missa Nova é um tipo de Missa híbrida, que já não é mais hierárquica; e sim democrática, aonde a assembléia toma o lugar do padre, e assim já não é uma Missa autêntica que afirme a realeza de Nosso Senhor. Pois como Nosso Senhor Jesus Cristo se tornou Rei? Ele afirmou sua realeza pela Cruz. " Regnavit a ligno Deus." Jesus Cristo reinou pela madeira da Cruz. Porque Ele venceu o pecado, venceu o diabo e venceu a morte pela Cruz: três magníficas vitórias de Nosso Senhor. Se dirá que isso é triunfalismo. Bem, se assim for; sim, nós queremos o triumfalismo de Nosso Senhor Jesus Cristo…

Na hora de minha morte, quando Nosso Senhor me perguntar o que foi feito com as benevolências de meu sacerdócio, não quero ouvir da boca d'Ele: vós contribuístes, aliados á outros, para destruição da Igreja.

http://www.cfnews.org/lefebvre-bsh-sp01.htm

27/09/2009

E se...


...E se quaisquer discussões a serem mantidas entre Roma e a Fraternidade São Pio X parecerem encaminhar a um "acordo prático" não-doutrinal entre as duas, então todos os católicos que desejam salvar suas almas teriam que estudar o "acordo" cuidadosamente - especialmente nas letras miúdas - para ver quem seria, no futuro, o líder ou líderes, e seus sucessores, da FSSPX aprovada por Roma.

Ele receberia qualquer título que agradasse a ambas as partes: "Superior Geral" ou "Prelado Pessoal" ou "Senhor Alto Executivo" (um personagem de nobre posto e título) - o nome não seria importante. Crucial seria quem tomasse as decisões; e quem apontaria quem tomaria essas decisões? Seria escolhido pelo Papa ou pela Congregação do Clero, ou por qualquer autoridade Romana, ou continuaria a ser escolhido independentemente de Roma no interior da FSSPX como é hoje, por uma eleição a cada doze anos por meio de 40 padres líderes da Fraternidade (sendo a próxima eleição em 2018)? E mais: que "acordo" aceitaria Roma se não lhe garantisse o controle sobre a eleição da liderança da FSSPX?

A História da Igreja Católica está entulhada de exemplos de lutas entre os amigos e os inimigos de Deus - Normalmente Igreja e Estado respectivamente, mas não mais! - pelo controle da escolha dos bispos Católicos. Pois como qualquer amigo ou inimigo inteligente da Igreja sabem, os bispos são a chave de seu futuro. (Como Monsenhor Lefebvre costumava dizer, em desafio de toda a bobajada democrática de hoje, são os bispos que formam o povo Católico e não o povo que forma os bispos.)

Um exemplo clássico desta luta é o Pacto Napoleônico de 1801 pelo qual o então recente Estado Maçônico Francês assegurou que adquiriria um grau significativo de poder sobre a escolha dos bispos da Igreja em França. Prontamente todos os bispos pre-Revolucionários que eram Católicos demais foram retirados, e a Igreja estava então seguramente em seu caminho rumo a Vaticano II. Similarmente, quando em 1905 os Maçons romperam a união do Estado Francês com a Igreja, para melhor persegui-la, o heróico Papa Pio X aproveitou-se de sua indesejada nova independência do Estado para escolher, e em pessoa consagrar, um simples punhado de nove bispos, mas seu Catolicismo viril assustou tanto os maçons que, tão logo morto Pio X, apressaram-se em renegociar uma certa reunião da Igreja com o Estado, se ao menos eles pudessem recuperar o controle da escolha dos bispos Franceses - e Vaticano II retornou aos trilhos.

O padrão foi repetido em 1988 quando a fé e coragem heróicas de Monsenhor Lefebvre sozinho salvaram a FSSPX consagrando quatro bispos independentemente da explícita desaprovação da Roma Conciliar. As mesmas raposas Conciliares podem agora "recuar" com o objetivo de reganhar o controle dos quatro "patinhos feios" da FSSPX, e seus potenciais sucessores independentes - patinhos dão um apetitoso bocado para raposas! Deus abençoe Pe. Schmidberger e Dom Fellay, e todos os seus sucessores que manterão independência Católica pelo tempo em que Roma estiver fora de seu juízo Católico!


Kyrie Eleison.

Londres, Inglaterra

21/09/2009

Dom Williamson e as discussões difíceis (Parte III)


Duas objeções ao próprio princípio da Fraternidade São Pio X entrando, possivelmente em breve, nas discussões doutrinais com as autoridades da Igreja em Roma, ajudam a enquadrar a natureza, propósito e limitações de tais discussões. A primeira objeção diz que a Doutrina Católica não é para ser discutida. A segunda diz que nenhum Católico pode presumir discutir com representantes do Papa em pé de igualdade. Ambas as objeções aplicam-se em circunstâncias normais, mas as de hoje não são normais.

Quanto a primeira objeção, é claro que a imutável e imutada doutrina Católica não é discutível. O problema é que o Vaticano II empreendeu mudá-la. Por exemplo, pode, ou deve um Estado Católico tolerar a prática pública de falsas religiões? A Tradição Católica diz "pode", mas apenas para evitar um mal maior ou alcançar um bem maior. O Vaticano II diz "deve", em todas as circunstâncias. Mas se Jesus Cristo é reconhecivelmente o Deus encarnado, então nada além de "pode" é verdadeiro. Pelo contrário, se "deve" é verdadeiro, então Jesus Cristo não pode ser necessariamente reconhecível como Deus. O "pode" e o "deve" estão distantes como ser Jesus Cristo Deus por divina natureza ou por escolha humana; ou seja, entre Jesus ser, ou não ser, objetivamente, Deus!

Ainda que as autoridades Romanas afirmem que a Doutrina do Vaticano II não representa ruptura com o dogma Católico, mas sim seu desenvolvimento contínuo. A menos, então - tomara Deus que não!-- que a FSSPX abandone também o dogma Católico, ela não discutirá com essas autoridades se Jesus é Deus, não se trata de por em discussão a doutrina Católica, mas sim esperar persuadir quaisquer Romanos com ouvidos abertos que a doutrina do Vaticano II é gravemente contraposta à doutrina Católica. A esse respeito, mesmo que o sucesso da FSSPX se mostrasse mínimo, ainda se consideraria que fora seu dever dar testemunho da Verdade.

Mas os Romanos podem replicar: "Nós representamos o Papa. Como ousam presumir uma discussão conosco?" É a segunda objeção e para todos aqueles que pensam que a Roma Conciliar está na Verdade, a objeção parece válida. Mas é a Verdade que faz Roma e não Roma que faz a Verdade. Nosso Senhor mesmo repetidamente declara no Evangelho de S. João que sua doutrina não é sua mas de Seu Pai(Ex. Jo. 7, 16). Mas se a Doutrina Católica não compete a Jesus mudar, quão menos competirá a seu Vigário mudar, i.e., o Papa! Se então o Papa, por seu livre-arbítrio dado por Deus, escolhe se apartar da Doutrina Católica, no tocante a essa medida ele depôs seu status de Papa e nesse tocante apenas -- ele continua o Papa -- ele se coloca e/ou seus representantes abaixo de quem permanecer fiel à Doutrina do Divino Mestre.

Portanto o mesmo status na discussão com o Papa reside na medida em que ele se aparta da Verdade, qualquer Católico a assume, sendo fiel à Fé. Como de maneira célebre disse uma vez Monsenhor Lefebvre diante das Autoridades Romanas que o interrogavam por sua dissensão com o Papa Paulo VI, "Eu que devia estar interrogando vocês!" Defender a Verdade de Deus Pai é o orgulho e a humildade, a vocação e a glória da pequena FSSPX do Arcebispo. Se as discussões com Roma significarem o menor perigo que seja da FSSPX ser infiel à sua vocação, então não deveria haver discussões.

Kyrie Eleison.

Londres, Inglaterra

07/09/2009

Agradecimento do Bispo Tissier de Malerais as "Letters from Rector" (Cartas do Reitor) de Bispo Richard Williamson

Ecône 20 de Agosto de 2009

Caro Sr. Heiner, Sua Excelência o Bispo Richard Williamson mandou alguém emitir-me o quarto volume de sua "Letters from the Rector" que você publicou, e eu tenho que agradecer-lhe por esta nova publicação da coluna do meu estimado Bispo.

Eu comecei minha leitura com o poema ao fim do livro, aonde Sua Excelência escreveu "one and twenty years" nos EUA, de onde saiu "nos gemidos e lágrimas" , mas em quais igualmente ecoou e exultou, "Eu retornarei, ordenarei e confirmarei! Que isto seja verdadeiro!

Os quatro Volumes das Cartas de Ridgefield e de Winona fazem os leitores de hoje um espectador de quarenta anos da história da Igreja, quarenta anos em que a Igreja foi movida e sacudida como nunca. Elas ajudam-no a ver as coisas à luz de Cristo Rei, e a pesá-las no contrapeso da Verdade Eterna, d'Ele que disse, " Eu sou a Verdade" (Jn. XI: 6).

O leitor sente compelido a descobrir como a Santa Igreja de Deus, após ser creditada com o Divino Depósito a ser mantido sagrado e a ser apresentado fielmente aos homens "depositum sancte custodiendum et fideliter exponendum" (Vaticano I, Decreto Pastor Eternus), conseguiu, por uma permissão inescrutável do Céu, deixar este Santo Depósito nas mãos ímpias dos proponentes da " Igreja" do homem, que tem, obviamente, se escravizado ao liberalismo opressivo e submetido às mentiras do oficialismo: "(...)Qui nititur mendaciis, hic pascit ventos;
idem autem ipse sequitur aves volantes. "(Prov. X: 4).


Graças á Deus que a mente ereta, olhos sãos e o santo pensamento do nosso Reitor Episcopal são uma luz na escuridão. Sua Excelência não somente foi um forte defensor da Verdade de Deus, mas igualmente foi um advogado persuasivo da verdadeira masculinidade e da sã feminidade, que são pertencentes ao Cristianismo. Baseado nesses dois fatos, com a graça de Deus, ajudou a regenerar duas gerações de homens e mulheres cristãs, que reconstruíram uma Cristandade íntegra, em uma pequena escala talvez, mas com uma grande esperança que se encontra na Igreja, na patronagem das grandes famílias, em numerosas escolas e no corajoso compromisso cívico de homens cristãos a aplicar os princípios da Realeza política de Nosso Senhor Jesus Cristo à vida real.

Assim, então, nos despedimos, Vossa Excelência, com lágrimas nos olhos e com o coração pesado! No entanto " Sursum Corda"; elevemos nossos corações, os corações dos reconstrutores da Cidade de Deus!

Leitores, lêem e apreciem! Comece pelo primeiro ou último destes quatro volumes, e nas palavras da escritura, "Que teus olhos vejam de frente e que tua vista perceba o que há diante de ti! Examina o caminho onde colocas os pés e que sejam sempre retos! " (Prov. IV: 25, 26).

Caro Sr. Heiner, que você seja eternamente recompensado por seu trabalho!

Fielmente seu em Cristo Rei,

+Bernard Tissier de Mallerais

06/09/2009

Dom Williamson e as discussões difíceis

Discussões difíceis (Parte I)

Do Bispo Tissier de Mallerais falando em Paris, ouvimos os termos fixados para as discussões doutrinais que darão lugar entre a Fraternidade Sacerdotal São Pio X e as autoridades da Igreja em Roma. As discussões serão por escrito, o que é sábio, a medida que há menos espaço para a paixão e mais tempo para pensar. Também não serão feitas em público, uma provisão com que melhor elimina a "torcida" para ambas as partes, por outro lado é saber jogar enquanto público, porque lá não haverá público presente.

De Roma ouvimos que o impulso ao entendimento Roma-FSSPX gerado pela "recomunhão" dos quatros bispos da FSSPX em Janeiro pelo o Papa, foi seriamente interrompida pela a desconfiança gerada pela a mídia no tumulto de Janeiro a Fevereiro, tumulto no qual eu fui designado a termina-lo. Ainda subjetivamente falando, existe evidentemente uma boa vontade por parte do Papa em relação a FSSPX, e não má vontade por parte da FSSPX em relação a pessoa do Santo Padre.

O problema para essas discussões é que, objetivamente falando, como em qualquer uma das partes pode haver uma certa relutância em admitir, nós estamos na presença de uma irreconciliável batalha entre a religião de Deus e a religião do homem. O Vaticano II é o misto dos dois, onde predomina a religião do homem. Digamos que Bento XVI quer combinar o Vaticano II com a Tradição Católica. Que é ainda a religião do homem por um quarto. Suponhamos agora que a FSSPX e Bento XVI estão de acordo em chegar a metade do caminho com as duas. Ainda representaria uma oitava da religião do homem misturada com sete oitavas da religião de Deus, que aos efeitos de Deus Altissímo seria ainda um predominante oitavo.

Porque assim como se leva uma pequena desprorpocionalidade entre a água misturada a um tanque cheio de gasolina (ou petróleo) para evitar a morte de um motor de carro, então leva uma pequena mistura de idolatria para evitar a morte da verdadeira religião de Deus. O Senhor Deus nos diz, Ele é um Deus ciumento (Exod. XX, 5; etc.), e não tolerará nenhum deus falso ao Seu lado. Ninguém na FSSPX poderá ser tentado a cultuar com os neo-modernistas, como qualquer neo-modernista poderá desejar cultuar com os católicos. O Profeta Elias no Antigo Testamento disse a hesitação dos israelitas, "Quão distante vós estareis dos dois lados? Se é o Senhor Deus, seguem-O: mas se for Baal, no entanto seguem-o." Escritura (III Reis, XVIII, 21) e continua , "O povo não respondeu uma palavra".

Subjetivamente, os israelitas querem estar dos dois lados. Objetivamente, isso é impossivel. Para nós também. Kyrie Eleison.


Discussões Difíceis (Parte II)

Qual o melhor resultado que se pode esperar, e qual o pior que se deve temer, das "discussões doutrinais" que em teoria começarão entre a Igreja majoritária a Fraternidade São Pio X este outono em Roma? Na prática a separação doutrinal entre o Conciliarismo e o Catolicismo da Fraternidade é tão fundamental (podem ou não podem 2 mais 2 darem 4 e também 5?) que as "discussões" podem nem mesmo começar. Entretanto, supondo que os representantes sentem-se dos dois lados da mesma mesa, o que se pode esperar?

Salvo por um estupendo milagre de Deus, não há, humanamente falando, esperança de forma nenhuma de que os Romanos abandonem sua devoção a Vaticano II, de que o Concílio cuja letra mistura a religião de Deus e a do homem enquanto que seu espírito é definitivamente a religião do homem. Por mais de 40 anos o clero controlando a Igreja foi possuído pela convicção de que a Religião de Deus precisa ser adaptada ao homem moderno, e nada indica que eles estejam prestes a abandonar coletivamente sua "combinazione" mortal, muito pelo contrário. Vejam, por exemplo, a última Encíclica do Papa, "Caridade na Verdade".

Portanto o máximo que se pode esperar da parte dos Romanos é que um punhado dentre eles reagirá positivamente à Verdade Católica posta diante deles pela FSSPX, provavelmente de forma privada -- possam eles salvar suas almas! Da parte da FSSPX, na melhor das hipóteses, ela terá dado testemunho da Verdade na instância mais alta da Igreja onde isso mais importa, e mesmo que isto nesse alto foro faça pouco ou nenhum bem aparente, ainda assim pode-se esperar que um relato franco das discussões apresentado posteriormente a todos os Católicos de boa-vontade pode reforçar o apego à doutrina através da qual Católicos são Católicos, e fortalecer seu senso comum Católico de que, naturalmente e sobrenaturalmente, 2 mais 2 são 4 e nada mais.

O que se poderia temer, por outro lado, é que a primazia da doutrina seja borrada pelos feitiços do outono Romano. "Quem se deita com cachorros romanos levanta com pulgas púrpuras", diz um provérbio (inventado por um amigo). A tentação para a FSSPX, especialmente se Roma acenar tanto o açoite de outra condenação como a cenoura de reconhecimento diante do nariz de um jumento ainda açoitado, será planar sobre o abismo doutrinal e assentar-se sobre algum tipo de "acordo prático"; através do qual a FSSPX, desde já muito grata a Bento XVI, receberia status jurídico dentro da Igreja burocrática em troca da concordância (ainda que tácita) de parar de atacar seu Conciliarismo.

Entretanto, tal entendimento seria o começo do fim. O fim não da defesa da Fé, mas do fim da defesa da Fé feita pela FSSPX; pois como sabia o comunismo à moda antiga sabia, nunca se deve enfrentar Católicos em doutrina, onde os Católicos são mais fortes. Ao invés, sua estratégia era propor algum tipo de acordo prático pelo qual os Católicos passariam por sobre a doutrina e apenas cooperariam em ação com os comunistas. Como o Comunismo sempre soube, o resto viria depois...

Kyrie Eleison.

Londres, Inglaterra

20/08/2009

Ajuda á um amigo da Tradição

Fiquei sabendo, através do http://intribulationepatientes.wordpress.com/ , que um amigo da Tradição anda precisando de ajuda.

Façamos nossa parte e ajudemos. Primariamente com orações dispensadas á ele e sua família, mas também com qualquer ajuda financeira e/ou material.

Eis o blog para a ajuda:

http://obrigadoatodos.blogspot.com

15/08/2009

Notificação concernente às mulheres que vestem roupas de homem [1]


Notificação concernente às mulheres que vestem roupas de homem[1]

Giuseppe Cardial Siri

Genova, 12 Junho de 1960

Ao Reverendo Clero,

A todas as Religiosas professoras

Aos queridos filhos da Ação Católica,

Aos educadores que desejam seguir verdadeiramente a Doutrina Cristã[2]

I. O primeiro sinal da nossa primavera tardia indica certo aumento, este ano, do uso das vestes masculinas por mulheres, jovens e até mesmo por mães de família. Até 1959, em Genova, este tipo de veste significava que a pessoa era uma turista, mas agora parece que há um número significativo de garotas e mulheres da mesma Genova que escolhem, ao menos em viagens de lazer, vestir calças de homem.

A evolução deste comportamento nos obriga a refletir seriamente, e nós pedimos a quem esta notificação vai dirigida dar toda a atenção que este problema merece, como é próprio das pessoas que estão conscientes de ser responsáveis frente a Deus.

Nós pretendemos acima de tudo fazer um juízo moral equilibrado sobre o uso de roupas masculinas pelas mulheres. De fato nossa reflexão só pode estar fundamentada sobre a questão moral[3].

Em primeiro lugar, quando a questão é cobrir o corpo feminino, não se pode dizer que o uso de roupas masculinas pelas mulheres seja uma grave ofensa contra a modéstia, pois as calças certamente cobrem mais do corpo da mulher que as saias das mulheres modernas.

No entanto, as vestes para serem modestas não necessitam apenas cobrir o corpo, e tampouco devem estar coladas ao corpo[4]. É verdade que muitas roupas femininas colam mais do que muitas calças, mas as calças podem ser feitas para apertarem mais, e de fato geralmente apertam. Por isso, este tipo de roupa, colada ao corpo, nos dão a mesma preocupação quanto às roupas que expõem o corpo. Então a imodéstia das calças masculinas no corpo feminino é um aspecto do problema que não pode ser deixado sem uma observação geral sobre elas, ainda que não deva ser superficialmente exagerado também.

II. No entanto, outro aspecto das mulheres vestindo calças nos parece ser o mais grave[5]. O uso de vestes masculinas por parte das mulheres afeta primeiramente à própria mulher, causado pela mudança da psicologia feminina própria da mulher; em segundo lugar afeta a mulher como esposa do seu marido, por tender a viciar a relação entres os sexos; e em terceiro lugar como mãe de suas crianças, ferindo sua dignidade ante seus olhos. Cada um destes pontos deverá ser cuidadosamente considerado:


A. A Roupa Masculina Muda a Psicologia da Mulher


Na verdade, o motivo que leva a mulher a usar roupa de homem é o de imitar, e não somente isso, mas o de competir com o homem, que é considerado o mais forte, mais livre, mais independente. Esta motivação mostra claramente que a roupa masculina é a ajuda visível para trazer uma atitude mental de ser “igual ao homem”[6]. Em segundo lugar, desde que o ser humano existe, a roupa que uma pessoa usa modifica seus gestos, atitudes e o comportamento, a tal ponto que só pelo fato de se usar uma determinada roupa, o vestir chega a impor um estado de ânimo especial em seu interior.

Permita-nos acrescentar que, uma mulher que sempre veste roupas de homem, indica que ela está reagindo à sua feminilidade como se fosse algo inferior, quando na verdade é só diversidade. A perversão de sua psicologia é claramente evidente.[7]

Estas razões, somadas com muitas outras, são suficientes para nos alertar o quão equivocado elas são conduzidas a pensar ao se vestir com roupas de homens.


B. A Roupa Masculina Tende a Corromper as Relações entre as Mulheres e os Homens

Na verdade, com o passar dos anos e conforme as relações entre os sexos se desenvolvem, um instinto mútuo de atração predomina. A base essencial desta atração é a diversidade entre os sexos, que é possível somente pela sua complementaridade ou completando um ao outro. Se esta “diversidade” se torna menos óbvia porque um de seus maiores sinais externos é eliminado, e porque a estrutura psicológica normal é enfraquecida, o que resulta é a alteração de um fator fundamental na relação.

O problema é ainda mais profundo. A atração mútua entre os sexos é precedida tanto naturalmente, quanto em relação ao tempo, por um sentido de pudor que freia os instintos que surgem, lhes impõe respeito, e tende a elevar o nível de mútua estima e temor saudável, impedindo que todos aqueles instintos possam levar a atos descontrolados. Mudar a roupa, que por sua diversidade revela e assegura os limites da natureza e da defesa, é anular a distinção e ajudar a destruir o trabalho de defesa vital do sentido de vergonha.

É, no mínimo, impedir este sentido. E quando o sentido de vergonha é impedido de colocar os freios, as relações entre homem e mulher se afundam em degradação e puro sensualismo, separadas de todo respeito mútuo ou estima.

A experiência esta aí para nos dizer que quando a mulher é desfeminilizada, as defesas são destruídas e as fraquezas aumentadas.[8]

C. A Roupa Masculina Fere a Dignidade da Mãe ante os olhos de Suas Crianças

Toda criança têm um instinto pelo sentido de dignidade e decoro de sua mãe. Uma análise da primeira crise interior das crianças, quando elas despertam para a vida ao seu redor, mesmo antes delas entrarem na adolescência, mostra o quanto vale para elas o sentido de suas mães. As crianças são sumamente sensíveis a esta idade. Os adultos geralmente deixaram isso de lado e não pensam mais sobre isso. Mas fazemos bem em recordar as demandas severas que as crianças instintivamente fazem a sua própria mãe, e a profundas e até terríveis reações que nelas se afloram pela observação dos seus maus comportamentos. Grande parte do futuro é traçada aqui – e não para melhor – nestes precoces dramas durante a infância.

A criança pode não saber a definição de exposição, de frivolidade ou infidelidade, mas possui um sentido instintivo que reconhece quando essas coisas acontecem, sofre com elas, e é amargamente ferida por elas em suas almas.

III. Vamos pensar seriamente em tudo o que foi dito até agora, mesmo que a aparência da mulher com roupas masculinas não faça surgir imediatamente tudo aquilo causado por uma grave imodéstia.

A mudança da psicologia feminina gera um dano crucial e, ao longo dos anos, torna-se irreparável à família, à fidelidade conjugal, às afeições e à sociedade humana[9]. É verdade que os resultados de se vestir roupas impróprias não podem ser vistos todos a curto prazo. Mas devemos pensar no que está sendo devagar e articuladamente destruído, despedaçado, pervertido.

Se a psicologia feminina é mudada, existe alguma reciprocidade imaginável mudada entre marido e mulher? Ou, existe alguma autêntica educação de crianças imaginável, que é tão delicada no seu proceder, entrelaçada de fatores imponderáveis, na qual a intuição e instinto da mãe cumpram um papel decisivo nessa idade tão delicada? O que estas mulheres serão capazes de dar a suas crianças, tendo usado calças durante tanto tempo e com sua alta-estima determinada mais por sua competição com os homens do que por seu papel como mulher?

Perguntamo-nos porque, desde que o homem existe – ou melhor, desde que ele se tornou civilizado: por quê tem sido o homem, em todos os tempos e lugares, irresistivelmente levado a fazer a diferenciada divisão entre as funções dos dois sexos? Não temos aqui um testemunho exato para o reconhecimento, por toda a humanidade, de uma verdade e de uma lei acima do homem?

Para resumir, quando uma mulher veste roupas de homem, deve ser considerado um fator, a longo prazo, da desintegração da ordem humana.

IV. A consequência lógica de tudo o que foi apresentado aqui é que qualquer pessoa, em uma posição de responsabilidade, deveria estar possuída por um sentido de alarme no significado verdadeiro e próprio da palavra, um severo e decisivo alarme[10].

Nós dirigimos uma grave advertência aos sacerdotes das paróquias, a todos os sacerdotes em geral e a confessores em particular, aos membros de qualquer tipo de associação, a todos os religiosos, a todas as irmãs, especialmente as irmãs educadoras.

Nós os convidamos a que tomem plena consciência deste problema de forma que atuem em seguida. Essa conscientização é o que importa. Ela irá sugerir a ação adequada no tempo certo. Mas não permitamos que nos aconselhe a ceder ante uma inevitável mudança, como se estivéssemos confrontados por uma evolução natural da humanidade, e daí por diante!

Pessoas vêm e vão, porque Deus deixou espaço suficiente para o início e fim do livre arbítrio do homem. No entanto, as linhas essenciais da natureza e as não menos substanciais linhas da Eterna Lei, nunca mudaram, não estão mudando agora e nunca irão mudar. Existem limites além dos quais uma pessoa pode ir tão longe o quanto queira, mas fazê-lo resulta em morte[11]; há limites os quais fantasias filosóficas vazias menosprezam ou não levam a sério, mas que constituem uma aliança de fatos sólidos e da natureza que punem qualquer um que os ultrapassa. E a história já ensinou suficientemente – com assustadoras provas advindas da vida e da morte de nações, que a conseqüência para todos os violadores deste esquema da “humanidade” é sempre, mais cedo ou mais tarde, uma catástrofe.

A partir da dialética de Hegel em diante, nós temos escutado repetitivamente coisas que não passam de fábulas, e pela força de escutá-las tão freqüentemente, muitas pessoas acabam por se acostumar a elas, mesmo escutando passivamente. Mas a verdade da questão é que Natureza e Verdade, e a Lei baseada em ambas, vão por seu caminho imperturbável, e destroem aos pedaços a idéia dos tolos que, sem justificativa alguma, crêem em mudanças radicais e de longo alcance nessa mesma estrutura do homem.[12]

As consequências de tais violações não são um novo desenho do homem, mas desordens, instabilidades prejudiciais de todos os tipos, a assustadora secura das almas humanas, o grande aumento no número de seres humanos abandonados, levados há muito tempo para longe da vista e da mente humana para viver seu declínio no ócio, na tristeza e na rejeição. Neste naufrágio de eternas regras se encontram famílias destruídas, vidas terminadas antes da hora, corações e casas que se esfriaram, idosos jogados para um lado, jovens intencionalmente depravados e, em última instância, almas em desespero tirando suas próprias vidas. Todas estas ruínas humanas dão testemunho do fato de que a “linha de Deus” não dá espaço, nem admite qualquer adaptação com os sonhos delirantes dos assim chamados filósofos! [13]

V. Já temos dito que aqueles que se dirigem esta Notificação são convidados a tomar o problema que tem adiante como um sério alarme. Eles sabem que devem dizer, começando com os bebês no colo de suas mães.

Eles sabem que sem exagerar ou tornar-se fanáticas, elas precisarão limitar estritamente o quanto elas podem tolerar que as mulheres se vistam como homens com uma regra geral.

Eles sabem que não podem ser tão fracas a ponto de deixar qualquer um fechar os olhos para um costume que está tomando conta e destruindo a base moral de todas as instituições.

Os sacerdotes sabem da direção que devem ter no confessionário, mesmo não tomando toda veste masculina usada por mulher como uma falta grave, devem ser precisos e decisivos.[14]

Todos caridosamente refletirão sobre a necessidade de ter uma frente de ação unida, reforçado por todos os lados, por todos os homens de boa vontade e todas as mentes iluminadas, de forma a criar uma barreira verdadeira para conter a inundação.

Cada um de vocês responsável pelas almas em qualquer situação entende o quão útil é ter como aliados nesta campanha defensiva homens intelectuais e da mídia aliados nesta campanha. A posição tomada pelas indústrias desenhistas de roupa, seus brilhantes estilistas tem uma importância crucial em toda essa questão. O sentido artístico, a elegância e o bom gosto juntos podem encontrar uma solução apropriada e digna para a roupa que a mulher deve usar quando for andar de moto, ou estiver nessa ou naquela atividade física, ou no trabalho. O que importa é preservar a modéstia, junto com o eterno sentido de feminilidade, aquela feminilidade que, mais do que qualquer outra coisa, todas as crianças continuarão a associar com a face de sua mãe.[15]

Nós não negamos que a vida moderna traga problemas e faça requerimentos desconhecidos por nossos avós. Mas afirmamos que existem valores que precisam ser mais protegidos do que experiências passageiras, e que, para todas as pessoas inteligentes, há sempre bom senso e bom gosto o bastante para encontrar soluções dignas e aceitáveis para os problemas que surjam.

Comovidos pela caridade, nós estamos lutando contra uma degradação do homem, contra o ataque sobre aquelas diferenças nas quais descansa a complementaridade entre o homem e a mulher.

Quando vemos uma mulher de calça, nós deveríamos pensar não tanto nela, mas em toda a humanidade, de como será quando todas as mulheres se masculinizem. Ninguém ganhará ao tratar de levar a cabo uma futura época imprecisão, ambigüidade, imperfeição e, em uma palavra, monstruosidades[16].

Esta nossa carta não é dirigida ao público, mas àqueles responsáveis pelas almas, pela educação, por Associações Católicas. Que façam seu dever, e que não sejam como sentinelas que foram apanhadas dormindo no seu posto enquanto o mal penetrava sorrateiramente.

Giuseppe Cardinal Siri
Arcebispo de Genova

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[1] A tradução da Nota do Cardeal foi feita por Daniel Pinheiro e Julie Maria da Nota em inglês, que aparece como anexo do livro “Dressing with Dignity”, de Colleen Hammond, Editora TAN. Todas as notas abaixo foram escritas pela Colleen H.

[2] No final da Nota do Cardeal, ele explica que ela não é dirigida ao público em geral, mas apenas indiretamente, através dos líderes católicos citados acima. No entanto, isso foi em 1960, quando a Igreja ainda tinha um quadro de líderes. Em 1977, aqueles capazes de responder, por sua Fé, à instrução do Cardeal estão dispersos entre o grande público, aos quais sua instrução é adequadamente difundida.

[3] O Cardeal elimina muitas objeções quando ele nos recorda desde qual ponto de vista ele nos falará: como um mestre de Fé e moral. Quem pode negar com razoabilidade que a roupa (especialmente a feminina, mas não só ela) envolve a moral e por isso a salvação das almas?

[4] Calça jeans são praticamente universais. Quantos jeans para a mulher não são apertados?

[5] Calças são piores que mini-saias, disse o Bispo de Castro Mayer, porque enquanto as mini-saias atacam os sentidos, as calças atacam a mais alta faculdade do homem, a mente. O Cardeal Siri explica em profundidade o por quê disso.

[6] Quando a mulher deseja ser igual ao homem (as feministas têm mais desdenho da feminilidade que qualquer um, disse alguém), resta ao homem fazer a mulher ser orgulhar de ser mulher.

[7] O enorme aumento, desde 1960, na prática e na exibição pública de vícios contra a natureza deve ser certamente atribuído em parte pela perversão desta psicologia.

[8] Quando uma mulher é feminina, ela tem a força que Deus lhe deu. Quando ela é desfeminilizada, ela só tem a força que ela dá a si mesma.

[9] Para um exemplo deste dano, veja a relação entre os sexos tal como é mostrada no Rock, por exemplo, como através da letra inclusa, The Wall, músicas 6, 9, 10, 11.

[10] Em 1997 (e em 2009, acrescentamos hoje*) podemos dizer que o Cardeal estava exagerando?

[11] Toda grande obra e literatura é testemunha desta estrutura moral do universo, que se viola à custa de grandes danos, e que faz parte da ordem natural como sua mesma estrutura física. Os poemas de Shakespeare são exemplos famosos. O Cardeal aqui está no cerne da questão.

[12] Tem-se dito, Deus perdoa sempre, o homem algumas vezes, a natureza nunca.

[13] O Cardeal não está apenas se permitindo uma retórica. Para um exemplo de “ruínas humanas” veja a versão resumida da miséria de Pink Floyd na letra inclusa. (Não está inclusa aqui – Webmaster).

[14] Quanta sabedoria e quanto equilíbrio em todas estas conclusões aparentemente severas!

[15] Em outras palavras, a feminilidade da mãe, não de Eva.

[16] Em 1997 todos vemos ao nosso redor a era de monstruosidade, a qual em 1960 o Cardeal estava fazendo seu melhor para prevenir. No próprio país do Cardeal, a Itália, a taxa de natalidade tem sido a menor da Europa! O Cardeal não foi ouvido por eles. Será ele ouvido agora? Pink Floyd tem o problema. O Cardeal Siri tem a resposta.

http://juliemaria.wordpress.com/2009/03/26/notificacao-concernente-as-mulheres-que-vestem-roupas-de-homem/#comment-937

13/07/2009

Entrevista com Vossa Excelência Bispo Richard Williamson (Junho 2009 - Inglaterra) PARTE II

http://truerestoration.blogspot.com/2009/07/video-interview-with-bishop-richard_10.html

08/07/2009

Entrevista com Vossa Excelência Bispo Richard Williamson (Junho 2009 - Inglaterra)

Eis o link para a fonte da entrevista:

http://truerestoration.blogspot.com/2009/07/video-interview-with-bishop-richard.html

Esta é somente a primeira parte da entrevista, com duração de 1h:39m; a segunda parte estará disponível nas próximas semanas.







28/05/2009

Pecados da Língua

A difamação traz consigo um amontoado de males: ela deprava qualquer um que a ouve, causa o difamador ser considerado um caluniador, produzindo assim ódio aos que estão ao seu redor.

Deus fixou um enorme peso á esse pecado: a obrigação de restaurar a reputação do próximo. Estas palavras a seguirem, de Santo Agostinho, são verdadeiras tanto para difamação, como para dinheiro:

"Non dimittitur peccatum, nisi restituatur ablatum".

"Sem restauração não há perdão".

(St. Augustine, Epistle 65, Ad Macedoniae.)


É um princípio comum entre os teólogos (St. Tomás de Aquino Suma Parte II, Seção II, Questão 62, Artigo 2.) que a restauração da reputação do próximo é obrigatória não somente para aqueles que revelam um crime imaginário, mas também para aqueles que revelam um verdadeiro (mas secreto) crime. Eles são supostos a retornarem pelo menos uma compensação equivalente; eles devem esta compensação pelo detrimento não só de suas próprias reputações, como também de suas vidas. Juntamente com a reputação do próximo, eles terão que reparar todos os danos produzidos, mesmo se o que eles tiverem revelado seja verídico. Nesse caso, como o que eles dizem é verdadeiro, a reparação não deverá ser feita dizendo que eles mentiram, e sim que eles estavam fofocando, detratando.

Ainda que fosse somente pela incoveniência de ser obrigado a reparar a reputação do próximo, a fofoca, a calúnia e a detratação, deveriam ser evitadas como uma praga. Quão dolorido ter que retratar o que você disse e passar pela vergonha de tal restauração! É fácil retornar um ítem de vestuário, uma quantidade de dinheiro ou propriedade pessoal injustamente adquiridas; existem mil maneiras de como fazê-las. Mas restaurar uma reputação, que fardo!



A gravidade desse pecado consiste precisamente na dificuldade de repará-lo. Quando uma opinião é revelada, ela se espalha rapidamente por vários lugares, passando por cidades e até impérios, e com isso, pessoas desconhecidas adquirem um triste (falso ou secreto) e desnecessário conhecimento. Mas se você tenta louvar alguém que previamente denegriu, você está perdendo seu tempo. Pois o que você disse criou uma forte raíz e muitas pessoas tomaram conhecimento do que foi dito previamente.

As pessoas acreditam primeiramente nos males;
Mas quando se trata da bondade,
É ver para crer. (La Fontaine)

Mas você diria, "Fofoca e difamação estão em todos os lugares e ninguém restaura;
coisa alguma."
Ah, este é precisamente o mal que eu deploro! Você pensa que nossos piores hábitos podem justificar nossos vícios? Só porque "todo mundo faz", isso lhe daria o direito de também fazer? O vasto número de tolos não faz a tolice ser louvável. Além do mais, é falso dizer que reputações nunca são reparadas. Eu preferiria pensar que elas somente ocorrem raramente. Mas admitirei que quando ocorre alguma reparação, ela é tão vagarosa, tão tarda, tão imperfeita!

Quão raro é para alguém retornar o tanto que roubou. Cegos como somos, preferimos adiar tudo para o tribunal supremo e esperar a vingança do Senhor. Muitas pessoas são obrigadas a restaurar após a morte o que elas não repararam durante a vida terrena.

São Vicente Férrer foi um dos mais notáveis Irmãos na família espiritual de São Domingos. Ele conversava tão eloquentemente que inúmeras pessoas vinham vê-lo pregar; Papa Calixto III assegurou que sua memória ficaria para sempre. Um dia São Vicente estava pregando no dever de reparar a reputação do próximo. O respeito que é de direito desse grande homem obriga-me a citá-lo textualmente:

"A pessoa que maliciosamente rouba a reputação de seu próximo é obrigada a restaurá-la no mesmo nível daqueles que roubam. Se o que você disse é secreto, mesmo sendo verdadeiro, você é obrigado a restaurar suas reputações. Caso contrário você não irá para o céu.

'Mas como posso restaurar isso?' você pode se perguntar. Você deverá contar á todos que estavam presente quando caluniou ou detratou o próximo para que não acreditem em você, que você detratou ou caluniou o próximo por maldade. Se a pessoa que você difamou tem conhecimento do ocorrido, você tem o dever de pedir perdão, etc. Muitos são condenados por tais difamações porque as palavras passam e nós esquecemos que dissemo-las, eles não tem escrúpulos sobre elas e nunca pensam em confessá-las."


São Vicente Férrer adiciona ainda, "Se alguém negligencia a fazer enquanto vivo, após a morte ele será obrigado, independente de si mesmo, a satisfazer para aqueles que ainda sobrevivem." Ele confirma seu ensinamento com a seguinte história:

"Dois homens haviam ultrajado a reputação de certa pessoa. Um deles morreu e o outro continuava vivo, assim como a pessoa ultrajada. O homem morto continuava nas chamas do purgatório. Após sua libertação, mas antes de ser admitido no céu, ele foi recomendado a reparar completamente a reputação da pessoa que ele havia denegrido quando vivo. Eu sei que é verdade que essa alma tenha voltado para esse mundo porque eu sou a pessoa difamada, foi a mim que ele veio para pedir perdão."

Ó Deus, se a reputação é uma coisa tão frágil e delicada, por que não tememos adquirir obrigações que nós devemos cumprir mesmo após a morte? "É eterna, Senhor, vossa palavra, tão estável como o céu. Vossa verdade dura de geração em geração, tão estável como a terra que criastes. Tudo subsiste perpetuamente pelos vossos decretos, porque o universo vos é sujeito." (Salmos 131: 89-91)

Portanto, a boa reputação não é para ser desprezada, pois ela é especialmente necessária para cumprirmos nossos deveres públicos. E por isso, também, se faz necessário restaurar a reputação alheia se roubamos-a de má fé, mais necessário até que a restauração de dinheiro.

Pecados da língua, Fr. Bélet. Editions Magnificat - St. Jovite

20/05/2009

Vestuário e comportamento apropriados para mulheres católicas


Roupa apropriada para mulheres católicas


A mulher não se vestirá de homem, nem o homem se vestirá de mulher: aquele que o fizer será abominável diante do Senhor, seu Deus." (Deuteronômio 22:5).

"Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus. (Mateus 5:17-19).



Santo Padre Pio costumava recusar ouvir confissão das mulheres que vestissem calças ou imodestos vestidos.

As mulheres não devem se vestir ou agir como homens, pois isto é uma abominação aos olhos de Deus. Deus criou a raça humana com os dois géneros, pretendendo que cada um tenha seu devido lugar na criação. Os homens e as mulheres não foram feitos para se comportarem ou vestirem da mesma maneira. Parte da beleza humana é encontrada justamente nas diferenças entre homens e mulheres.

Cada um de nós vivemos dentro de uma sociedade maior. Cada um de nós somos influenciados pela cultura ao nosso redor. Contudo, a sociedade e a cultura ensinam-nos frequentemente as coisas falsas, que nos conduzem para longe de Deus. A maioria das mulheres (pelo menos na sociedade e cultura ocidental) vestem e comportam-se muito como homens. Procuram os mesmos papéis na sociedade, na família, e na Igreja. Estão seguindo um ensino popular de nossa cultura atual aonde as mulheres e os homens são feitos para terem os mesmos papéis, em especial que as mulheres passem a cumprir os papéis que, anteriormente, foram feitos somente ou principalmente por homens. Elas estão demonstrando suas aderências a este ensino vestindo-se como homens. Este ensino de nossa cultura é contrário ao ensino de Cristo.

Deus quer que os homens e mulheres atuam e vistam de acordo com seu gênero e lugar dado por Ele na criação. A roupa e os penteados são expressões de seus pensamentos, comportamentos e atitudes. As mulheres não são feitas para comportarem-se como homens, nem para terem os mesmos papéis que eles, conseqüentemente, não se deve vestir ou comportar como homem. E vise-versa.

As mulheres devem usar saias e vestidos; não devem, geralmente, usar calças (embora possa haver alguma exceção para determinados esportes, determinados tipos de trabalho, etc.). As mulheres devem ter o cabelo mais longo do que os homens; o estilo de cabelo de uma mulher deve ser feminino (nem masculino e nem andrógino). As mulheres devem se vestir e comportar de uma maneira feminina, para mostrar que aceitam de Deus o lugar dado á elas na criação, na sociedade, na família e na Igreja.

A modéstia é um assunto á parte. Uma mulher que usa calças modestas, ainda assim, ofende á Deus, não pela falta da modéstia, mas por vestir-se como um homem. Uma mulher que usa uma saia ou vestido imodesto ofende menos á Deus do que a que usa um par de calças modestas. A ofensa do uso das calças de uma mulher é uma ofensa que vai de encontro à ordem que Deus construiu na criação e na humanidade. A ofensa de uma roupa de homem usada por mulher é chamada uma abominação pela Sagrada Escritura. Quando uma mulher se veste e age como um homem, é uma ofensa que vai contra à mesma ordem que Deus constituiu na criação e na natureza humana. Deus fica ainda mais ofendido quando as mulheres se vestem e agem como homens nas Igrejas e durante a Santa Missa.

Pela comparação, quando uma mulher usa uma saia curta ou um vestido apertado, sua ofensa é somente em matéria de grau (a mesma saia, se alongada, pode ser considerada modesta). Tal ofensa não é intrìnsecamente desordenada -- não contradiz nem se revolta contra à ordem fundamental que Deus deu à criação e à humanidade.

Mas a maioria das mulheres, e mesmo a maioria dos homens, não aceitam este ensino. Aceitam-se os ensinos de sua cultura e ignoram os ensinos da Sagrada Escritura. Quando a Igreja ensina uma coisa e sua cultura ensina outra, eles seguem sua cultura ao invés de Cristo.


Sumário de 12 pontos:

1. Primeiramente, roupa masculina e feminina eram distintas durante épocas bíblicas. A passagem de Deuteronômio que os homens não devem se vestir como mulheres e mulheres não devem se vestir como homens deve ter feito sentido aos Israelitas, pois eles viveram as Escrituras antes mesmo delas serem escritas.



2. Em segundo, embora os homens usassem mantos/roupões, os vestidos das mulheres eram distintamente diferentes.



3. Em terceiro lugar, durante a época do Novo Testamento, os soldados romanos usavam calças, portanto, as calças eram conhecidas como vestuário exclusivamente masculino.



4. Em quarto, por um tempo muito longo na Igreja, os homens usaram calças e as mulheres não. Isto havia se estabeleceu dentro da cultura cristã como uma das principais diferenças entre homens e mulheres. Esta diferença "tem sido" (foi) obscurecida somente recentemente.



5. Quinto, Padre Pio não ouviria a confissão das mulheres que usassem calças.



6. Sexto, a passagem de Deuteronômio proíbe especificamente a roupa unisex. Mesmo se alguns ou vários povos em épocas antigas vestiram o mesmos, a Escritura continua sendo verdadeira e deve ser obedecida.



7. Sétimo, a Virgem Maria em suas aparições, sempre está usando vestido, nunca calças. Todas as imagens e estátuas dela, durante toda a história da Igreja, ela sempre usou vestido, nunca calças.



8. Oitavo, ao visitar o Papa ou o Vaticano, as mulheres não são (eram) permitidas a usarem calças. E deveriam usar o véu. Quando George Bush e sua esposa Laura visitaram o Papa recentemente, ela usou tanto um quanto o outro..



9. Nono, alguns grupos protestantes ainda retêm esta introspecção baseados na Escritura, que as mulheres devem vestir de uma maneira feminina, não devem usar calças e devem usar véu ou similares.



10. Décimo, o vestir é uma expressão do comportamento e da obrigação. Mesmo em nossa pecadora sociedade, vestir-se ainda é associado com alguns papéis, por exemplo: os policiais, os juízes, as enfermeiras, os padres, as freiras e outros, usam uma roupa particular apropriada e indicativa de seus papéis. E suas roupas são igualmentes um indicador da atitude e comportamento. Por exemplo, as freiras que são obedientes à Igreja gostam de usar o hábito, mas aquelas que são desobedientes, odeiam.


11. O décimo primeiro, os homens e as mulheres são feitos para terem papéis diferentes na Igreja, na família e na sociedade. Os homens e as mulheres são feitos para terem comportamentos diferentes. A roupa é um indicador e uma expressão dessa importante diferença. Sendo assim, a coisa mais importante é o papel e comportamento correto dos homens e mulheres. Esse é o ponto principal da passagem da Escritura.



12. Décimo segundo, quando uma mulher desiste de usar calças, se esforçando para se vestir de uma maneira que satisfaça Cristo e Maria, mesmo que a cultura em torno dela lhe diga de outra maneira, ela será abençoada por Deus e suas orações serão respondidas.




Fonte: Catholicplanet.com



Já dizia Irmã Lúcia em Fátima: Virão certas modas que ofenderão Nosso Senhor... Portanto, mudemos nossas condutas e eduquemos nossos filhos segundo o ensino tradicional Católico.

14/05/2009

Planejamento familiar? E o dito "natural"?

É imprecionante como muitos dos Católicos, mesmo os Tradicionais, conseguem ser enganados nesse quesito da concepção que, para mim, parece ser um de suma importância para que Cristo Rei volte a ser posto no lugar merecido, ou seja, acima das nações, sociedades e famílias. Deus é o Criador, e nós, apenas os colaboradores das concepções, tenhamos isso em mente, sempre!

A Europa, outrora baluarte do Catolicismo, morre aos poucos e um grande culpado disso chama-se anti-concepção. Católicos com mais de dois filhos na Europa já viraram raridade (o Brasil não parece estar muito diferente dessa média). Enquanto isso, testemunhamos os idólatras islamitas crescendo assustadoramente no velho continente, eles não praticam anti-concepção, assim como nossos antepassados, seja ela dita "natural" ou não.

Se voltarmos poucas décadas atrás, constataremos que nossos antepassados e os antepassados de nossos antepassados, não praticavam a anti-concepção e/ou o "planejamento familiar", salvo as raras exceções aonde se praticavam, por motivos graves, a verdadeira continência sexual, aonde se abstinham do prazer se quisessem abster da responsabilidade do fim primário da matrimônio que é a procriação e educação (educação básica e religiosa, e não a educação na Harvard é bom lembrar) da prole.

O que os coordenadores e advogados da mentalidade do "planejamento" pregam como "continência periódica" hoje em dia, não passa de uma desculpa esfarrapada, hipócrita e anti-católica. A "continência" deles consiste em procurar saber os períodos mais prováveis de uma eventual concepção para, nesses específicos dias, não praticarem suas relações sexuais a fim de não terem que aguentar o "fardo" (pois já se foi o tempo em que os filhos eram tidos como bençãos) de se ter uma criança, é a luxúria em sua mais velada forma, do jeito que o diabo gosta! É o prazer desligado da responsabilidade! É o fim primário do matrimônio sendo nivelado e/ou ultrapassado pelos secundários!



Desde quando burlar uma Lei de Deus pode ser considerado uma continência?!?!

Intitular isso como "continência" seria o mesmo que atribuir a mim uma virtude de jejum diário, que duraria mais ou menos de 11 da noite ás 7 da manhã, por exemplo.

Santo Agostinho , On Marriage and Concupiscence (Book I)
Chapter V
, já nos ensinava que: "A união, então, do 'homem e da mulher' com o propósito da criação é o bem natural do casamento. Mas fazem um mau uso deste bem os que usam-no bestialmente, aonde sua intenção é a gratificação da luxúria, ao invés do desejo de uma nova vida.

The union, then, of male and female for the purpose of procreation is the natural good of marriage. But he makes a bad use of this good who uses it bestially, so that his intention is on the gratification of lust, instead of the desire of offspring.


http://www.newadvent.org/fathers/15071.htm

A Encíclica Casti Connubii (Casamento Cristão) do Papa Pio XI deixa claro que não existe circunstância em que o casal não possa, com a graça de Deus, cumprir fielmente sua obrigação de manter seu casamento santo.

Ainda assim alguns neo-conservadores insistem em fazer uma leitura míope da Encíclica supracitada. Eis a parte da Casti Connubiii (60) que eles interpretaram como um livre exame para escolher quem deve ou não vir á esse mundo.

"A Santa Igreja também sabe perfeitamente que frequentemente um dos cônjuges sofre o pecado mais do que comete, quando, por motivo verdadeiramente grave, admite a perversão da reta ordem, o que não consente e por isso não é culpado, contanto que, neste caso, se lembre da lei da caridade e não deixe de afastar e demover o outro do pecado. Nem se pode dizer que procedem contra a ordem da natureza aqueles cônjuges que usam do modo devido e natural, embora por causas naturais, quer do tempo, quer de certos defeitos, não possa nascer uma nova vida. É que, quer no próprio matrimônio, quer no uso do direito conjugal, há também fins secundários, como são o auxílio mútuo, o fomentar do amor recíproco e o aquietar da concupiscência, que os cônjuges de nenhum modo estão proibidos de intentar, contanto que se respeite sempre a natureza intrínseca do ato e por conseguinte, a sua subordinação ao fim principal."

A razão nos diz o que o Papa quis dizer com essas palavras: Não é errado usar o ato conjugal quando a mulher está grávida, amamentando, na menopausa ou no período estéril do mês (causas naturais do tempo). Depois o Papa ainda se refere a "certos defeitos", que a razão também nos diz ser a esterilidade em algum dos parceiros por uma ou outra razão. Mas isso com certeza não nos dá a permissão para fazer uso do ato conjugal EXCLUSIVAMENTE no período estéril, para EVITAR a concepção! Isso é o que os promotores do "rítimo" tentam erroneamente dizer que foi concedido pelo Papa, direito de se ter a concepção negada e/ou planejada.

Outro documento muito citado é a Humanae Vitae de Paulo VI, apesar dela REAFIRMAR a Doutrina de Sempre em sua primeira parte, aonde reinteraram que cada ato matrimonial deve parmanecer aberto á transmissão da vida, em seguida, na mesma HV, procederam em anular este princípio permitindo/tolerando o rítimo, rítimo esse que, ironicamente, impede a transmissão da vida!

Outra coisa que os neo-conservadores costumam dizer é que a diferença entre o rítimo e os anti-concepcionais (leia-se com química) é que no rítimo eles estão "abertos á vida"... Ora, se eles estão "abertos á vida", por que tanta preocupação com o mucus cervical, calendário, temperatura, etc.???

Será que a grande maioria (inclusive de católicos) que fazem uso dos anti-concepcionais químicos, não estariam "abertos a vida" -CASO- viessem a engravidar???



Esse assunto do rítimo é um dos que maiores hipocrisias geram á Igreja (leia-se homens que nela estão), pois afinal, a razão pela qual a Igreja proíbe o uso do anti-concepcional químico seria pela preocupação com os malefícios que os químicos dos remédios acarretariam as católicas (saúde física); ou seria pelo fim causado de se evitar uma gestação por tais remédios (saúde espiritual)???

Qual a diferença na intenção daqueles que usam métodos anti-concepcionais químicos, e os que usam os métodos ditos naturais?

Pode haver alguma diferença, mas o que é CONCRETO nesse caso é a "INTENÇÃO" de ambos: Evitar a gravidêz! Gravidêz essa que é o fim PRIMÁRIO do matrimônio. E é aí que reside um enorme perigo!

Suponhamos que essa "tolerância" dada pelas pessoas dos Papas seja lícita em CASOS GRAVES, ainda assim não conheço "UM SÓ EXEMPLO" de pessoas que sigam essas regras (demasiadamente abrangentes por sinal), muito pelo contrário. É a ambiguidade e a abertura de brincar de ser Criador nos assolando. A Conferência dos Bispos dos E.U.A quer colocar um curso/ensino do malfadado "planejamento familiar" (NFP) como mandatório aos noivos... Aonde iremos chegar?!?!

E por que digo que mesmo as tais "causas graves" parecem-me mal resolvidas? Vejamos os requerimentos para as tais "causas graves":

a) Consentimento mútuo ou boa vontade dos esposos.

Bom, essa é facilmente encontrada. O que não falta são homens e mulheres que colocam a Lua de Mel prolongada, o dinheiro, a tranquilidade e sombra fresca, a casa de praia, o carro importado, o Totó, o Miau, etc., á frente do fim primário de seus matrimônios.

Ainda assim é provável que ocorra inúmeros outros casos aonde somente um dos cônjuges deseja fazer tal "planejamento". E na grande maioria dos casos, são as mulheres que optam por "planejar", talvez por medo da dor do parto. Dores e angústias essas que Deus prometeu passar após o nascimento da criança, entrando assim, no lugar delas, a alegria de terem trago uma vida ao mundo, de serem mães. (São João 16:21)

b) Possibilidade de observar a continência periódica sem perigo de pecar.

Se hoje em dia, com a enorme falta de moral, especialmente da modéstia, é extremamente difícil não pecar contra o sexto e nono Mandamento sem fazer "continências" (leia-se abstenção no período "perigoso" de se engravidar), imagine então se abrirmos mãos dos nossos direitos matrimoniais?

Ou seja, o perigo de pecar é aumentado substancialmente na vasta maioria dos casos, se não em todos.

c) Uma justificativa ou causa suficiente: médica, eugênica, econômica ou social.

Observando atentamente essa causa(s) acima me indago: Quem nesse mundo não conseguiria se encaixar numa dessas "justificativas" (desculpas), principalmente na econômica e social, quem???

Os casais devem depositar toda sua confiança na Providência de Deus, pois o planejamento D'ele não falha! Ele sim sabe o que é melhor para nossas famílias, para nossa salvação!

Por essa "tolerância" do uso do rítmo ter sido, por vezes, algo "autorizado" por importantes autoridades da Igreja, não garante-nos o caso como encerrado. A infabilidade não foi exercida e a Tradição, assim como nos ensina St. Agostinho, não parece estar de acordo com essas novas concepções, ou seria anti-concepções?

Voltemos a Casti Connubii do Papa Pio IX...

Insídias contra a fecundidade

54. Mas, para tratarmos agora, Veneráveis Irmãos, de cada um dos pontos que se opõem aos diversos bens do matrimônio, falemos primeiro da prole que muitos ousam chamar molesto encargo do casamento e afirmam dever ser evitada cuidadosamente pelos cônjuges, não pela honesta continência (permitida até no matrimônio, pelo consentimento de ambos os cônjuges), mas viciando o ato natural. Alguns reclamam para si esta liberdade criminosa, porque, aborrecendo os cuidados da prole, desejam somente satisfazer a sua voluptuosidade, sem nenhum encargo; outros porque, dizem, não podem observar a continência nem permitir a prole, por causa das dificuldades quer pessoais, quer da mãe, quer da economia doméstica.

Primeiro ponto analisado: Aos que se opõem ao bem do Matrimônio, logo, tratou-se do fim primário, a prole. E na apóstata época que vivemos, podemos perceber com mais facilidade o porque do Papa dizer que muitos ousam chamá-la de molesto encargo, e que a mesma deve ser EVITADA.

Ele cita, também, a honesta continência, aquela que abre mão do privilégio matrimonial (sexo) caso queiram abrir mão do fim primário (prole). Parece que ele previa que inúmeras desonestas "continências" apareceriam... E por isso diz ser um crime e um egoísmo satisfazer suas voluptuosidades e/ou fugir de suas responsabilidades por desculpas como economia doméstica, dificuldade pessoal, da mãe, etc.

55. Mas nenhuma razão, sem dúvida, embora gravíssima, pode tornar conforme com à natureza e honesto aquilo que intrinsecamente é contra a natureza. Sendo o ato conjugal, por sua própria natureza, destinado à geração da prole, aqueles que, exercendo-a, deliberadamente o destituem da sua força e da sua eficácia natural procedem contra a natureza e praticam um ato torpe e intrinsecamente desonesto.

Creio que a necessidade e desejo da mulher estar mais apta a receber carícias e amor exatamente nos dias em que ela se encontra fértil nos mostra a intenção de Deus e, portanto, também da natureza em tal aptidão.

56. Não admira pois que, segundo atesta a Sagrada Escritura, a Majestade divina odeie sumamente este nefando crime e algumas vezes o tenha castigado com a morte, como recorda Santo Agostinho: “Ainda com a mulher legítima, o ato matrimonial é ilícito e desonesto quando se evita a concepção da prole. Assim fazia Onã, filho de Judá, e por isso Deus o matou” (Sto. Agost., De conjug., livro, II n. 12; cf. Gn 38, 8-10.).

http://www.capela.org.br/Magisterio/conubii2.htm

Agora, se checar calendário, tirar temperatura, etc, não for intenção de evitar a concepção da prole, confesso não saber o que poderá vir a ser!

Não é incomum vermos pessoas que já foram adeptas do rítimo (NFP ou PFN) terem remorsos e depressões, assim como as que foram adeptas da pílula anti-concepcional ou até mesmo do aborto.

Mais citações e análises ficarão para um próximo post, até lá, confiemos na Providência Divina quanto ao número de filhos (bençãos) Ele nos enviará.

A.M.D.G

Santa Catarina de Sena, vigéssimo terceiro filho de um humilde casal, rogái por nós!

05/05/2009

Carta do Superior Geral Nº 74 aos amigos e benfeitores

Queridos amigos e benfeitores:


Quando lançamos uma nova cruzada do Rosário com ocasião de nossa peregrinação a Lourdes em outubro passado, não contávamos, certamente, com ma resposta tão rápida do Céu ao nosso pedido. Com efeito, assim como sucedeu com nossa primeira petição, à qual Nª Senhora tinha respondido tão eficazmente por meio do Vigário de Cristo e deu Motu Proprio sobre a Missa tradicional, quis Nª Sra conceder-nos uma segunda graça ainda mais rapidamente: no transcurso de uma visita a Roma em janeiro, quando entreguei o ramalhete de 1.703.000 terços rezados pelas intenções do Sumo Pontífice, recebia das mãos do Cardeal Castrillón Hoyos o decreto de remissão das “excomunhões”.

Tínhamos pedido desde 2001 como sinal de boa vontade da parte do Vaticano para com o movimento tradicional, porque desde o Concílio tudo o que é e quer ser tradicional na Santa Igreja sofre uma perseguição atrás da outra, ato o ponto de negar-lhe o direito de cidadania. Isto, obviamente, destruiu em parte ou completamente a confiança nas autoridades romanas. Enquanto esta confiança não for parcialmente —dizia então— nossas relações seguiriam mínimas.

A confiança não é somente um bom sentimento; é o fruto que nasce naturalmente quando vemos nestas autoridades os pastores que têm em conta o bem de tudo o que chamamos “a Tradição”. E nossos pré-requisitos foram formulados neste sentido.

É impossível, de fato, compreender nossa posição e nossa atitude frente à Santa Sé se não se quer incluir a percepção do estado de crise em que se encontra a Igreja. Não se trata de algo superficial nem de uma visão pessoal. Estamos diante de uma realidade independente de nossa percepção, admitida de vez em quando pelas mesmas autoridades e comprovada muitas vezes pelos fatos. Esta crise tem muitos aspectos, variados, em ocasiões profundas, outras vezes circunstanciais e todos nós a sofremos.

Os fieis se sentem mal impressionados pelas cerimônias da nova liturgia —que com freqüência são escandalosas— e pela pregação habitual, que no campo moral, se ensinam coisas completamente contrárias à doutrina multissecular da Igreja e do exemplo dos Santos. Freqüentemente os pais de família tiveram que comprovar, com enorme dor, a perda da fé de seus filhos confiados a institutos católicos de formação, ou lamentar sua quase total ignorância da doutrina católica por falta de um catecismo sério. Um número incalculável de religiosos, depois das revisões de suas Constituições e da reciclagem post-conciliar, manifesta uma perda do espírito evangélico, em particular do de renúncia, a pobreza e o sacrifício; perda que teve como conseqüência quase imediata uma diminuição tal de vocações que muitas Ordens e Congregações fecham seus conventos um depois do outro ou simplesmente desaparecem. Em muitas dioceses a situação é igualmente dramática.

Tudo o que foi dito constitui uma unidade coerente e não aconteceu por casualidade, mas depois de um concilio que quis ser reformador, adaptando a Igreja ao gosto da época. Somos acusados de ver uma crise onde não há ou de atribuir falsamente a este concilio conseqüências que, a pesar de tudo, são desastrosas, extremadamente graves e que qualquer pessoa pode comprovar, ou ainda de aproveitar esta situação para justificar uma atitude incorreta de rebelião ou de independência.

No entanto, tomemos os textos dos Santos Padres da Igreja, do Magistério, da liturgia, da teologia, ao longo de todos os tempos e acharemos uma unidade à qual aderimos de todo o nosso coração. E esta unidade doutrinal é fortemente contradita pelas linhas de conduta atuais. Nós não inventamos uma ruptura; infelizmente ela existe com clareza. Basta ver o modo como nos tratam alguns episcopados, inclusive depois que retiraram o decreto das excomunhões, para comprovar o quanto é profundo o repúdio dos modernistas diante de tudo o tem sequer uma aparência de Tradição, a tal ponto que é impossível não dar a este repúdio o nome de ruptura com o passado.

Sim, do mesmo modo que nos surpreendemos pela publicação do decreto do dia 21 de janeiro, assim também pela violência da reação dos progressistas e da esquerda em geral contra nós. É verdade que encontraram a desejada oportunidade nas pouco felizes declarações de Dom Willamson e através de uma injusta amalgama, puderam maltratar nossa Fraternidade como um bode expiatório. Na realidade fomos um simples instrumento na luta muito mais importante: a da Igreja, que com razão leva o título de “militante”, contra os espíritos perversos que infestam os ares como diz São Paulo.

Certamente, não hesitamos inserir nossa história na grande história da Igreja, na dessa luta titânica pela salvação das almas já anunciada no Gênesis e descrita de modo cativante no Apocalipse de São João. Com freqüência esta luta se mantêm a nível espiritual, às vezes, passa da esfera dos espíritos e das almas à dos corpos e se transforma em visível, como nas perseguições abertas.

Através do que aconteceu nestes últimos meses é preciso reconhecer um momento mais intenso desta luta. E é muito claro que aquele que está na mira é o Vicário de Cristo, no seu empenho de iniciar uma certa restauração da Igreja. Teme-se por uma aproximação da Cabeça da Igreja e o nosso movimento, teme-se uma perda dos resultados do Vaticano II, e se põem tudo em movimento para neutralizá-la. O que pensa o Papa realmente a este respeito? Onde ele se situa? Os judeus e os progressistas lhe exigem que escolha: ou eles ou nós… a ponto de que a Secretaria de Estado não teve melhor idéia do que pôr como condição necessária para nosso reconhecimento canônico, a aceitação completa do que consideramos como a fonte principal dos problemas atuais e aos quais nos opomos sempre…

Tanto eles como nós estamos obrigados ao juramento antimodernista e submetidos às outras condenações da Igreja. Por isso não aceitamos abordar o Concílio Vaticano II a não ser sob a luz destas declarações solenes (profissões de fé e juramento antimodernista) feitas diante de Deus e da Igreja. E se aparece uma incompatibilidade, então necessariamente o errado são as novidades. Contamos com as discussões doutrinais anunciadas para por estes pontos em evidência o mais profundamente possível.

Aproveitando da nova situação depois do decreto sobre as excomunhões, que não mudou em nada a situação canônica da Fraternidade, muitos bispos tentam impor-nos um círculo quadrado, exigindo uma obediência à letra do Direito Canônico, como se estivéssemos perfeitamente regularizados, quando, ao mesmo tempo, nos declaram canonicamente inexistentes! Um bispo alemão já anunciou que antes do fim do ano a Fraternidade voltará a estar fora da Igreja… Perspectiva encantadora! A única solução possível, além do que é a que tínhamos pedido, é a de uma situação intermediaria, inevitavelmente incompleta e imperfeita a nível canônico, mas que seja aceita como tal, sem jogar no nosso rosto a acusação constante de desobediência e rebeldia, e sem impor-no proibições intoleráveis; porque, a fim de contas, o estado anormal em que se encontra a Igreja e que nós chamamos “estado de necessidade” volta a ser demonstrado pela atitude e palavras de certos bispos em relação ao Papa e a Tradição.

Para aonde caminharão as coisas? Não sabemos. Mantemos nossa proposta de que se aceite a nossa posição atual imperfeita como provisória, abordando finalmente as discussões doutrinais anunciadas e esperando que alcancem bons frutos.

Num caminho tão difícil, diante de oposições tão violentas, lhes pedimos queridos fiéis recorrer à oração mais uma vez. Achamos que é o momento indicado para lança uma ofensiva de maior envergadura, profundamente enraizada na mensagem de Nossa Senhora de Fátima, na que Ela mesma promete um resultado feliz, pois que anunciou que ao final o seu Imaculado Coração triunfará. Nós lhe pedimos este triunfo através dos meios que Ela mesma pediu: a consagração, pelo Pastor Supremo e todos os bispos do mundo católico, de Rússia ao seu Coração Imaculado, e a propagação da devoção ao Seu Coração Doloroso e Imaculado.

Por isso nós queremos Lhe oferecer com este fim, daqui até o dia 25 de março de 2010, um buquê de 12 milhões de terços, como uma coroa de outras tantas estrelas à sua volta, acompanhado de uma suma equivalentemente importante de sacrifícios quotidianos que nós teremos o cuidado de realizá-los principalmente no cumprimento fiel do nosso dever de estado, e com a promessa de propagar a devoção ao seu Coração Imaculado. Ela mesma apresenta isto como o fim das suas aparições em Fátima. Estamos intimamente persuadidos de que se seguimos com atenção o que Ela nos pede, alcançaremos muito mais do que não ousaríamos esperar, e principalmente que nós asseguramos nossa salvação aproveitando das graças que Ela prometeu.


Pedimos, portanto aos nossos padres também um esforço particular para facilitar aos fiéis esta devoção, pondo o acento não somente na comunhão reparadora dos primeiros sábados do mês, mas também movendo os fiéis a viver uma intimidade mais profunda com Nossa Senhora, consagrando-se ao seu Coração Imaculado. Seria conveniente conhecer melhor e aprofundar a espiritualidade do grande arauto da Imaculada, o Padre Maximiliano Kolbe.

Neste ano cumprimos 25 anos da consagração de nossa Fraternidade ao Coração Imaculado. Nós queremos renovar esta feliz iniciativa do Padre Schmidberger pondo aí toda nossa alma e reavivando no nosso coração este espírito. É evidente que não temos a intenção de indicar à Divina Providência o que Ela deveria fazer; mas, nos exemplos dos Santos e da própria Sagrada Escritura vemos que os grandes desejos podem precipitar de maneira impressionante os desígnios de Deus. É com esta audácia que hoje confiamos esta intenção ao Coração Imaculado de Maria, pedindo-Lhe que nos receba a todos sob a sua maternal proteção. Que Deus os abençoe abundantemente!

Na festa da Ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo,

+ Bernard Fellay

Winona, Páscoa de 2009

http://www.fsspx-sudamerica.org/secciones/carta74portu.html