15/06/2016

As três formas de Batismo e a Heresia Fineísta (Padre Feeney)



SOBRE O BATISMO

Santo Afonso Maria de Ligório
Doutor da Igreja

Excerto de sua Teologia Moral,
livro 6, n.os 95-7:


O batismo, portanto, vindo da palavra grega que significa ablução ou imersão n’água, distingue-se em: batismo de água [“fluminis”], de desejo [“flaminis” = vento] e de sangue.

Vamos falar mais adiante do batismo de água, que foi instituído muito provavelmente antes da Paixão de Cristo Senhor, quando Cristo foi batizado por João. Ora, o batismo de desejo é a perfeita conversão a Deus pela contrição ou amor a Deus acima de todas as coisas acompanhado de um desejo explícito ou implícito pelo verdadeiro batismo de água, do qual faz as vezes quanto à remissão da culpa, mas não quanto à impressão do caráter [batismal] nem quanto à remoção de todo o reato da pena. Chama-se “do vento” [“flaminis”] porque ocorre por impulso do Espírito Santo, o Qual é chamado vento [“flamen”]. Ora, que os homens também se salvam por batismo de desejo é de fide, em virtude do cânon Apostolicam, “De presbytero non baptizato”, e do Concílio de Trento, sessão 6, capítulo 4, onde está dito que ninguém pode ser salvo “sem o banho da regeneração ou o desejo dele”.

O batismo de sangue é o derramamento do próprio sangue, isto é, a morte, sofrida pela Fé ou por alguma outra virtude Cristã. Ora, este batismo é comparável ao verdadeiro batismo porque, tal como o batismo verdadeiro, aquele redime ambas a culpa e a pena como que ex opere operato. Digo como que, porque o martírio não age por uma causalidade tão estrita [“non ita stricte”] quanto os sacramentos, mas antes por um certo privilégio por conta da semelhança dele com a Paixão de Cristo. Daí que o martírio beneficia também às criancinhas, visto que a Igreja venera os Santos Inocentes como verdadeiros mártires. Por isso Suarez corretamente ensina que a opinião contrária [i.e. a opinião de que as criancinhas não sejam capazes de se beneficiar do batismo de sangue – JSD] é no mínimo temerária. Nos adultos, todavia, a aceitação do martírio é necessária, no mínimo habitualmente, por um motivo sobrenatural.

Claro está que o martírio não é um sacramento, porque não é uma ação instituída por Cristo, e por essa mesma razão, tampouco o batismo de João foi sacramento: ele não santificou os homens, mas somente os preparou para a vinda de Cristo.
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TRACTATUS II.
De Baptismo, & Confirmatione.

CAPUT I.
De Baptismo.

95 Quomodo distinguitur Baptismus?
96 De Baptismo Flaminis.
97 De Baptismo Sanguinis. …

95. …Baptismus igitur ex voce græca, quæ significat ablutionem, sive immersionem in aquam, distinguitur in Baptismum fluminis, flaminis, & sanguinis.

96. Infra dicemus de Baptismo fluminis, qui valde probabiliter cum S. Thom. 3.p. qu.66. art.2. Salm. De Bapt. cap. 1. n. 25. Mag. Sent. Sot. Vasq. &c. fuit institutus ante Passionem Christi Domini, tempore quo Christus baptizatus est a Joanne. Baptismus autem flaminis est perfecta conversio ad Deum per contritionem, vel amorem Dei super omnia, cum voto explicito, vel implicito veri Baptismi fluminis, cujus vicem supplet (juxta Trid. sess. 14. c. 4..) quoad culpæ remissionem, non autem quoad characterem imprimendum, nec quoad tollendum omnem reatum pœnæ: Dicitur flaminis, quia fit per impulsum Spiritus Sancti, qui flamen nuncupatur. Ita Viva de Bapt. qu.2.art. 1. num. 2. Salm. cap. 1. n. 2. cum Suar. Vasq. Val. Croix l.6. p. 1. num. 244. & alii. De Fide autem est per Baptismum flaminis homines etiam salvari, ex cap. Apostolicam. De Presb. non bapt. & Trid. sess. 6. cap. 4. Ubi dicitur neminem salvari poste sine lavacro regenerationis, aut ejus voto. Vide Petroc. pag. 142. quæst. 6.

97. Baptismus vero sanguinis est sanguinis effusio, seu mors tolerata pro Fide, aut pro alia virtute Christiana, ut docet S. Thom. 2. 2. qu. 124. art. 5. Viva loc. cit. num. 2. Croix, l.6. p. 1. num. 232. cum Avers. Gob. &c. Hic autem Baptismus æquiparatur vero Baptismo, quia quasi ex opere operato ad instar Baptismi remittit culpam & pœnam: Dicitur quasi, quia Martyrium non ita stricte operatur sicut Sacramenta, sed ex quodam privilegio ratione imitationis Passionis Christi, ut dicunt Bell. Suar. Sot. Cajet. &c. ap. Croix num.238. & fuse Petrocor. tom. 3. cap. 2. qu. 3. Ideo Martyrium prodest etiam infantibus, dum Ecclesia SS. Innocentes prout veros Martyres colit. Hinc bene docet Suar. cum aliis apud Croix num. 232. oppositum saltem temerarium. In Adultis autem requiritur acceptatio Martyrii, saltem habitualiter ex motivo supernaturali, ut Coninch. Cajet. Suar. Bon. & Croix num. 231. contra Viva num. 5. qui nullam requirit acceptationem.

Patet autem Martyrium non esse Sacramentum , quia Martyrium non est actio instituta a Christo; Et ideo nec etiam fuit Sacramentum Baptismus Joannis, qui non sanctificabat hominem, sed tantum præparabat ad Christi adventum. Viva loc. cit. num. 3.



DOSSIÊ CONTRA A HERESIA
“FEENEY-ISTA” [FINEÍSTA],
“DOS IRMÃOS DIMOND”


No Blogue Acies Ordinata



“nem haja entre vós um certo orgulho de livre exame, próprio de mentalidade heterodoxa antes que católica, em virtude do qual não se hesita em avocar ao critério do próprio juízo pessoal o que vem da Sé Apostólica”

(Papa PIO XII. Alocução “Vos omnes”, 10 Set. 1957,
AAS 49 (1957) 806s., cf. transcrição em: “wp.me/pw2MJ-2DC”).



• J. C. FENTON, O Papa Pio XII e o Tratado De Ecclesia (1958) wp.me/pw2MJ-2yg

• Sto. AFONSO DE LIGÓRIO, Sobre o Batismo (excerto da sua Teol. Moral, l. VI, n.os 95-97) (séc. XVIII) wp.me/pw2MJ-2DH

• J. S. DALY, A Grande Controvérsia sobre a Graça e o Livre Arbítrio(2007) wp.me/pw2MJ-2AO

• __________, Princípios da Controvérsia Católica Expostos e Aplicados aos Escritos dos Irmãos Dimond (199-/2006) wp.me/pw2MJ-7h

• __________, Extra Ecclesiam Nulla Salus — Fora da Igreja Não Há Salvação. Breve Exposição do Dogma, Precedida de Carta a um Feeney-ista (~1987/2006) wp.me/pw2MJ-ov#EENS

• __________, O Dogma Católico do Batismo de Desejo e o Caso das Crianças Mortas sem Batismo (2007) wp.me/pw2MJ-1Yr

• Supr. Sagr. Congr. do SANTO OFÍCIO, Carta Suprema Haec Sacra (8-VIII-1949), cit. na íntegra em: H. BELMONT, Por Que e Como o Santo Ofício Fulminou com Excomunhão, em 13 Fev. 1953, o Pe. Leonardo Feeney (2014), wp.me/pw2MJ-2np

• H. BELMONT, Um Novo Desembarque Corruptor da Fé (2014) wp.me/pw2MJ-2nx

• __________, Fora da Igreja Não Há Salvação (1980) wp.me/pw2MJ-2lS

• Oncle ARMAND, A Sagrada Eucaristia e o Neojansenismo (2011) wp.me/pw2MJ-Mn

• B. LUCIEN, “A Antiga e Constante Doutrina da Igreja” (1984) wp.me/pw2MJ-2iI

• A. CEKADA, O Batismo de Desejo e os Princípios Teológicos(2000) wp.me/pw2MJ-B

• __________, A Excomunhão do Pe. Feeney Foi Duvidosa? (1995) wp.me/pw2MJ-1Zj

• B. HARRISON, Carta de 15 Out. 2014 ao Editor de The Remnantsobre uma doutrina condenada pela Igreja e ali promovida por John Salza (2014) wp.me/pw2MJ-2uC

• R. GARRIGOU-LAGRANGE, Pré-mística Natural e Mística Sobrenatural (Roma, 1933) wp.me/pw2MJ-2gn

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