01/01/2009

A Lógica da Caridade e Prudência: A verdadeira face de Arcebispo Lefebvre






"Como que um sucessor de Pedro pode em tão pouco tempo ter feito mais estrago á Igreja do que a Revolução de 1789?... Temos realmente um Papa ou um intruso na Cátedra de Pedro? Benditos são aqueles que viveram e morreram sem terem tido que fazer tal indagação!"
Esta é a questão que Arcebispo Marcel Lefebvre expôs na Cor Unum, no Boletim interno da Sociedade, no dia 8 de Novembro de 1979. É pertecente (referente) á Paulo VI -assim como já havia sido no "ardente verão" de 1976- mas irá em breve também pertencer (referir) á João Paulo II: "Como é que pode, dada as promessas de assistência por Nosso Senhor á Seu Vigário, deixar que este mesmo possa ao mesmo tempo, através de si próprio ou de outros, corromper a fé dos que creêm?"

Alguns dizem que [Paulo VI] pronuncia heresias, ele promulgou a liberddade religiosa e assinou o sétimo artigo do Novus Ordo Missae. Agora, um herege não pode ser Papa, logo, ele não é Papa, e assim, obediência não lhe é devida. Essa é uma simples e confortável lógica baseada na opinião teológica que autores teológicos mantiveram no abstrato. Mas alguém pode, praticamente falando, sustentar a heresia formal de um Papa? Quem terá autoridade para isso? Quem dará os avisos necessários á um Papa que poderá ser reconhecido? Essa linha de raciocínio, na prática, coloca a Igreja numa situação inexplicável. Quem nos dirá aonde o futuro Papa estará? Como ele pode ser designado já que o Papa "não é Papa", e portanto, não há mais Cardeais? "Esse espírito é um espírito cismático". Ademais, "a visibilidade da Igreja é bastante necessária para que Deus omita-a num curso de várias décadas".
Para a "lógica teórica" do Pe. Guérard des Lauries, Arcebispo Lefebvre prefere "uma sabedoria superior: a lógica da caridade e da prudência."

Um dia, talvez daqui uns trinta ou quarenta anos, uma seção de Cardeais convocados pelo Papa estudará e julgará o reinado de Paulo VI, talvez eles dirão que algumas coisas devem ter feito 'saltar os olhos' dos seus contemporâneos, afirmações desse Papa que foram totalmente contrárias a Tradicão. Eu prefiro no momento considerar como Papa aquele que, pelo menos, se encontra sentado no trono de Pedro, e se algum dia for descoberto com certeza que este Papa não era Papa, ainda assim terei cumprido com minha obrigação. Exceto os casos que ele faz uso do carisma da infabilidade, o Papa pode errar. Por que então deveríamos nos escandalizar e dizer, "logo ele não é Papa", assim como Ário se escandalizou com as humilhações sofridas por Nosso Senhor que disse em sua Paixão "Meu Senhor, por que me abandonastes?" e raciocinaram, "logo ele não é Deus!"

Nós não sabemos até que ponto um Papa, "levado por sabe-se lá qual espírito, qual treinamento, sujeito a quais pressões ou por negligência", leva a Igreja a perder a fé, mas "nós reconhecemos os fatos. Eu prefiro partir deste princípio: nós temos que defender nossa fé, nisso, é nosso dever não admitir sequer uma sombra de dúvida."




Marcel Lefebvre:Une Vie, by Bishop Bernard Tissier de Mallerais [Etampes: Clovis, 2002], pp. 533-535

Nenhum comentário: