A acupuntura, como a maioria dessas terapias “alternativas” de origem oriental, na verdade, fundamenta-se no dualismo do ser: é o chamado Ying e Yang, representado pela famosa circunferência dividida ao meio, cada metade de uma cor, preta ou branca, com um ponto da cor inversa. Esse é o símbolo de uma doutrina que prega que o ser e o não-ser coexistem, assim como o tudo e o nada. Em outras palavras: os contrários são iguais.
Inventa-se uma série de detalhes sobre essa doutrina, mas, no fundo, o que ela prega é que o ser vive uma eterna luta interna e metafísica entre os contrários, entre o Ying e o Yang, entre o preto e o branco, entre o forte e o delicado, entre o doce e o amargo, entre a dor e o prazer, etc. E essa luta é dinamicamente equilibrada.
Dessa luta interna entre Yings e Yangs nascem as doenças: quando há desequilíbrios entre essa dualidade. Assim, se uma pessoa sofre dores em determinados órgãos, é porque o caráter Ying superou o Yang ou vice-versa (ou vice-vice-versa...). Nesse caso, utiliza-se de meios não usuais na medicina ocidental, como exercícios de relaxamento, pseudomeditações – que na verdade são transes místicos em que se omite a razão --, mantras e métodos de acupuntura, que estimulam aspectos contrários, até retomar o equilíbrio.
As doenças também seriam, na verdade, um problema metafísico e moral humanos e não diretamente uma invasão viral ou um câncer. A micose e a gastrite são apenas estágios mais ou menos avançados desse desequilíbrio. Por isso, quando alguém em tratamento fica gripado, os acupunturistas comemoram: é sinal de que a doença anteriormente tratada está sendo expelida e já se encontra mais superficialmente. Diferentemente de uma arteriosclerose, que requer muitas picadas de agulhas, até virar espirro. Brilhante...
Também o corpo humano seria dividido em regiões de fluxo de energia e cada região controla um determinado tipo de órgão, que está vinculado a um tipo de sentimento, um tipo de sabor, um tipo de cor, um tipo de comportamento, etc. Essas divisões, quando postas em um esquema, formam uma estrela de cinco pontas, que representa o homem, típico símbolo a quase todas as seitas esotéricas e místicas - e também de certos partidos políticos...
Mas isso funciona? Os acupunturistas alegam que sim, mas somente com determinados tipos de doenças, do mesmo modo que a homeopatia. A acupuntura não recupera órgãos profundamente lesados, por exemplo.
Ora, o corpo humano é totalmente tomado por feixes de neurônios e, em certos pontos, há gânglios nervosos. É natural que se possa estimulá-los ou desestimulá-los por meio de agulhas. Além disso, há meios de se fazer liberar hormônios a partir de estímulos em certas regiões, que permitem uma alteração fisiológica no organismo capaz de causar sensação de melhora, de cura, de recobrar ânimos, suprimir dores musculares ou mesmo curar por efeito placebo. Também combater certas doenças causadas por vícios de postura ou mal-jeito, apenas com estímulos em nervos, é algo perfeitamente possível.
O que não faz sentido nenhum, racionalmente falando, considerando a realidade natural, é uma agulha na orelha curar uma infecção nos intestinos. Não há uma relação proporcional entre causa e efeito. O efeito é maior que a causa. E isso é magia.
Se alguém é curado pela acupuntura e isso não tem uma explicação razoável, lógica e natural, baseada na realidade, então é magia. E isso não vem de Deus.
O paciente que busca um tratamento assim está disposto a acreditar no Ying e Yang e a mentiram que lhe impuserem. E vai com contradição e tudo, pois o que a pessoa não quer é aceitar a realidade.
É um absurdo dizer que ser e não-ser coexistem. Se ser é o que existe, o não-ser não existe. Logo, toda a doutrina da dualidade ou dialética metafísica é absurda e inválida. E com ela, ficam comprometidas todas as conseqüências que conduzem à medicinas “alternativas”, de cunho místico e esotérico.
Portanto, é uma negação da realidade e, com isso, é um pecado valer-se desses métodos para buscar curas às enfermidades.
Fábio Vanini-ACM
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